Em 2024, os Estados Unidos enviaram para o Brasil 728,5 mil turistas, sendo o segundo país emissor, o que refletiu nos números de visitantes que ingressaram no Parque Nacional do Iguaçu. Foram quase 72 mil americanos, 9.896 canadenses e 8.463 australianos.
Em 2025 esse número prometia ser maior. Somente no primeiro bimestre ingressaram no Parque Nacional 25 mil americanos. Da Austrália vieram 3.060 turistas e do Canadá 3.618.
Porém, desde ontem, dia 10 de abril, o Brasil passou a exigir visto para os turistas destes países para ingresso em território nacional. A medida atende a dois requisitos: o princípio da reciprocidade – EUA, Canadá e Austrália exigem visto dos brasileiros – e a pressão das embaixadas e consulados, cuja manutenção também conta com os valores pagos pelos turistas estrangeiros pela emissão do visto.
O governo anunciou um visto facilitado, que pode ser feito pela internet, através do site eVisa, com taxa de US$ 80, cerca de R$ 479. “O Brasil, de forma geral, vai sentir os efeitos desta ação, mas Iguassu vai sentir ainda mais”, afirmou a diretora Executiva do Visit Iguassu, Elãine Tenerello.
O tamanho do prejuízo, no entanto, o mercado ainda não é capaz de calcular. Mas uma coisa é certa: a medida não conta com a simpatia daqueles que trabalham no setor. “É compreensível que se apliquem regras de reciprocidade em alguns casos, mas aplicar para o turismo não é nada inteligente”, disse o presidente do Sindicato das Empresas de Turismo de Foz (Sindetur) e do Fundo Iguaçu, Fernando Martin.
Ele argumenta que o turismo movimenta bilhões no mundo e que, enquanto os outros países incentivam de muitas formas a entrada de turistas estrangeiros, trazendo divisas e desenvolvimento o Brasil recua. “Uma ação soberana com todo peso de seu significado, faria uma análise política, social e, econômica, antes de decidir por apenas ‘devolver na mesma moeda’. A exigência do visto para estes países representa um atestado de falta de inteligência e falta de estratégia comercial”, opinou Martin.
Dados do setor mostram que os números atuais ainda são inferiores que os pré- pandemia, uma realidade que governos e iniciativa privada vinham trabalhando para mudar. Desde o ano passado o destino contratou uma agência americana especializada para divulgar Foz do Iguaçu para o público americano. “o atraso de um ano para iniciar a cobrança do visto foi benéfico, uma vez que conseguimos criar um melhor posicionamento e, assim, evitarmos um impacto maior”, explicou Elãine. O decreto que institui a cobrança de visto é de 2023, mas só agora foi colocado em prática pelo Governo Federal.
Segundo a diretora do Visit Iguaçu a empresa responsável pela divulgação do destino na terra do presidente Donald Trump, informou que “se o visto for eletrônico e o processo ágil, com valor acessível aos americanos o impacto não será tão ruim, pois os americanos viajam muito e estão acostumados a realizar processos de vistos”, concluiu.