Professores da rede municipal de ensino realizaram um ato no último sábado (22) contra a violência nas escolas. O ato foi motivado pela agressão registrada contra uma professora que atua como coordenadora pedagógica na Escola Municipal Duque de Caxias. A manifestação buscou conscientizar a população que existe outros tipos de violência, além da agressão física, como violência verbal, psicológica, virtual, moral e patrimonial.
“A mensagem que queremos transmitir é que onde a gente busca educação, temos que levar a paz” destacou a presidente do Sindicato dos Professores da Rede Municipal de Ensino (Sinprefi), Viviane Fiorentin Dotto. “O atendimento a criança tem que acontecer na escola com paz, com tranquilidade, com o profissional se sentindo amparado para realizar esse tipo de atendimento” disse. “A comunidade precisa estar do nosso lado para que a gente possa realmente fazer com que a educação aconteça” pontuou Dotto.
Violência patrimonial
Sobre a violência patrimonial, o Diretor da Escola Jorge Amado, professor Luan Afonso Weiler Benini, destacou que somente este ano a escola foi invadida quatro vezes. Segundo ele foram furtados televisores, bolas e torneiras. O diretor salienta que esse tipo de ação atinge diretamente a educação. “Afeta o andamento das atividades na escola, a sensação de segurança dos profissionais, a confiança de estar indo trabalhar em um ambiente seguro, a questão direta do ensino-aprendizagem das crianças porque os familiares sentem a insegurança” afirma.
O diretor também reclamou que a escola tem pouco respaldo da Secretaria Municipal de Educação e Segurança. Segundo ele, desde o início do ano vem pedindo para que a escola conte com um agente patrimonial, principalmente no período noturno, pois a escola oferece a EJA (Educação de Jovens e Adultos). No entanto, somente após um professor ser ameaçado, a Secretaria anunciou a disponibilização do agente.
“Desde janeiro eu venho cobrando e conversando, tanto com a Secretaria de Educação, como de Segurança” relatou. “Foi nos prometido para o início do ano letivo, depois para metade de fevereiro, adiaram para depois do carnaval, e precisou, na semana passada, um professor nosso da EJA ser ameaçado, fazer um boletim de ocorrência e desistir de atender a escola, para que me ligassem essa semana para dizer que o agente patrimonial vai voltar para a escola para ser fixo” relatou o Diretor. “Não se trabalha com a prevenção, tem que esperar acontecer para tomar uma atitude” protestou.
Secretarias
Em nota a Secretaria da Educação (SMED) informou que a escola Jorge Amado está sendo atendida de acordo com o quadro de servidores da Guarda Municipal. “Rondas são realizadas com frequência” diz. Conforme a nota, os episódios da Jorge Amado, são principalmente atos de vandalismos e que, por isso, a comunidade escolar precisa também assumir uma postura de incentivo ao cuidado com a escola, pois os espaços, são para eles mesmos.
A Secretaria de Segurança Pública alega que, no caso específico da escola, está cobrindo diuturnamente com rondas e pontos base (PB) das viaturas de serviço. Ressalta que já foi feito o projeto e orçamento de cercamento eletrônico para o local. Alegam, ainda que o diretor da escola foi orientado pela Secretária de Educação de como minimizar esses problemas. Ficou acordado que a equipe da Secretaria Municipal de Segurança Pública, após adquirido o material por parte da SMED, dará todo o suporte técnico para a instalação e funcionamento do monitoramento e da segurança eletrônica.
De quem é a culpa?
Para o diretor, o posicionamento tenta lançar a culpa pelos atos de vandalismo para a escola. “Algumas vezes nós até fomos indagados do tipo: o que a escola fez para isso acontecer? Como se a culpa do vidro ser quebrado, da lâmpada ser quebrada, da torneira ser roubada, fosse da escola, quando na verdade não é culpa da escola, é culpa da vulnerabilidade que existe naquele ambiente” rebateu o diretor. “Nós estamos vulneráveis no atendimento a comunidade, estamos vulneráveis quanto ao patrimônio, é uma sensação de insegurança por todos os lados dentro da comunidade escolar” finaliza.
Escola Duque de Caxias
A Diretora da Escola Duque de Caxias, Rosiney Braz de Oliveira Matias, onde o ato de violência contra a professora foi registrado, também esteve na manifestação. Ela relatou que os profissionais estão se sentindo muito inseguros. “Gerou uma insegurança muito grande, tudo a gente se preocupa, até telefonemas estamos tendo todo o cuidado para responder, carros que param em frente a escola a gente já fica atenta, e essa insegurança atrapalha todo o atendimento da escola” disse.
Ela informou que a escola precisou alterar todo o protocolo de atendimento e recebimento dos alunos. “Redobramos os cuidados, os portões estão trancados, mudamos o acesso das crianças, os pais deixam as crianças no portão da lateral, e depois entram em outro portão para acessar a escola, pedimos para a comunidade que só as crianças entrem, qualquer outro pedido, somente a secretaria que irá atender” explicou. A diretora informou que a professora agredida está bastante abalada, pegou um atestado de 15 dias e permanece afastada das atividades.
Segundo diretora, foi pedido a presença da Guarda Municipal na escola, o que foi atendido na primeira semana. Mas ela pontua que nos últimos três dias o agentes não estão mais no local. “Eles estiveram conosco na primeira semana, essa semana já percebemos que eles não estão lá, a gente sabe toda a dificuldade que eles tem, também são poucos profissionais, a gente entende que na medida do possível vão dar o suporte que precisamos” destacou.