Começou às 10h25 de terça-feira (11), o júri popular de Jorge Guaranho, ex-policial penal que matou o guarda municipal Marcelo Arruda em 2022. No primeiro dia quatro testemunhas foram ouvidas, a viúva de Arruda, Pâmela Suellen da Silva, a vigilante Daniele Lima dos Santos, Wolfgang Vaz Neitzel, amigo de Arruda, e a Perita Denise de Oliveira Carneiro Berejuk.
Uma das teses sustentadas pela defesa, é a de legítima defesa, pois, segundo Guaranho, quando ele chegou no local, Arruda já estava com a arma apontada para ele. De acordo com o assistente de acusação, o advogado Rogério Botelho, o depoimento da perita minou esta tese.
“A Dra. Denise, de forma contundente, disse que o Marcelo estava apontando a arma quando Guaranho chegou porque já era visto que ele era uma ameaça, porque é nítido nos vídeos que as pessoas correram quando viram o Guaranho, tentaram se esconder, só com a presença do Guaranho, o que mostra que Guaranho era uma ameaça evidente, mesmo que Arruda tivesse sacado a arma primeiro, ele estava apontando para uma ameaça” relatou.
Para o Dr. Rogério, os advogados de Guaranho mudaram a estratégia após o depoimento da Perita. “Desde segunda-feira (10) nós percebemos uma mudança na estratégia da defesa, porque o Jorge Guaranho começou a dar entrevista, dizendo que lamenta, que sente muito, que ele jamais teve a intenção de matar, e até então ele dizia que não lembrava de nada, quer dizer, mostra uma mudança de tese de defesa, eu acredito que eles devem abaixar a guarda com relação a legítima defesa e vão tentar um privilégio, como violenta emoção” comentou Botelho.
Defesa
A Rádio Cultura questionou um dos advogados de defesa do ex-policial penal, Dr. Anderson André Miranda, sobre qual seria a estratégia. Porém, ele disse espera demonstrar aos jurados o que está nos autos, e alegou que houve narrativas de cunho político que não são condizentes com a realidade dos fatos.
Primeiro dia
A primeira a falar foi Pâmela Silva, viúva de Marcelo Arruda. Muito emocionada, ela relatou o impacto da tragédia em sua vida e na de sua filha, que na época do crime tinha apenas 40 dias.
Segundo Pâmela, a festa de aniversário do marido se transformou em um velório, e o trauma a impediu de vivenciar plenamente a maternidade no primeiro ano de vida da criança.
Uma das testemunhas ouvidas foi uma vigilante que estava próxima ao local do crime. Ela afirmou ter ouvido Jorge Guaranho gritar “Aqui é Bolsonaro”, seguido de um palavrão.
A testemunha também relatou que sofreu ameaças após o ocorrido, mas que as intimidações nunca foram investigadas.
Segundo dia
Nesta quarta, o primeiro depoimento previsto é o de Edemir Alexandre Riquelme Gonsalves, amigo de Marcelo Arruda. Além dele, ainda faltam ser ouvidos:
- Alexandre José dos Santos, amigo de Marcelo Arruda que participava da festa;
- Francielle Sales da Silva, esposa de Garanho, que esteve com ele na primeira ida ao local onde acontecia a festa de Arruda e afirmou que o marido gritou “Bolsonaro mito!”;
- Marcelo Adriano Ferreira;
- Márcio Jacob Muller Murback, amigo de Guaranho que tinha acesso às imagens das câmeras de segurança da associação onde ocorria a festa de Arruda;
- Perito Rodrigo Cavalcanti de Oliveira Neves
- Pertia Simone Cristina Malysz
O réu, Jorge Guaranho, será o último a ser ouvido. Só após isso é que o júri vai para a fase chamada de quesitação, quando os jurados serão questionados se condenam ou absolvem o réu.
O júri popular é presidido pela juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler, magistrada da Vara Privativa do Tribunal do Júri do Foro Central de Curitiba.
A Justiça afirma que o júri de Jorge Guaranho pode se estender até a quinta-feira (13).