Acostumados a utilizar o reservatório da Itaipu para a prática de esportes, os atletas e paratletas do Instituto Meninos do Lago tiveram uma atividade diferente nas águas. No Canal da Piracema, dentro da usina, eles fizeram a marcação e soltura de 226 pacus, dentro do programa de monitoramento da migração de peixes da binacional.
Foram 150 participantes, entre crianças, jovens e adultos de diversas modalidades. O objetivo da atividade foi mostrar na prática a importância da conservação da biodiversidade. A bióloga da Divisão de Reservatório da Itaipu, Caroline Henn, falou também sobre peixes que podem ser encontrados no lago, como morenitas e piranhas, e informou como se proteger de acidentes com arraias.
“Os atletas vêm para o Canal da Piracema para a prática do esporte, mas o Canal, desde a sua origem, tem a finalidade da migração de peixes. Então, é legal que conheçam esse outro lado e se integrem ao processo, se sintam parte dessa questão ambiental, ao marcarem e soltarem seu próprio pacu”, afirma Henn.
Para os atletas, foi uma atividade que uniu aprendizado e diversão. O treinador do Meninos do Lago, Angel Cardozo, achou empolgante entender mais sobre como o espaço funciona, e sobre as espécies que vivem ali. “Aprendemos qual a função ambiental do Canal também, além do esporte. E o pessoal gostou bastante, porque, além de ser um conhecimento importante, é algo diferente.”
Valeriano Silvério da Silva Neto, atleta da paracanoagem há quatro anos, foi o primeiro a marcar um peixe. “Foi uma experiência muito especial, fazer a marcação, e é muito satisfatório saber que eu ajudei um pouquinho, porque o peixe que eu marquei aqui poderá ser monitorado pelo pessoal da Itaipu”, afirmou.
“Gostei muito de marcar o peixe, foi a primeira vez que fiz algo assim”, disse Sara da Rosa, também atleta de paracanoagem. “Mas o que eu mais gostei foi aprender mais sobre as arraias. Eu não sabia que elas tinham ferrão”, contou.
Maicon Júnior dos Santos, de 11 anos, disse que agora se sente ainda mais um “Menino do Lago”. “Quando eu comecei no Projeto, eu já fiquei muito feliz, porque a Itaipu é muito linda e é muito bom treinar aqui, mas hoje foi muito legal”, afirmou.
O menino também contou que aprendeu sobre a importância de tratar os peixes com cuidado. “Depois de marcar, não pode só jogar o peixe no rio, tem que colocar ele com calma e esperar ele se movimentar no tempo dele”, explicou animado.
Monitoramento
A Itaipu Binacional tem um projeto para monitoramento da migração de peixes desde 1997. O projeto mede os padrões espaço-temporais de dispersão das espécies no reservatório e sua área de influência. De lá para cá, foram 59.471 peixes marcados de 77 espécies, com algumas variações nos tipos de marcações.
Como explica Caroline Henn, essa é uma prática necessária para entender o comportamento da biodiversidade após a construção da Usina. “As hidrelétricas são conhecidas por causarem alterações nos ambientes, então é importante a gente estudar de que forma as espécies reagem a essa mudança, ao longo do tempo”, disse.
Atualmente, são usados dois tipos de marcação: uma externa, nas costas do peixe, e um microchip interno. O microchip permite um rastreamento mais detalhado dos peixes, enquanto a marca externa ajuda a saber, caso o animal seja pescado, quanto tempo ele levou para ser recapturado e até onde nadou.
Por ser mais visível o microchip, a marca facilita que pescadores reconheçam que o peixe que pescaram foi marcado pela Binacional. “O pescador que ajuda no projeto, informando que encontrou um peixe marcado, recebe um brinde. É uma maneira de agradecer e também estimular que nos comuniquem, já que esses relatos ajudam muito no projeto de monitoramento”, finaliza a bióloga.
Entre as opções de brinde para quem entra em contato relatando ter pescado um peixe marcado estão capa de chuva, lanterna, camiseta, tábua de churrasco e bolsa térmica.