O setor do turismo paranaense apoia a legalização dos cassinos e dos jogos de azar, conforme o projeto de lei aprovado no último dia 19 pela CCJ (Comissão de Constituição de Justiça) do Senado. O presidente da Câmara Alta, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) disse que não há pressa em colocá-lo em votação no plenário, o que deve ocorrer depois do recesso de julho. Já o presidente Lula (PT) garantiu que vai sancioná-lo em caso de aprovação da proposta pelos senadores.
A reportagem conversou com representantes das entidades e autoridades do setor . O secretário estadual Márcio Nunes (Turismo) não se pronunciou por não estar inteirado do assunto e o secretário municipal da pasta, André Alliana, vê impacto negativo à atividade em Foz do Iguaçu.
Pelo projeto aprovado, serão liberados os cassinos em polos turísticos ou em resorts e hotéis com pelo menos 100 quartos, além de restaurantes, bares e locais para reuniões e eventos culturais. Será apenas uma concessão por estado, com exceção de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas e Pará.
Abav e Abrasel
O presidente da Abav-PR, João Alceu Rigon Filho, disse que do ponto de vista de negócios para o turismo, os cassinos podem ser uma oportunidade de novo atrativo para os destinos, gerando mais empregos e renda para o setor. “Pegando o exemplo da lei das apostas esportivas, que deu o primeiro passo para a regulamentação no Brasil, e colocou as regras do jogo para o segmento, bem como a tributação e demais normas. Nos cassinos, precisa haver algo semelhante para a atividade ser bem organizada”, avaliou.
Porém, atenta Rigon Filho, vale considerar o aspecto social muito complexo e delicado em relação às apostas. “Ficam em aberto para discussão as questões sobre a capacidade das pessoas em conhecer seus limites e não apostar além do saudável, do entretenimento e do esporte”, disse. “Em paralelo com a regulamentação, é preciso um trabalho social e de conscientização junto ao público apostador que ajude o autocontrole, para evitar os problemas de desequilíbrio financeiro decorrentes de qualquer jogo”, completou.
A mesma preocupação é do presidente da Abrasel do Paraná, Luciano Bartolomeu, que considera importante um trabalho paralelo na sociedade para a cultura das apostas em cassinos. “Os jogos de apostas no ano passado resultaram em R$ 100 milhões em dívidas motivadas pelo impulso e vício. O nosso setor que emprega 250 mil trabalhadores no Paraná e através de pesquisa, identificamos que o dinheiro da aposta por vezes falta para comprar itens básicos. É preciso de um trabalho forte e paralelo”, disse.
“Importante deixar claro que somos a favor da legalização, pois trará para a formalidade esta atividade que já acontece na clandestinidade, sem pagar impostos, muitas vezes ligada à criminosos. Também entendemos que bem regulamentada e fiscalizada, a legalização poderá ser muito útil ao turismo das regiões contempladas. A cautela que devemos ter é após aprovação”, completou.
ABIH e SindHoteis
Apesar de não estar inteirado da íntegra da proposta, o presidente da ABIH-PR, Julio Iglesias, disse que é a favor do projeto aprovado no Senado. “Provavelmente abrirá novas vagas de empregos e ,talvez, desenvolvimento para algumas regiões”. O vice-presidente da regional oeste da associação hoteleira, Nilson de Nadai,disse que a aprovação dos cassinos tem apoio da ABIH Nacional e consequentemente da regional. “A implantação de um cassino em Foz do Iguaçu vai ampliar o leque de visitantes para o destino e gerar emprego e renda”, disse,
O presidente do Sindhotéis, Camilo Rorato, acredita que a instalação de cassinos em Foz traz diversos benefícios para o turismo, além de atrair turistas com maior poder aquisitivo, o que resultará em um aumento significativo no faturamento da hotelaria e do comércio em geral, e também geraria novos empregos.
Rorato destaca que a cidade de Foz do Iguaçu já é um importante destino e a implantação de cassinos traz um diferencial competitivo. “Atualmente, muitos brasileiros viajam para países vizinhos em busca de opções de entretenimento e lazer, gastando dinheiro fora do país. Com a oferta de cassinos em Foz do Iguaçu, esses turistas podem permanecer no Brasil e contribuir para o fortalecimento da economia local”.
Feturismo e impacto
Na opinião do presidente da Federação Paranaense de Turismo e diretor da Confederação Nacional de Turismo, Fábio Aguayo,a liberação de cassinos e outros jogos vai fomentar uma nova indústria, gerando milhares de empregos formais, altos investimentos e fortalecerá o turismo no Brasil.
“Temos que ressaltar que os empreendimentos de hospedagem já existentes devem ser também contemplados, pois muitos foram construídos para a possibilidade de ter cassino, área de jogos e poderão se adaptar facilmente e assim dividir o benefício com os novos empreendimentos que serão construídos a partir da nova lei”, apontou Aguayo
Destoando das avaliações positivas, o secretário André Alliana, disse que a tríplice fronteira já conta com cassinos na Argentina e no Paraguai, atraindo muitos turistas. “A abertura de cassinos em outros locais do Brasil pode desviar parte desses turistas, impactando negativamente o fluxo de visitantes para Foz do Iguaçu”.
“É crucial que consideremos esses possíveis efeitos ao planejar a expansão do setor de jogos na cidade que precisará ser ainda mais criativa para continuarmos sendo um diferencial. Nossa principal vantagem é imutável, que é ter muitas outras atratividades que vão além dos jogos”, completou.
Foz do Iguaçu poderá disputar a instalação de um cassino com Curitiba, cidades do litoral ou com grandes empreendimentos hoteleiros nas regiões noroeste e norte do Paraná. A tríplice fronteira tem cinco cassinos em funcionamento em Puerto Iguazú (Argentina) e Ciudad del Este (Paraguai).
Informações: Assessoria