“Discriminação”: comunidade árabe de Foz reclama da fiscalização na fronteira com Porto Iguaçu

Na manhã dessa quarta-feira (29), os vereadores Anice Gazzaoui e Adnan El Sayed falaram para o Jornal da Cultura. Segundo eles, nos últimos dias chegaram reclamações de libaneses que vivem em Foz do Iguaçu, sobre os procedimentos de fiscalização a que foram submetidos na hora de cruzar a fronteira com a Argentina, na Ponte Tancredo Neves.

Souad Tabaja Soueid, uma senhor de 62 anos, disse que estava com uma amiga e o objetivo era ir até Porto Iguaçu, como já fizeram inúmeras vezes. Só que nesta semana o procedimento foi completamente diferente. “Chegamos às 8h05 lá na aduana. Não tinha fila. O rapaz pediu os documentos e que iria demorar uns 15 minutos. Um amigo tinha nos avisado que agora os estrangeiros, ou quem é naturalizado brasileiro, têm todos os dados conferidos. Quanto a isso, não vejo problema, já estamos preparados. Estacionei carro ao lado, para liberar a passagem dos outros veículos. Como se passaram 45 minutos, decidimos saber o que estava acontecendo. Fomos até o local e recebemos a informação que tínhamos de esperar a investigação. Há 20 anos passamos aqui com o mesmo documento e nunca tivemos problema. Ele disse que era por causa da guerra e que estavam cumprindo ordens superiores. Não queremos mais entrar, por favor, devolve os nossos documentos. Ficamos 1h33 esperando ele terminar a investigação. Achei muita humilhação”. disse Souad.

A vereadora Anice Gazzaoui disse que recebeu muitas reclamações da comunidade árabe, principalmente de mulheres. “Pelo simples fato de usarem o véu, o nome de origem árabe, foram abordadas e questionadas. É importante, não só as mulheres, para os homens também, que haja respeito em relação à origem libanesa, a origem árabe dessas pessoas que estão atravessando a fronteira. São pessoas que estão indo para o outro lado para fazer turismo, um passeio. Nós sempre vivemos em harmonia aqui na fronteira. Como presidente da Comissão de Assuntos Fronteiriços, estou pedindo uma reunião no Consulado da Argentina em Foz, porque são brasileiros. Antes de serem de origem árabe, são brasileiros que estão sendo barrados. Queremos entender porque está havendo essa discriminação.

O vereador Adnan El Sayed comentou que já enviou um requerimento para o cônsul argentino em Foz do Iguaçu. “Um requerimento muito respeitoso, pedindo esclarecimentos se isso realmente está acontecendo ou se foi apenas em algum momento. Se existe algum procedimento específico para a fiscalização na fronteira e, se há uma motivação a mais  para descendentes de árabes, que essa é a reclamação. É um questionamento, em primeiro lugar, para entender o que está acontecendo para tomar um posicionamento oficial”.

Entramos em contado com o Cônsul Argentino Alejandro Massucco. “Vou receber os vereadores com o maior prazer e encaminhar os questionamentos para as autoridades competentes. É tudo o que eu posso dizer”.

Também buscamos o setor de migração em Porto Iguaçu, mas sem retorno. Na Polícia Federal, a assessoria informou que não tem nenhum novo protocolo em relação à fronteira, tanto para cruzar para a Argentina como para quem vai para o Paraguai.

 

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