Uma das cidades selecionadas pelo Ministério da Saúde para receber a metodologia, Foz do Iguaçu deu início aos trabalhos para implantação da Wolbachia, com o objetivo de reduzir a transmissão da dengue e outras arboviroses. O método consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam no mosquito, reduzindo assim a transmissão de doenças.
A iniciativa do World Mosquito Program (WMP) é conduzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), com financiamento do Ministério da Saúde e em parceria com a Prefeitura Municipal e Governo do Estado.
As reuniões com a gestão municipal, membros do Comitê de Combate à Dengue, Comus (Conselho Municipal de Saúde), 9ª Regional e demais setores da prefeitura acontecem desde o mês passado e são conduzidas pelos representantes do WMP Brasil/Fiocruz. Durante os encontros, dúvidas sobre o método foram esclarecidas. Também foi apresentado um cronograma de ações. Agora as reuniões seguem em parceria conjunta com saúde e educação para que todos conheçam de perto o projeto.
As liberações dos mosquitos Aedes Aegypti com Wolbachia, os “Wolbitos”, como são chamados, só acontecem depois que uma pesquisa com a população é realizada no município. Agora, com quase 90% de aprovação, o trabalho pode continuar.
A liberação dos Wolbitos está prevista para ser iniciada em julho de 2024. Depois disso, haverá o monitoramento quinzenal e mensal para avaliação dos resultados. O trabalho deve seguir até junho de 2025, inicialmente.
“O Método Wolbachia leva saúde para a população, então a população já é parte natural do processo, conhecer o trabalho e entender como ele funciona é fundamental, porque ele é diferente de outros métodos. O Método Wolbachia é uma novidade porque a gente trabalha soltando os mosquitos. É importante que toda a população saiba como os nossos Wolbitos ajudam a reduzir a transmissão de arboviroses.”, reforça Gabriel Sylvestre, Líder de Operações do WMP Brasil.
Bairros
Os primeiros bairros contemplados são: Porto Meira (Ouro Verde, Profilurb I e II), Campos do Iguaçu, Jardim América, Jardim São Paulo I e II; Morumbi I e III, Porto Belo, Vila C, Cidade Nova, Portal da Foz e Três Lagoas (Lagoa Dourada, Sol de Maio, São João).
Além de Foz do Iguaçu, outras cinco cidades no Brasil foram selecionadas pelo Ministério da Saúde para receber a nova tecnologia em áreas prioritárias de cada uma delas: Londrina (PR), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Natal (RN) e Joinville (SC). A tecnologia já está presente nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói (RJ), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE).
Planejamento
Os próximos passos seguirão com a montagem de uma biofábrica, um laboratório para a produção dos mosquitos com wolbachia em Foz e com capacitações para agentes de saúde (ACEs e ACSs) e educadores, que levarão as informações até os moradores estudantes. Também haverá um trabalho integrado – entre Município, Estado e Fiocruz – de divulgação nas redes sociais e com a imprensa.
Uma pesquisa prévia realizada por agentes de combate às endemias do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) também já foi realizada para verificar o conhecimento da população quanto à tecnologia. Todos os dados levantados seguirão de base para os trabalhos futuros.
“O município vem solicitando adesão ao projeto desde 2019 e no ano passado tivemos a confirmação. Estamos felizes com essa soma de esforços para que o projeto se desenvolva e alcance os objetivos. É importante ressaltarmos que o método é mais uma ferramenta que teremos contra as arboviroses, o que não invalida todas as outras medidas”, explicou a chefe do CCZ, Renata Defante Lopes.
Sobre o Método Wolbachia
O Método Wolbachia consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais e possam gerar uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia. Os Wolbitos, como são chamados, não são transgênicos e não transmitem doenças.
A Wolbachia é um microrganismo intracelular presente em 50% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti. Quando presente nestes mosquitos, ela impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do mosquito, contribuindo para redução destas doenças.
Uma vez que os mosquitos com Wolbachia são liberados no ambiente, eles se reproduzem com mosquitos de campo e ajudam a criar uma nova geração de mosquitos com Wolbachia. Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça alta sem a necessidade de novas liberações.
O Método Wolbachia tem eficácia comprovada
Um estudo realizado na Indonésia apontou redução de 77% dos casos de dengue nas áreas que receberam os mosquitos com Wolbachia. No Brasil, dados preliminares apontam redução 69% nos casos de dengue e de 56% nos de Chikungunya e 37% dos casos de Zika em Niterói (RJ).
Histórico – Este método de controle das arboviroses foi desenvolvido na Austrália pelo World Mosquito Program e atualmente atua em 14 países e mais de 20 cidades. O Método Wolbachia é uma medida complementar. A população e o governo devem continuar a fazer todas as ações para o controle da dengue, Zika e chikungunya. Mais informações sobre o Método podem ser obtidas no site wmpbrasil.org e nas redes sociais (@wmpbrasil).
IMPORTANTE
Os mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia não são modificados geneticamente. Também não se deve utilizar a expressão Aedes do Bem (ou mosquitos do bem), pois se trata da marca registrada de outra técnica, diferente do Método Wolbachia.
Com informações: Assessoria WMP/Fiocruz