O Ministério da Educação, a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), o Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (Unops) e a Itaipu Binacional realizaram, nesta quarta-feira (28), uma cerimônia para marcar a retomada das obras do campus da Unila – Projeto Oscar Niemeyer. O evento celebrou a parceria entre as instituições para a conclusão de três edificações do campus: o refeitório, o edifício central e o bloco de salas de aula.
O projeto do campus, localizado em Foz do Iguaçu, no Paraná, foi o último realizado em vida pelo arquiteto Oscar Niemeyer. A retomada das obras, com custo de cerca de R$ 752 milhões, está sendo viabilizada por meio de recursos da Itaipu Binacional e assinatura de acordo de cooperação técnica internacional com o Unops, organismo da ONU especializado em infraestrutura. O acordo refere-se unicamente à finalização do campus e não altera nenhum aspecto da gestão acadêmica, administrativa e financeira da Universidade, que segue autônoma, como previsto pela Constituição Federal.
O escopo do projeto inclui a realização de diagnóstico construtivo das obras já iniciadas, para verificação do seu estado atual e da necessidade de atualização de projetos de engenharia e arquitetura; a revisão e atualização dos projetos executivos; a licitação e contratação da empresa construtora; o gerenciamento, a supervisão e a fiscalização das obras. As obras terão entregas escalonadas em fases ao longo dos próximos três anos.
“Este projeto marca uma nova relação do Unops com o Governo brasileiro”, disse o subsecretário-geral da ONU e diretor executivo do Unops, Jorge Moreira da Silva, durante o evento. “Não há multiplicador mais importante para o desenvolvimento sustentável do que a educação; a educação é o fator principal de combate às desigualdades e de promoção do desenvolvimento. É, portanto, muito gratificante para o Unops se associar a um projeto de impacto como esse”, acrescentou.
A reitora da Unila, Diana Araujo Pereira, destacou o papel de integração já exercido pela instituição, na qual convivem estudantes de 36 nacionalidades e professores de diversas partes do Brasil e do mundo. “A Unila nasceu de um sonho, o sonho da integração regional. Construir para esta Universidade tão particular um campus que é um patrimônio artístico demonstra a importância dada a esse projeto de integração, é dar à nossa Universidade condições reais de consolidação e crescimento e valorizar a educação superior do nosso país”, apontou.
O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, lembrou os esforços do presidente Lula para promover integração em várias frentes, inclusive na da educação. “Temos um papel estratégico considerando a localização e a missão de Itaipu, na tríplice fronteira, e a necessidade de melhorar a formação de profissionais de diversas áreas do conhecimento”, disse. “Nosso compromisso é com a entrega das edificações, precisamos colocar essa Universidade de pé o mais rápido possível, pois isso fará a diferença.”
O Ministro de Estado da Educação, Camilo Santana, ressaltou o investimento da Itaipu e o papel do Unops como alternativa para destravar obras estratégicas para a educação brasileira. “A Itaipu vai investir cerca de 750 milhões para que a gente possa entregar essa obra importante para o Paraná e para o Brasil. Essa é uma obra fundamental para o fortalecimento da integração latino-americana e caribenha e que traz um simbolismo muito grande”, finalizou.
O primeiro prédio a ser concluído será o do Refeitório e da Central de Utilidades. Na sequência, virá o Edifício Central e, por fim, o Bloco de Salas de Aula.
Acompanhamento
Todas as atividades previstas no escopo do projeto serão realizadas pelo Unops. O acompanhamento será feito por meio de dois comitês: um técnico (formado por equipes de engenharia) e um executivo, dos quais fazem parte representantes da Unila, do MEC (como órgão interveniente da iniciativa), do Unops e da Itaipu Binacional.
Neste primeiro ano da iniciativa, ocorrem atividades necessárias para o início da obra, com a obtenção de todos os documentos técnicos e autorizações e a atualização dos projetos executivos. Dentro de duas semanas, uma empresa já estará em terreno para fazer o levantamento topográfico e o início da análise das estruturas atuais. Todos os procedimentos seguirão as melhores práticas internacionais em infraestrutura e contemplarão aspectos de sustentabilidade, gênero, diversidade e inclusão.
Está prevista também a abertura de canais próprios de comunicação do projeto, com um site e um perfil em rede social, e a criação de outras ferramentas de transparência e divulgação do andamento do projeto.
Consulta à comunidade
Além disso, está programada a realização de uma apresentação do Unops à comunidade acadêmica da Unila, em data ainda a ser marcada. “É muito importante que a comunidade da Unila conheça o Unops, sua capacidade técnica e de gestão de recursos e pessoas, além do trabalho social e importância como organismo da ONU voltado para a condução dos processos de infraestrutura. Essa apresentação visa apresentar a capacidade profissional que esse organismo tem para a retomada da obra”, destacou a reitora Diana Araujo Pereira. A Comunicação da Unila também deverá lançar nos próximos dias, uma consulta à comunidade acadêmica para a escolha do nome do campus.
Na semana passada, uma equipe do Unops esteve em Foz do Iguaçu para reuniões com representantes da Unila e de Itaipu e definição das linhas de ação estratégicas de implementação do projeto. Também foi realizada uma visita ao local das obras.
Sobre o Unops
Unops é a sigla em inglês Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos. O Unops foi formalmente criado em 1º de janeiro de 1995, por decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas, como um organismo autofinanciado e independente com expertise na operacionalização de projetos.
No Brasil, o Unops atua desde 2012, ao lado de outras agências da ONU, organismos financeiros internacionais e governos das esferas federal, estadual e municipal. Desde então, o Escritório vem atuando em infraestrutura (com, por exemplo, a construção de escolas e hospitais); projetos de recuperação socioeconômica e promoção do trabalho; apoio em compras e logística para a cooperação humanitária brasileira; urbanização de assentamentos; e modernização do sistema de justiça juvenil.
O Unops tem sólida expertise na área de infraestrutura. Entre os projetos já concluídos pelo Escritório, estão o Museu Nacional do Peru (um edifício inteligente com cinco andares, capaz de abrigar mais de 500 mil peças arqueológicas); a construção de duas pontes na Costa Rica (incluindo uma que liga o país ao vizinho Panamá); e hospitais de grande porte na Nicarágua e em El Salvador. A experiência e solidez do UNOPS levaram à assinatura do convênio com a Itaipu Binacional, que destinou recursos para a finalização do campus da Unila.