A decisão foi manter greve geral por tempo indeterminado, com base nas propostas apresentadas por representantes do executivo municipal em reunião que antecedeu a assembleia. Depois da votação, os servidores seguiram em carreata até o condomínio onde mora o prefeito Chico Brasileiro, exigindo que os direitos adquiridos ao longo dos últimos anos sejam cumpridos. “Ei, prefeito! A luta é por direitos!”, eles gritavam.
Nessa terça-feira (17), a partir das 8h, os profissionais da educação do município seguirão protestando em frente à prefeitura para exigir que direitos adquiridos ao longo dos últimos anos sejam respeitados e por melhores condições de trabalho”, comunica a professora, Viviane Dotto, presidente do Sindicato dos Professores e Profissionais da Educação da Rede Pública Municipal de Foz do Iguaçu (Sinprefi). A recomendação é que os pais e responsáveis por alunos matriculados em escolas e CMEI´s da rede pública municipal informem-se nas unidades escolares correspondentes sobre o funcionamento.
Negociação
A reunião realizada durante a tarde desta segunda-feira (16), entre dirigentes sindicais, o prefeito Chico Brasileiro e a secretária de Educação, Maria Justina, não trouxe avanços relevantes, apenas a concessão de vale-alimentação a servidores de todas as categorias do município que ganhem até R$ 5.500,00, além de um pequeno aumento no valor do abono assiduidade (benefício para quem não possui falta, licença ou atestado).
Mas a resolução dessas e de, praticamente, todas as pautas em negociação foi postergada para os próximos meses e até para o ano que vem. “Tem sido assim desde o ano passado. O executivo sempre diz que só terá respostas quatro meses depois, não apresenta cronograma de resolução nem cálculos para resolver as questões pendentes”, explica a presidente do Sinprefi, Viviane Dotto.
Por causa disso, os profissionais da educação deliberaram por estado de greve em janeiro. Depois de nove meses em alerta, decidiram por um dia de paralisação, em 5 de outubro, para tentar sensibilizar a administração municipal sobre a gravidade da situação. Sem avanços, a categoria deliberou por greve geral por tempo indeterminado a partir desta segunda-feira (16), mantendo esperança de que uma nova rodada de negociações poderia trazer entendimento, o que não ocorreu.
A implantação de direitos contidos no Plano de Carreira do Magistério, que é uma lei municipal de 2015, só irá ocorrer depois de uma revisão com previsão de conclusão em março do ano que vem. O pagamento do prêmio do Ideb para professores da Educação Infantil e para profissionais aposentados que estavam em sala quando a prova foi aplicada também só tem perspectiva de ser feito em março do ano que vem.
Não há previsão para o pagamento de 5,21% pendentes da data-base do ano passado nem para o pagamento do Piso Nacional aos professores, conforme preconiza o Ministério da Educação. A pauta de negociação inclui, ainda, falta de professores, condições de trabalho inadequadas, pagamento de progressões de carreira conquistadas com formação profissional, entre outros itens.
No levantamento da Secretaria Municipal de Educação nessa segunda-feira (16) o atendimento nas unidades de ensino foi o seguinte:
Escolas:
Atendimento total: 37
Atendimento parcial: 11
Sem atendimento: 2
CMEI’s
Atendimento total: 8
Atendimento parcial: 20
Sem atendimento: 17
Em entrevista para o Jornal da Cultura, o prefeito Chico Brasileiro disse que lamenta essa radicalização e determinou que todos os CMEI’s abram e atendam as crianças, principalmente para fornecer alimentação. “A grande maioria das escolas funcionou normalmente. Não vou permitir que uma criança seja prejudicada. Muitos pais entraram em contado comigo, para relatar os problemas nessa segunda-feira, quando não tiveram condições de trabalhar, porque não tinham onde deixar os filhos. Eu lamento que tenha chegado nesse ponto. O processo de negociação sempre foi aberto e essa greve é injusta. Eles não querem resolver o problema. Os dias parados serão descontados. Não podemos brincar de greve. A prefeitura sempre negociou, tanto que Foz do Iguaçu tem um dos melhores salários. É uma greve de um “grupelho político”, com interesse nas eleições”.