O brasileiro está há mais de um ano e meio na cidade de Bangkok, a capital da Tailândia, berço do Muay Thai ou Boxe Tailandês, uma das paixões e especialidades do iguaçuense Richard Godoy, que completa 35 anos, nesta terça-feira, dia 27 de junho. O atleta luta profissionalmente desde 2012, quando se mudou para Florianópolis, Santa Catarina, para aprimorar as técnicas de Muay Thai e MMA, na categoria peso leve.
Antes de ir para a Ásia, Richard, morou em Curitiba, onde treinou com André Dida, um dos maiores técnicos do MMA mundial. Na capital paranaense, dividiu o tatame com atletas em ascensão no UFC, como Wanderlei Silva, Massaranduba, Neto “BJJ” e Bruno Blindado. Natural de Foz do Iguaçu- PR, o lutador coleciona títulos nacionais e, na Tailândia, realiza o sonho de enfrentar os grandes nomes do MMA, no mundo.
“O meu objetivo sempre foi representar o meu país lá fora, me aprimorar, buscar conhecimento. Principalmente aqui na Tailândia, onde essa conquista tem um significado ainda mais especial”, comentou. Richard disputa o famoso “One Championship”, promovido pela maior organização de combate da Ásia. É o maior evento do continente asiático e o terceiro mais importante do MMA mundial. “Até em Mianmar eu já defendi o time da Tailândia contra os donos da casa. Lutei “Lethwei”, boxe birmanês, onde não se usam luvas e vale até cabeçada. Só existe um vencedor se houver nocaute, caso contrário, termina em empate”, lembrou o atleta.
Para disputar esse campeonato, Richard se arriscou entrando ilegalmente no território de Mianmar, na caçamba de uma caminhonete. Foram muitas horas de viagem e no caminho havia até uma montanha que o grupo teve que atravessar. O país vive uma ditadura militar e as fronteiras estão fechadas desde 1988, quando a constituição de Mianmar foi suspensa. A nação é governada por uma junta militar, chefiada pelo general Than Shwe.
MUAY THAI
O esporte utiliza socos, cotoveladas, joelhadas, chutes e golpes de ataque e esquiva. Surgiu como uma técnica de defesa e de guerra, desenvolvida pelos tailandeses, para proteção e defesa do território contra os inimigos. Uma estratégia que virou tradição e se popularizou no país. O atleta do Muay Thai, também é faixa-preta de Jiu-Jitsu e pratica outras modalidades que o tornam apto a competir no MMA – “Artes Marciais Mistas”, e incluem golpes de luta em pé e técnicas de luta no chão.
OS DESAFIOS DA JORNADA
Antes de entrar no ringue, Richard exibe orgulhoso a camisa da equipe que estampa também o nome de Foz do Iguaçu. Apesar de toda essa visibilidade, para a terra natal, a ajuda financeira vem de uma empresária paulista, de ex-alunos que também viraram patrocinadores e da família dele. As empresas que investem no marketing do MMA têm retorno garantido na divulgação de suas marcas já que as lutas são transmitidas ao vivo para mais de 200 países, inclusive por alguns canais de TV por assinatura, aqui no Brasil. A rotina de preparação física do lutador é intensa e se divide entre a academia de musculação e o ringue. São três treinos por dia: manhã, tarde e noite. “Estou aqui focado 100% em ser um campeão mundial. Deixei no Brasil a minha maior riqueza, a minha família. Minha esposa, Heloisa Ling, mora em Curitiba”, destacou o iguaçuense.
Depois de um ano e seis meses se comunicando apenas por videochamadas e troca de mensagens, essa semana o casal pode matar a saudade pessoalmente. Heloisa chegou a Tailândia para passar uma temporada com o marido. “ Minha mãe, avó e irmãos moram em Florianópolis, luto por eles também”, disse. O restante da família do lutador, mora em Foz do Iguaçu.
E não bastassem a distância de casa, os adversários nas lutas e, a dificuldade em se comunicar no idioma Tailandês, Richard ainda teve de lidar com problemas de saúde durante o processo de adaptação em Bangkok. “Fiquei muito tempo em depressão. Hoje estou melhor, faço acompanhamento a distância com minha psicóloga, Lucia Bueno. Tem sido fundamental para eu seguir aqui lutando. Minha rotina é de casa para a academia”, lembrou.
Logo que chegou a Tailândia, Richard ficou muito doente e precisou ser internado em um hospital por doze dias para tratar a COVID e uma infecção gravíssima. Nesse tempo ele perdeu dez quilos em quatro dias.
Ainda debilitado o lutador treinou uma super campeã tailandesa do Muay Thai que estava prestes a estrear no MMA. Ela venceu com uma finalização brilhante, ensinada por ele. E nesse dia, a aluna motivou o professor a voltar ao combate.
“Me recuperei da COVID e da infecção e quatro meses depois, lutei Muay Thai na ilha de Koh Samui e venci por nocaute. Troquei de academia e fui treinar com “Jos de Mendonça”, o único brasileiro a ser campeão no Estádio Rajadamener, estádio mais tradicional de Muay Thai desde 1945.” O brasileiro também lutou em Huan Him e venceu um ex-campeão do Max Muay Thai. Poucos dias depois aceitou lutar “Lethwei” em Mianmar, no aniversário de Karen, a cidade que também sofre com a opressão de um governo ditador.
“Também lutei contra uma grande estrela do boxe Birmanês, um nativo. Lutei doente e consegui empatar sem sofrer contagem protetora”, frisou. Na volta para casa, Richard voltou a adoecer, dessa vez havia contraído uma bactéria no estômago, antes da luta, em Mianmar. “Me recuperei da bactéria, mas não das lesões da luta.”
Vinte e oito dias depois, ele estava lutando MMA no One Championship. Apesar das condições físicas, ele venceu. Um mês depois Richard fez sua luta de estreia no famoso estádio do Rajadamnern, o mais antigo da Tailândia, construído em 1945. “Lutei Muay Thai e mais uma vez conseguiu a vitória.”
UM RETROSPECTO DE SE ORGULHAR.
O brasileiro está muito perto de conquistar um contrato exclusivo com One Championship e, é uma das grandes apostas do esporte, na Tailândia. Em menos de seis meses, Richard participou de seis lutas. Foram 5 vitórias e apenas uma derrota. “Vou continuar por aqui, aprendendo, lutando, representando todos que acreditam em mim. Meu próximo passo é regularizar minha documentação aqui, obter o visto de estudante. Quero que o mundo saiba que Foz do Iguaçu tem filhos bravos.” finalizou.
Assessoria de Imprensa:
Jornalista- Jacqueline Krüger (MTB 4539/PR)