A construção do Porto Seco foi tema da entrevista no programa Contraponto, na Rádio Cultura.
O empresário Danilo Vendruscolo, presidente da Acifi, foi o convidado dessa segunda-feira, para o bete-papo sobre o assunto e destacou alguns pontos que considera essenciais para o empreendimento que é tão importante para Foz do Iguaçu.
“Eu, morando aqui, há mais de 40 anos, posso dizer que conheço Foz do Iguaçu. Infelizmente não temos nenhum estudo ou um plano diretor que possa olhar Foz do Iguaçu, um plano para desenhar o cenário para Foz, no mínimo 30 anos a frente”.
Danilo disse ainda, que até faz uma aposta sobre a perimetral. Para ele, em 5 anos a via vai ser usada mais pra turismo do que para a logística. “Onde será corredor logístico, é fundamental que nós tenhamos a primeira decisão sobre a localização, a instalação do Porto Seco. O projeto da Ferroeste, por exemplo, com o terminal ferroviário, está todo parado, justamente por uma questão ambiental de Foz, que é um problema que também não foi resolvido, até então, através de um estudo”.
Outro exemplo é o manancial do Rio Tamanduá. “Qualquer munícipe entende que nós temos água suficiente em Foz do Iguaçu para abastecer a população. Por que manter o Rio Tamanduá e impedir que a cidade possa, de fato, ocupar esse espaço? Porque não há outro espaço para avançar. Foz termina na baixada do Leão”.
“Eu vejo muitas manifestações defendendo que o Porto Seco seja na perimetral. Foz do Iguaçu é uma cidade turística e logística. Temos de pensar essas duas vocações”.
Para o Chefe Regional do Instituto Água e Terra (IAT), Carlos Piton, Foz do Iguaçu precisa sim, de projetos que visem o desenvolvimento da cidade e o desenvolvimento sustentável. “Enquanto a captação de água permanecer no Rio Tamanduá, aquela região estará totalmente comprometida com o desenvolvimento comercial, industrial e residencial, porque é bem restrito o que pode ser instalado na região de bacia de manancial e o Porto Seco não deixa de ser uma atividade que tem suas restrições e uma grande preocupação ambiental, pois serão centenas de caminhões, inclusive com produtos químicos. Existe forma sim, mas pode se tornar muito mais caro ajeitar uma área, ambientalmente, dentro da bacia de manancial, do que viabilizar uma área fora, com toda estrutura necessária e as garantias ambientais. Por isso, eu considero o Alto da Boa Vista, a melhor área. Não que seja a única, mas considero a mais viável com a visão ambiental. Foz é muita restrita em relação às áreas vazias e a unica região que tem essa possibilidade, pensando no futuro, é o Alto da Boa Vista”.
Sobre o licenciamento da Ferroeste, Carlos Piton, disse que na regional do IAP, em Foz, não tem nada protocolado.”Tramitando em Foz, não temos nada”.
Na Audiência Pública, realizada ontem à noite, a questão da área também foi discutida. Segundo o Secretário de Planejamento, Leandro Costa, o município já encaminhou uma proposta com a área mais indicada para o projeto, para a Receita Federal, além de publicar para que os interessados em participar da concorrência tenham acesso aos dados. ” Essa área que foi delimitada está a leste da cidade, que engloba o início da Área Industrial, até ao norte, depois da BR 277. É uma grande área e a gente entende que é o melhor. Mesmo assim, são os interessados que devem apresentar as propostas sobre o local e cabe ao município analisar, mas deve ficar nessa grande área que foi preestabelecida”.
Sobre o Porto Seco
Dados da Receita Federal mostram que estão previstos pelo menos R$ 240 milhões em investimentos, fora as ampliações no futuro. O Porto seco deve pagar em torno de R$ 8 milhões em salários para funcionários diretos, sem contar a renda gerada para empregos indiretos como limpeza, manutenção e vigilância, por ano.
Os interessados em participar da concorrência devem entregar suas propostas detalhando os investimentos e tarifas que praticarão, bem como o local onde será construído o porto seco. A abertura das propostas será no dia 03/05, às 9 horas. O vencedor terá a permissão para a prestação de serviços públicos de movimentação e armazenagem, por vinte e cinco anos.