A 27ª Conferência Mundial do Clima, promovida pela ONU em Sharm El-Sheik (Egito) e que chega ao fim nesta sexta-feira (18), teve como tônica a urgência de se colocar em prática ações para enfrentar as alterações climáticas, que já se fazem presentes com uma maior frequência de eventos extremos e impactos significativos para populações e ecossistemas ao redor do globo.
Uma das questões-chave nas mudanças climáticas é a forma como produzimos energia. Cientistas climáticos em todo o globo concordam que a influência humana, principalmente com a emissão de gases de efeito estufa a partir da queima de combustíveis fósseis, é a principal razão para as mudanças climáticas.
Por isso, a transição energética, com a substituição de fontes fósseis por renováveis, figura entre as principais estratégias para frear o aquecimento global. E a ONU propõe que, até 2050, o setor energético global zere suas emissões no esforço para manter o aumento da temperatura abaixo de 1,5°C, conforme prevê o Acordo de Paris para se evitar os efeitos mais nefastos das mudanças no clima.
O crescimento da geração de energia solar e eólica no Brasil e no mundo está em linha com esse esforço. Mas especialistas presentes na COP 27 atestam que, sem uma forte participação da hidroeletricidade, o que significa expandir o uso dessa fonte, não será possível promover a transição energética de fato.
De acordo com Alex Campbell, chefe de Pesquisa e Política da Associação Internacional de Hidroeletricidade (IHA, em inglês), há 132 Gigawatts (GW) de potência instalada em usinas hidrelétricas em construção no mundo e outros 430 GW estão em vários estágios pré-construção, neste momento.
“Mas, mesmo que esses projetos sejam concluídos, ainda serão necessários outros 800 GW para atender às necessidades da transição energética. Se não fizermos novas hidrelétricas, isso vai implicar em mais emissões de geração a gás e carvão para atender à demanda”, afirmou Campbell, no side event “O papel da hidroeletricidade para atingir a resiliência climática”, realizado no Pavilhão do Tajiquistão, e que também contou com a participação da Itaipu Binacional, Agência Internacional de Energia, Grupo de Infraestrutura Sustentável e Banco de Desenvolvimento da Eurásia. Vale destacar que o Paraguai, assim como o Tajiquistão, são países com 100% de geração hidrelétrica.
Com 14 GW de potência instalada que respondem por cerca de 10% da eletricidade consumida no Brasil e 90% no Paraguai, a usina de Itaipu comprova como os benefícios da hidroeletricidade se estendem para além da geração de energia limpa, com ações de adaptação e resiliência climática, baseadas na conservação de ecossistemas e a preservação da água para atender a diversos usos, incluindo irrigação, transporte, lazer e abastecimento.
“A emergência climática exige soluções que respeitem as interconexões entre água, clima, energia, biodiversidade e a produção de alimentos. A questão alimentar, inclusive, é um dos temas que mais se destacou nesta COP, uma vez que os sistemas de produção de alimentos já estão sob forte pressão das alterações climáticas”, afirmou o superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu, Ariel Scheffer da Silva.
Essas interrelações, inclusive, foram tema de outro side event do qual a binacional participou nesta semana, realizado no Pavilhão da Água. “Ao longo das últimas edições da COP, a Itaipu teve a oportunidade de ampliar o diálogo com diversas organizações internacionais ligadas às questões climáticas e energéticas, reforçando que a hidroeletricidade tem um importante papel a cumprir na agenda climática global”, destacou Lígia Leite Soares, da Assistência da Diretoria de Coordenação da Itaipu.
A representação da Itaipu nesta COP também contou com a participação da conselheira María Antonia Gwynn, da engenheira ambiental Larissa Felip Spalding e do climatologista Sergio Mendez Gaona, todos da margem paraguaia da usina. Ao longo da programação, a Itaipu atuou como organizadora e/ou expositora em seis side events, realizados em parceria com diversas organizações internacionais, como o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (Undesa), além de encontros e reuniões bilaterais incluindo o embaixador Peter Thompson (enviado especial do secretário-geral da ONU para Oceanos), e autoridades da IHA, Banco Mundial, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), Convention on Biological Diversity (CBD), BNDES e Energia Network.
Itaipu Binacional