Vermelho defende privatização de aduanas para resolver problema das filas nas fronteiras

Antes da “operação tartaruga” eram liberados 20 mil caminhões por mês, agora são apenas 5 mil; prejuízos são incalculáveis

O deputado federal Vermelho fez um pronunciamento contundente na tribuna da Câmara Federal exigindo uma solução urgente para o problema nas fronteiras do país, provocado pelas constantes “operações tartarugas” dos servidores da Receita Federal.

Vermelho disse que a paciência dos transportadores, produtores e motoristas já se esgotou e cobrou do governo uma posição mais enérgica, sugerindo a modernização das aduanas e até mesmo a privatização. “A situação é muito triste em nossa querida Foz do Iguaçu e em praticamente todas as fronteiras do país por causa dessa paralisação. Entendo que já passou da hora do governo modernizar nossas aduanas e, até mesmo, buscar sua privatização para agilizar o serviço”, defende o parlamentar.

“Vivemos uma situação caótica em Foz do Iguaçu, na fronteira do Brasil com o Paraguai. Antes dessas operações, eram liberados cerca de 20 mil caminhões por mês e hoje estão sendo liberados apenas 5 mil, causando prejuízos incalculáveis aos motoristas e transportadores”, enfatizou o deputado.

Vermelho disse que além dos prejuízos, é uma lástima ver motoristas permaneceram até oito dias esperando a liberação de cargas. “Eles ficam ao relento, passando frio e até fome pois não podem abandonar os caminhões para evitar roubo de cargas”.

O deputado já conversou com a ministra Tereza Cristina, com os ministros Paulo Guedes, Ciro Nogueira e até com o presidente Bolsonaro, mas o impasse é muito grande. Os servidores não abrem mão do reajuste salarial e o governo diz não ter condições de atender à reivindicação. “Eu acho que os servidores estão em seu direito de exigir a reposição salarial e já pedi para o Governo encontrar uma saída, mesmo que de forma escalonada. Mas eu entendo que existem outras formas de pressão por parte dos servidores, evitando o sofrimento de uma categoria e a paralisação do país”, pondera Vermelho.

Maior porto seco
O deputado Vermelho destacou que Foz do Iguaçu tem o maior porto seco da América do Sul e que a cidade precisa ser referência no transporte de cargas. Ele recorda que foi registrado um grande aumento nas importações e exportações de produtos dos países do Mercosul e o efetivo nas aduanas precisa ser majorado para acompanhar essa demanda. “O número de servidores nessa função, não acompanhou o crescimento do agronegócio no Brasil. Além disso, muitos se aposentaram e não foram abertas novas vagas, por meio de concurso público”, finaliza o parlamentar.

Prejuízos de R$ 3,8 milhões por dia
Um estudo do Sindifoz revela que a paralisação dos servidores representa um custo diário de R$ 3,8 milhões para transportadoras e motoristas autônomos, somente em Foz do Iguaçu. Nessa cifra estão incluídas despesas com estadia e custos fixos, sem incluir os prejuízos com as cargas paradas.

O Sindifoz diz que é preciso considerar também os prejuízos com quebra de contratos e cancelamentos de clientes que migraram para outros mercados, uma vez que não existe qualquer segurança em se adquirir ou vender mercadoria ao Mercosul.

Produtores de frangos e suínos registram prejuízos por causa da lentidão no fluxo das mercadorias que passam pela inspeção. Existem empresas que deixaram de exportar entre 10% e 20% dos produtos por causa do atraso nos embarques. O setor é uma cadeia viva, de fluxo contínuo e não pode parar.

Setor industrial também é afetado
O Instituto Brasileiro de Comércio Internacional e Investimento (IBCI) informou que a operação-padrão dos auditores fiscais já afeta a produção das indústrias. O órgão afirma que a demora na liberação de cargas impacta primeiro os produtores e transportadores, depois as indústrias e, finalmente, os consumidores.

“Na medida em que os insumos importados não chegam, toda a cadeia produtiva brasileira é afetada,” diz o presidente do IBCI, Welber Barral. Algumas indústrias começaram a demitir ou dar férias coletivas.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, Humberto Barbato, diz que 74% das empresas que dependem de importações de componentes e 64% das exportadoras já estão sendo prejudicadas. Ele afirma que com o tempo vai acabar faltando produtos no mercado.

Assessoria

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