A Itaipu Binacional autorizou nesta sexta-feira (29), em cerimônia no hall do Edifício de Produção da hidrelétrica, o início dos trabalhos para o mais abrangente plano de atualização tecnológica das unidades geradoras desde que a usina entrou em operação, há 37 anos. O contrato prevê 14 anos de serviços e US$ 649 milhões em investimentos.
A atualização será executada pelo Consórcio Modernização de Itaipu (CMI), vencedor da licitação binacional, formado por empresas brasileiras e paraguaias.
A ordem para o início dos trabalhos, com prazo a partir do dia 23 de maio, foi assinada pelos diretores-gerais de Itaipu, Anatalicio Risden Junior (Brasil) e Manuel María Cáceres Cardozo (Paraguai), e pelos coordenadores gerais do Comitê Gestor do Plano de Atualização Tecnológica, Renata de Biasi Ribeiro Tufaile e Federico Zacarias González.
A cerimônia foi acompanhada pelo ministro de Relações Exteriores do Brasil, embaixador Carlos França; pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque; pelo ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Célio Faria Júnior; pelo embaixador Fernando Simas Magalhães; pelo presidente da Eletrobras, Rodrigo Limp; por Cida Borghetti e José Carlos Aleluia – todos eles integrantes do Conselho de Administração da binacional.
Também estavam presentes os conselheiros do lado paraguaio; o presidente da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), Ney Zanella dos Santos; o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone; diretores de Itaipu de ambas as margens; e o CEO da divisão de Hydro da GE Renewable Energy para América Latina, Cláudio Trejger. A empresa faz parte do consórcio binacional.
Manuel María Cáceres Cardozo destacou que a atualização tecnológica constitui um dos feitos mais significativos da história da empresa depois da construção da central hidrelétrica, nos anos 1970 e 1980. “A atualização vai permitir que a usina binacional mantenha os altos níveis de produtividade e siga na vanguarda da produção de energias renováveis”, declarou.
O embaixador Carlos França lembrou que no próximo dia 1º de maio completa um ano como integrante do Conselho de Administração de Itaipu e que, neste período, teve a oportunidade de acompanhar parte do esforço do corpo técnico da usina para a implantação do plano de atualização. Segundo ele, a modernização traz mais segurança e eficiência ao processo de produção de energia e beneficia diretamente os consumidores dos dois países.
“Foi uma longa caminhada que se pudesse chegar a esse momento”, disse o ministro. “Itaipu dá hoje um novo passo na linha de frente tecnológica para se manter como referência mundial em rendimento, em produtividade e, acima de tudo, como elemento crucial para a promoção do desenvolvimento sustentável e da amizade entre Brasil e Paraguai”, completou.
O diretor técnico executivo de Itaipu, David Krug, mencionou que a modernização da usina é resultado de um amplo planejamento, que começou no início dos anos 2000 e passou por várias fases. Segundo ele, o investimento é necessário porque muitos equipamentos ainda são analógicos ou tecnologicamente defasados, operando há quase 40 anos. Em alguns casos, o fabricante não existe mais, impossibilitando a reposição de peças.
“Quando eu atualizo a usina, elimino essa questão da sobressalência [de peças]”, disse ele. “O grande ganho é esse: eu trago a usina para uma nova situação de tecnologia e de eficiência dos processos de operação e manutenção.”
Para Cláudio Trejger, “esta atualização tecnológica, com o que há de mais moderno no mercado, proporcionará maior segurança e contribuirá para garantir a continuidade de alta disponibilidade na operação, marco da usina em todo mundo, além de uma manutenção ainda mais eficiente”.
Como vai ser
O plano de atualização tecnológica contempla a substituição dos sistemas de controle e proteção das 20 unidades geradoras de Itaipu, da subestação isolada a gás, dos serviços auxiliares da usina, das comportas do vertedouro e da barragem, de toda a fiação de força e controle desses dispositivos, além do sistema de medição e faturamento da usina.
Também estão previstos no contrato a elaboração do projeto executivo, o fornecimento de todos os equipamentos e sistemas, os serviços de desmontagem e montagem eletromecânica, a realização dos treinamentos e a execução de obras que sejam eventualmente necessárias.
Por terem um ciclo de vida maior, os grandes equipamentos eletromecânicos da usina, como turbinas e geradores, não serão substituídos.
Cronograma
Para os quatro primeiros anos de contrato, o cronograma de referência prevê o planejamento executivo do projeto de modernização, a elaboração do projeto executivo e a atualização do controle centralizado da usina.
A atualização dos sistemas das 20 unidades geradoras deve ocorrer nos dez anos seguintes, com duas unidades completamente atualizadas a cada ano. O cronograma detalhado, entretanto, será elaborado pelo consórcio contratado e fechado durante a fase de planejamento executivo.
Sobre a licitação
A licitação para a atualização tecnológica da usina foi realizada em duas etapas. Na primeira, concluída em 2018, foram avaliadas as condições de habilitação técnica, jurídica e econômico-financeira das concorrentes. Na segunda, selecionadas as propostas comerciais – o edital foi publicado em dezembro de 2019. Por causa da pandemia de covid-19, o recebimento das propostas comerciais só ocorreu em abril de 2021 e o resultado do processo licitatório foi homologado em outubro de 2021.
O certame foi dividido em três lotes independentes e os vencedores deveriam formar um consórcio binacional. Integram o consórcio vencedor duas empresas brasileiras (GE Energias Renováveis e Grid Solutions Transmissão de Energia) e duas paraguaias (Tecnoedil e CIE).
A assinatura do contrato ocorreu no dia 11 de março deste ano, com valores em reais e guaranis (moeda paraguaia), conforme a taxa de câmbio da véspera da apresentação das propostas. Na época (abril de 2021), os US$ 649 milhões equivaliam a R$ 3,7 bilhões.
Outros contratos ainda serão assinados para a atualização da Subestação da Margem Direita; a construção de almoxarifados; a implantação de centros de integração de sistemas e capacitação; e o fornecimento de serviços de apoio de engenharia. Esses projetos estão em fase de licitação ou especificação de edital e poderão elevar os investimentos totais a US$ 900 milhões.
Assessoria