O sistema elétrico brasileiro passou por grandes transformações, nas últimas duas décadas, e a tendência é que esse movimento se intensifique nos próximos anos, com a incorporação de novos mixes de geração, especialmente de matriz renovável (solar e eólica), o desenvolvimento de novas tecnologias e o aumento das restrições ambientais.
A análise faz parte das constatações técnicas do XV Simpósio de Especialistas em Planejamento da Operação e Expansão Elétrica (XV Sepope), promovido pelo Cigré -Brasil, com o apoio organizacional da Itaipu Binacional, que aconteceu em Foz do Iguaçu, de 15 a 18 de março.
“O resultado destas transformações será o aumento da complexidade operativa, levando a novos desafios que requerem novos desenvolvimentos e inovações”, detalhou o engenheiro Paulo Gomes, coordenador do Comitê Técnico do Sepope, na cerimônia de encerramento, na sexta-feira (18).
Também estavam presentes o diretor técnico executivo de Itaipu, David Krug; o superintendente adjunto de Operação (OP.DT), Hugo Osvaldo Zárate Chavez, representando o diretor técnico, Luis Gilberto Valdez Gonzalez; o diretor técnico do Cigré-Brasil, Iony Patriota; o coordenador geral do XV Sepope, José Benedito Mota Júnior, superintendente de Operação da Itaipu; e o secretário executivo do evento, Rodrigo Gonçalves Pimenta, gerente do Departamento de Operação do Sistema (OPS.DT) da binacional.
Dentre os desafios a serem enfrentados pelo setor elétrico, conforme a conclusão do especialistas, estão o aperfeiçoamento dos modelos de otimização do planejamento da operação, com a inserção de modelos de previsão de geração de energia eólica e solar; maior agilidade no aprimoramento da regulação e novos modelos econômicos; aprofundamento de conhecimento dos profissionais de proteção, controle e monitoramento; e uma atenção maior para a questão da segurança digital. “As instalações com multiproprietários aumentam a vulnerabilidade do sistema frente a eventuais ataques cibernéticos”, indica o documento.
O coordenador geral do Sepope, José Benedito Mota Júnior, destacou o alto nível técnico do evento, o primeiro presencial organizado pelo Cigré desde o início da pandemia de covid-19. Foram realizados painéis de discussão, sessões técnicas, minicurso e apresentação de artigos (invited papers). “Tudo isso proporcionou muito debate e troca de experiências que serão importantes para o planejamento da operação e expansão dos sistemas”, disse.
Outro destaque indicado pelo coordenador geral foi a grande participação no evento, com mais de 200 inscrições (entre profissionais e estudantes), de 45 empresas e 16 universidades. Os participantes vieram não apenas do Brasil, como do Paraguai, Argentina e Espanha.
O diretor técnico do Cigré-Brasil, Iony Patriota, agradeceu o apoio de Itaipu na organização do evento e citou que o Sepope é hoje o principal fórum de debate das questões de planejamento e operação do sistema, promovendo discussões abertas de questões de interesse nacional.
“Sem sombra de dúvida, foi um evento singular, que nos permitiu discutir temas de grande relevância no contexto atual dos setores elétricos”, concordou o diretor técnico executivo de Itaipu, David Krug, citando transição energética, descarbonização, descentralização da geração, desafios impostos pelas mudanças climáticas, digitalização e introdução de tecnologias disruptivas. “Acredito que a palavra que melhor resume as lições aprendidas nesse seminário é planejamento”, concluiu o diretor.
Itaipu Binacional