A atualização tecnológica pela qual passará Itaipu na próxima década vai trazer uma série de desafios, entre eles, um forte controle de segurança cibernética. A análise foi feita durante um painel no último dia do XV Simpósio de Especialistas em Planejamento da Operação e Expansão Elétrica (Sepope), na manhã desta sexta-feira (18), em Foz do Iguaçu. O evento é organizado pelo Cigré-Brasil, com apoio institucional da Itaipu Binacional.
O painel “Novos desafios e Evolução Tecnológica em Geração, Transmissão e Distribuição” teve a mediação do diretor técnico executivo da Itaipu, David Krug. Participaram da conversa o superintendente de Engenharia da Itaipu, Bruno Marins Fontes; o head de Supervisão e Automação Digital da CTG Eletrosul, Pablo Humeres Flores; o diretor técnico do Cigré-Brasil, Iony Patriota e o professor Dorel Soares Ramos, do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétrica da Universidade de São Paulo (USP).
“O grande dilema do sistema elétrico é seguir as novas tecnologias na busca constante de ganho de eficiência, mas tomando cuidado com os novos sistemas de segurança cibernética que essas tecnologias trazem”, disse Krug. “Seria muito mais fácil nos mantermos no mundo analógico, em que os problemas são mais físicos que digitais, mas a busca pela eficiência no setor elétrico traz esses desafios”.
Durante o painel, Bruno Fontes explicou que a atenção com a segurança cibernética está na concepção do projeto de atualização tecnológica da Itaipu. “Este cuidado existe na empresa desde quando foi lançado o sistema Scada, em 2002. Mas, agora, com esse salto tecnológico, a preocupação é ainda maior”, afirmou.
Bruno fez um panorama histórico da digitalização da área industrial de Itaipu, que teve como grande marco justamente a implantação do sistema Scada, em 2002, responsável pela operação da usina. Em 2006, as duas novas unidades geradoras (UGs) instaladas já traziam sistemas mais modernos. E, em 2010, o sistema Matrix modernizou o monitoramento das unidades geradoras.
De acordo com ele, a atualização tecnológica será feita com a responsabilidade de gerar o mínimo impacto na produção de energia. A atividade também vai exigir uma equipe multidisciplinar que vai evoluir junto com a atualização, assim como os processos internos da área técnica. “O ciclo de vida dos sistemas digitais é bastante curto se comparado às tecnologias tradicionais”, acrescentou, “por isso, já prevemos novas atualizações no futuro e que elas sejam feitas de forma mais suave.”
Novos desafios
O professor Dorel Soares Ramos comentou sobre as tendências para o sistema elétrico, como a descentralização, com a possibilidade de os consumidores produzirem energia; a digitalização, que vai trazer automação e melhoria dos processos, e a descarbonização, com uma matriz elétrica cada vez mais limpa e renovável. “Este novo cenário traz demandas, como, por exemplo, a criação de novas técnicas para prever a produção de energia”, avaliou.
Pablo Flores avaliou a digitalização na transmissão da energia e que, em um horizonte de cinco anos, a empresa não venceria mais licitações adotando a solução convencional. “A Eletrosul precisou se preparar para este novo cenário. Invariavelmente, fomos forçados a adotar a digitalização”, resumiu. Foi criado, então, o Grupo de Trabalho Subestação Digital da Eletrosul, como uma série de funções como avaliar as tecnologias envolvidas, implementar projetos pilotos, entre outras.
Para finalizar o painel, Iony Patriota listou os principais desafios do setor elétrico para os próximos anos e avaliou: “Não sabemos se é a evolução tecnológica que afeta o setor elétrico, fazendo que ele se adapte, ou se é o setor elétrico que traz novas demandas e incentiva a evolução tecnológica.”
Asessoria