A Fórmula 4 Brasil, que terá início em maio, surge em meio à carência de competições de base no automobilismo nacional. O evento tem seis fins de semana previstos até novembro, com três provas em cada. Entre os 16 pilotos, que estão divididos em quatro equipes, Aurélia Nobels é a única garota. Não que seja um cenário estranho à jovem de apenas 15 anos, acostumada a ser minoria nos torneios que disputa.
O sobrenome da piloto, aliás, não deixa dúvidas da origem estrangeira. Aurélia nasceu em Boston (Estados Unidos) e tem pais belgas. A família vive no Brasil desde que a jovem tinha três anos, mas o carinho pelo país vem de antes, também motivada pelo automobilismo.
A temporada brasileira da Fórmula 4 será a primeira de Aurélia dirigindo um monoposto. Para se adaptar, a jovem fez testes na Europa – o carro da F4 de lá é o mesmo que será utilizado por aqui – e conheceu as pistas que terá pela frente em 2022, a bordo de um Fórmula 3.
Aurélia sonha com a Fórmula 1, que não tem uma piloto mulher desde a italiana Giovanna Amati, que participou dos treinos oficiais de classificação em três etapas da temporada 1992. Já a última a disputar uma prova foi a compatriota Lella Lombardi, que esteve em 12 corridas, entre 1974 e 1976. De lá para cá, as britânicas Susie Wolff – atualmente a chefe-executiva da equipe Venturi, na Fórmula E (monopostos elétricos) – e Katherine Legge são as que mais chegaram perto de competir na principal categoria do automobilismo.
“É muito difícil, poucas pessoas conseguem, mas espero que dê certo e eu consiga chegar lá um dia”, afirmou a jovem, que, a partir de 2023, com 16 anos, fica apta a participar das seletivas para a W Series, categoria internacional voltada somente a mulheres e que teve a catarinense Bruna Tomaselli na temporada passada.
E quanto à bandeira que defenderá? Em 2020, no Mundial de kart, Aurélia e o irmão competiram pela Bélgica. Apesar do sangue meio norte-americano, meio europeu, Aurélia quer representar o país onde cresceu e no qual a família decidiu viver.
“Vim para cá muito cedo, moro há 12 anos, então me considero brasileira. Prefiro representar o Brasil”, concluiu a piloto, que tem as bandeiras dos três países estampada no capacete.
O primeiro fim de semana da Fórmula 4 Brasil será o de 14 e 15 de maio, em Mogi Guaçu (SP). Nos dias 30 e 31 de julho, as provas serão em Brasília. A categoria volta para Mogi Guaçu nos dias 25 e 26 de setembro. A quarta etapa está marcada para Goiânia, em 22 e 23 de outubro. A temporada chega ao fim nos dias 19 e 20 de novembro, outra vez em Brasília.
Agência Brasil