A Unidade de Demonstração (UDG) de biogás e biometano, instalada na usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR), servirá como referência para o Programa Metano Zero. A iniciativa do governo federal deve ser lançada em março, para incentivar a transformação do gás em biocombustível a partir do auxílio financeiro de bancos públicos como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Um programa como este pode ser expandido para todo o País”, disse o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, em alusão à unidade na Itaipu. A afirmação ocorreu durante visita à hidrelétrica nesta segunda-feira (28), para conhecer a ver de perto este e outros projetos ambientais da Itaipu.
“Esta unidade já é uma referência, porque nos mostra exatamente o volume de recursos necessários para transformar resíduos orgânicos em biogás e biometano”, afirmou Leite. “Vimos a viabilidade [deste empreendimento] e que é possível conseguir o menor projeto possível para os quais os bancos oficiais já têm linhas de financiamento bastante robustas em relação à sustentabilidade, chegando aos R$ 400 bilhões, entre Banco do Brasil, Caixa e BNDES”, completou o ministro.
Os custos estimados para a implantação de uma unidade como a de Itaipu – operada pelo Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) – são da ordem de R$ 3,5 milhões para uma planta com capacidade para processamento de 9 toneladas de resíduos orgânicos. O cálculo foi apresentado ao ministro pelo diretor de Desenvolvimento Tecnológico do CIBiogás, Felipe Souza Marques.
Desde a sua implantação, em 2017, a UDG tratou 550 toneladas de resíduos orgânicos de restaurantes e de materiais de apreensão da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal (PF), Receita Federal (RF) e Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Ao todo, foram produzidos 37 mil m³ de biometano usados para abastecimento de 40 veículos da frota de Itaipu. A atividade evitou a emissão de 3,5 toneladas de Gases de Efeito Estufa (GEE).
Segundo Leite, os resultados da unidade estão em consonância com o objetivo do Metano Zero, de estimular a produção de combustíveis como o biometano – uma fonte para abastecimento de veículos pesados ou leves até 30% mais barata que os combustíveis fósseis, com o ganho adicional da sustentabilidade. A ação também vem ao encontro do compromisso assumido pelo Brasil em novembro do ano passado, na COP 26, em Glasgow, na Escócia, de reduzir voluntariamente 30% das emissões do gás de efeito estufa.
Durante a visita, Joaquim Leite foi acompanhado pelo diretor de Coordenação da Itaipu, general Luiz Felipe Carbonell, representando o diretor-geral brasileiro da empresa, almirante Anatalicio Risden Junior. Além de conhecer a UDG, Joaquim Leite fez uma visita técnica à usina e visitou o Refúgio Biológico Bela Vista. Em 2019, as áreas protegidas da Itaipu – entre elas, o Refúgio – foram reconhecidas como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – um marco dentro do programa “Homem e Biosfera”, mantido pela da Organização das Nações Unidas (ONU).
“O aproveitamento do biometano e outros projetos nossos como a instalação de placas solares em aterro sanitário, que estamos desenvolvendo aqui no Oeste do Paraná, em Toledo, são projetos viáveis e que podem ser replicados no País”, disse o general Carbonell.
Economia verde
O ministro destacou ainda que as ações de Itaipu pelo meio ambiente promovem uma “economia verde”, alinhando desenvolvimento e conservação ambiental, de acordo com os preceitos do governo federal e do Programa Nacional de Crescimento Verde, lançado em outubro do ano passado.
Por isso, afirmou Leite, a participação da binacional na Expo Dubai, no próximo mês de março, a pedido dos ministérios de Minas e Energia e de Relações Exteriores, é tão relevante.
“Nada melhor do que um exemplo como esse da Itaipu para mostrar ao mundo um grande modelo de produção de energia limpa e barata, aliada à atividade feita no entorno da usina para a economia verde”, analisou. “Não tem caso real maior no Brasil, e provavelmente no mundo, de uma dinâmica em que a geração de energia convive tão bem com o meio ambiente e ainda contribui para a recuperação da mata, reciclagem, biometano, pesquisas de pesca, do que esse da Itaipu”, completou.
Para Joaquim Leite, esses motivos gabaritam a usina a representar os bons exemplos brasileiros em outros eventos internacionais e, mais uma vez, na 27ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, prevista para novembro. “Estaremos juntos mais uma vez lá no Egito, onde acontecerá a COP. Itaipu é um orgulho para nós e pude rever isso aqui, mais uma vez”, concluiu.
Itaipu Binacional