Colaboradores da Itaipu Binacional e pesquisadores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e da Fundação Universitária do Campus de Marechal Cândido Rondon (Fundecamp) desenvolveram, em conjunto, um protótipo de máquina de capina a vapor para controle de plantas daninhas em lavouras orgânicas. O sistema é composto por caldeira, gerador e aplicadores, que foram fixados em uma carreta e adaptados para uso agrícola.
A iniciativa integra o rol de ações de um convênio assinado em outubro de 2020, envolvendo as três instituições, com vigência até outubro de 2023. Os investimentos totais são de R$ 6,9 milhões, sendo R$ 2,8 milhões de Itaipu. O objetivo é pesquisar tecnologias para produção orgânica (sem o uso de agrotóxicos) e estimular o plantio direto na área de abrangência da binacional.
A máquina de capina a vapor ainda está em fase de ajustes, mas já começou a ser testada em uma área experimental cedida pelo governo do Estado à Unioeste, em Entre Rios do Oeste, para projetos pedagógicos e de pesquisa.
O técnico da Itaipu Ronaldo Pavlak, da Divisão de Ação Ambiental (MAPA.CD), explica que as plantas daninhas nascem de forma espontânea e são um grande desafio para os agricultores orgânicos. Por isso, diferentes estratégias foram estudadas. “A capina, por exemplo, é muito onerosa, revolve o solo (o que não é indicado no plantio direto) e teria de ser trabalhada em áreas pequenas”, diz.
Outras soluções avaliadas foram descarga elétrica (perigosa e menos eficiente) e fogo (que apresenta risco de incêndio). A utilização da água quente poderia ser uma alternativa, mas a forma de aplicação era um grande desafio operacional. A quantidade de água utilizada por hectares e o cuidado para atingir o alvo (plantas daninhas) e não afetar a vida no solo fizeram surgir a ideia de adaptar o sistema a vapor.
“O vapor não chega a aquecer tanto o solo e, desta forma, consigo fazer o controle. O aplicador é uma campanula (como se fosse uma bacia virada de cabeça para baixo), formando um bolsão de vapor. Conforme o trator com a carreta se desloca, as plantas daninhas morrem”, diz. Segundo ele, o conceito não é novo, já foi estudado por outras instituições, mas essa é a primeira vez que um projeto semelhante sai do papel e é testado no campo.
A intenção é concluir o estudo até outubro de 2023, data limite do convênio. Em seguida, o produto poderá ser patenteado (por Itaipu e Unioeste) e ficar disponível para o mercado. “Nosso objetivo não é gerar lucro, mas contribuir para o desenvolvimento da agricultura sustentável no Brasil”, afirma.
Ainda de acordo com Pavlak, a pesquisa está alinhada à missão de Itaipu, de promover o desenvolvimento sustentável no Brasil e Paraguai, e contribui para a busca de soluções tecnológicas que reforcem a segurança hídrica, reduzindo o assoreamento do reservatório e a contaminação da água.
Convênio amplo
O convênio entre Itaipu, Unioeste e Fundecamp contempla outras ações, como testes com variedades de soja e de banana, mais adaptadas ao sistema orgânico, pesquisas de agentes biológicos para controle de pragas e doenças e técnicas de manejo e fertilidade do solo.
“Essas ações viabilizam a indissociabilidade entre pesquisa, ensino e extensão, proporcionando aos acadêmicos o fortalecimento dos conhecimentos técnicos obtidos na universidade e a agregação de valor para a sociedade”, afirma o professor da Unioeste Emerson Fey, que está à frente do desenvolvimento do protótipo.
As soluções poderão ser divulgadas junto à rede de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), que é atendida pela binacional e reúne duas mil propriedades em 44 municípios lindeiros ao Lago Itaipu e regiões Oeste do Paraná e Sul do Mato Grosso do Sul.
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