A alta de 10,06% em 2021 na inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi puxada pela aumento de 21,03% no grupo Transportes. Em 2020, o IPCA fechou o ano com alta de 4,52%. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo foi afetado em 2021 principalmente pelos combustíveis.
O gerente do IPCA, Pedro Kislanov, destaca que, de longe, o principal impacto no índice anual foi da gasolina, que correspondeu a 2,34 pontos percentuais. Apesar da queda registrada em dezembro, a gasolina acumulou alta de 47,49% em 2021 e o etanol, de 62,23%. “Em dezembro, houve queda de 0,67% na gasolina, principalmente pela redução do preço nas refinarias no dia 15 de dezembro. E o etanol, que normalmente acompanha a gasolina, uma queda de 2,96%. Foi a primeira queda em ambos depois de sete meses consecutivos de alta”, disse Kislanov.
No ano, o preço dos automóveis novos subiu 16,16% e o dos usados, 15,05%. O aumento foi provocado pelo desarranjo na cadeia produtiva do setor automotivo, que não conseguiu acompanhar a retomada da demanda global. Os transportes por aplicativo ficaram 33,75% mais caros e as passagens aéreas, 17,59%.
Habitação
A a principal alta foi na energia elétrica, com acumulado de 21,21% no ano. De acordo com Kislanov, houve progressão das bandeiras de sobretaxa na tarifa doméstica, além de reajustes tarifários. Os quatro primeiros meses do ano foram com bandeira amarela, que acrescentava R$ 1,343 a cada 100 KwH consumidos, lembrou Kislanov. “Em maio, foi acionada a bandeira vermelha patamar 1 [R$ 4,169]; em junho, a vermelha patamar 2 [R$ 6,243]; em julho, o valor dessa bandeira aumentou para R$ 9,492 e, em agosto, manteve-se essa bandeira. Com o agravamento da crise hídrica, criou-se a bandeira de escassez hídrica, com acréscimo de R$ 14,20, que foi mantida desde então e deve permanecer até abril.”
O segundo maior impacto no grupo foi o item gás de botijão, que subiu 36,99% no ano, acumulando 48,76% de aumento desde junho de 2020.
Alimentação e bebidas
Houve variação de 7,94% em 2021, menor do que a alta de 14,09% no ano anterior, quando esse item teve o maior impacto na inflação. O café moído subiu 50,24%, prejudicado pela geada nas regiões produtoras, e o açúcar refinado, 47,87%, com a competição da matéria-prima para a produção do etanol. O açúcar cristal aumentou 37,55% e o frango em pedaços, 29,85%.
Kislanov destacou que a queda dos preços da batata inglesa (-22,82%) e do arroz (-16,88%) não compensou a alta que os dois produtos tiveram no ano passado. Também aumentaram os preços da batata inglesa e do óleo de soja. “Já o açaí teve alta de 30,56% em 2020 e queda de 9,98% em 2021, mas é um produto muito regional. Só tem peso no Acre, no Maranhão e no Pará.” Também caíram os preços do feijão carioca (-8,12%) e do leite longa vida (-3,72%).
Vestuário
A quarta maior alta em 2021 (10,31%) foi no grupo Vestuário, que tinha registrado queda de 1,13% no ano anterior. De acordo com Kislanov, o aumento reflete a retomada da circulação de pessoas e o aumento nos custos da produção.
Este grupo, que foi o único com queda 2020, apresentou no ano passado recuperação de preços, relacionada à retomada da circulação de pessoas, mas também ao aumento dos custos de produção, devido ao custo mais alto do algodão e do couro, explicou Kislanov, que citou ainda o componente sazonal do fim de ano.
Agência Brasil