Choveu pouco no Paraná em dezembro. A notícia, recorrente durante os dois últimos anos, reforça a necessidade do uso racional da água – o Estado está em situação de emergência hídrica desde maio de 2020. Um levantamento realizado pelo Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) mostra que a chuva acumulada no último mês de 2021 em 12 cidades de diferentes regiões foi de 941,2 milímetros (mm), ante uma expectativa de 2.029,6 mm. Ou seja, menos da metade do que era esperado para o período (46%).
O recorte é uma amostra da situação no Estado. O monitoramento foi feito em Antonina, Curitiba, Ponta Grossa, Guarapuava, Londrina, Maringá, Francisco Beltrão, Paranavaí, Umuarama, Cornélio Procópio, Cascavel e Foz do Iguaçu. Ao longo de 2021, o Paraná superou a média histórica estipulada somente em janeiro e outubro.
“É preciso lembrar a população de que a água potável deve ser consumida prioritariamente para alimentação e higiene pessoal e que é importante, por exemplo, reaproveitarmos a água utilizada na máquina de lavar para a limpeza da casa, da área externa e calçadas”, afirma o diretor-presidente da Sanepar, Claudio Stabile.
A estiagem em dezembro castigou mais os municípios localizados na parte Oeste do Paraná. Umuarama, por exemplo, registrou precipitação acumulada de apenas 1 mm ao longo dos 31 dias do mês. Cascavel fechou com 2,8 mm e Maringá com 11,2 mm. A chuva foi um pouco mais generosa na fatia Leste. Ainda assim, dentro do conjunto de cidades mapeado pelo Simepar, apenas Antonina, no Litoral, conseguiu superar a expectativa – acumulado de 311,4 mm, 14% acima da média.
“O lado Oeste foi mais castigado por depender da umidade amazônica, das regiões tropicais mais ao Norte do País. O fluxo foi prejudicado por alguns motivos como o desmatamento da Amazônia, o que muda o clima e atrapalha a chegada das frentes ao Paraná”, alertou o meteorologista do Simepar, Fernando Mendonça Mendes.
A localização geográfica beneficiou Curitiba. A Capital ficou bem perto da média histórica, com precipitação acumulada de 120 mm, 7 mm a menos do que a média (94,5%). A água a mais ajuda a aumentar os níveis das barragens que abastecem a população da Região Metropolitana de Curitiba (RMC). De acordo com a companhia, o atual índice das barragens é de 67,82%, composto pela média do Iraí (64,95%), Passaúna (59,38%), Piraquara 1 (76,02%) e Piraquara 2 (86,38%).
Ainda assim, a cidade segue com restrições no abastecimento. Em rodízio no fornecimento desde 2020, o modelo em vigor atualmente é de 60 horas com água e interrupção também de 36 horas – após suspensão temporária no fim de ano, o modelo será retomado em toda a região a partir desta terça-feira (04).
Em outras regiões do Estado, o rodízio está implantado em Nova Laranjeiras, Dois Vizinhos, Pranchita e Santo Antônio do Sudoeste, devido à baixa vazão de rios e poços.
AEN