O Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR) divulgou uma lista de municípios que estão com obras públicas paradas. De acordo com o Tribunal, em todo o estado são 355 obras paralisadas, das quais 59 são em Foz do Iguaçu, o município que lidera a lista. No entanto, a administração municipal questiona o número e declara que são apenas 11 que estão paralisadas.
“Se andarmos pela cidade, não é possível ver essas obras, porque é um tramite administrativo que precisamos fechar com o Tribunal” explicou o Secretário de Obras, Cesar Furlan. “Tem na lista obras de 2011, mas são obras que administrativamente estão com 99.49%, ou seja, a obra está concluída, falta apenas um fechamento de tramite administrativo, algum documento que falta o município aportar” justificou.
“Como exemplo cito o Ginásio de Esportes na Escola Emílio de Menezes, no Morumbi, já foi concluído, já foi dado uso pra ele, mas falta entregar os documentos para fechar o tramite” argumentou. “Temos vários recapes que estão incluso na lista que já foram feitos e continuam em abertos na lista do Tribunal de Contas” afirmou o Secretário.
TCE-PR
De acordo com o Tribunal de Contas, as obras indicadas como paralisadas estão localizadas em 121 municípios, número que representa 30% do total – o Paraná é composto por 399 municípios. São edificações (como escolas, creches, unidades básicas de saúde), obras de pavimentação, saneamento e iluminação pública. “Além da depreciação física das construções, a paralisação compromete os serviços já executados e, o mais grave, priva a população dos benefícios desses investimentos”, afirma o coordenador-geral de Fiscalização do TCE-PR, Cláudio Henrique de Castro.
O levantamento foi realizado pela Coordenadoria de Obras Públicas (COP), a pedido da CGF. A unidade técnica confrontou as informações sobre obras paralisadas, declaradas pelos próprios municípios, no Portal Informação para Todos (PIT) do TCE-PR, com as respostas a um questionário enviado a 290 entidades da administração direta e indireta, de 269 municípios. Esses entes públicos possuíam pelo menos uma obra registrada como paralisada no PIT em 22 de setembro passado. O número total de obras classificadas nessa condição naquela data era de 1.232.
Em resposta ao questionário, até 8 de outubro os gestores municipais informaram a situação relativa a 1.072 obras (87% do total). Dessas 1.072 obras, 703 (66%) foram declaradas como retomadas. As outras 355 (34%), que somam valor total estimado de R$ 365.736.370,65, foram classificadas como paralisadas nos questionários, por não haver indicação de retomada.
“O levantamento também serviu para confirmar a necessidade de que os municípios atualizem as informações relativas às obras nos sistemas do Tribunal de forma mais fidedigna e tempestiva, pois constatamos que algumas das obras indicadas como paralisadas na verdade estavam em andamento ou até concluídas”, avalia o analista de controle Lincoln Santos de Andrade, coordenador da COP.
Situação
Segundo os gestores municipais, os principais motivos da paralisação das obras, apontados em 61% dos casos, foram o descumprimento das obrigações contratuais pelas empresas contratadas (36%) e a necessidade de alterações em projetos ou na execução de serviços não previstos inicialmente (35%).
De acordo com o levantamento, consolidado em 13 de outubro, o município com maior número de obras declaradas como não retomadas pelas administrações municipais é Ribeirão Claro, com 18; seguido de Araucária e Luiziana, ambos com 14; Altônia (12) e Foz do Iguaçu (11). No entanto, é importante ressaltar que, se consideradas as informações do PIT e não as respostas ao questionário, o município com maior quantidade de obras paralisadas é Foz do Iguaçu (59), seguido por Colombo (29), Ivaiporã (25) e Guaraqueçaba (24).
Embora com somente quatro obras classificadas como paralisadas, Curitiba, a capital do Estado, representa o maior volume de recursos aplicados: R$ 144,9 milhões, basicamente em obras de pavimentação. Em segundo lugar está Araucária, cujas 14 obras paralisadas somam valor estimado de R$ 16,2 milhões. As posições seguintes são ocupadas por Laranjeiras do Sul (R$ 15,8 milhões), Foz do Iguaçu (R$ 13,6 milhões) e Jacarezinho (R$ 12,4 milhões).
O levantamento apontou que, das obras paralisadas registradas no PIT em 22 de setembro, 108 foram iniciadas há mais de dez anos. A mais antiga – uma escola no Jardim Primavera, em Figueira – teve início há 28 anos, em 1993, e foi abandonada com menos de 35% dos serviços executados. Havia 75 obras paralisadas em período superior a dez anos. Dessas, a que está parada há mais tempo é a construção de um abatedouro de animais em Tamboara, abandonada em 1996, com 18% das obras executadas.
Com TCE-PR