“Se eles são Foz, a gente é nascente.” É com essa mensagem de alerta e esperança que o rapper Renan Inquérito e o produtor Pop Black (ambos de São Paulo) lançam um videoclipe que apresenta um jovem talento de Foz do Iguaçu. Rap na Medida chega às redes nesta quarta-feira (27).
O videoclipe – resultado da parceria entre os músicos paulistas e o jovem iguaçuense Ezael Messias da Costa – é mais um dos frutos das oficinas que os músicos realizam há mais de dez anos com adolescentes de todo o Brasil, sempre utilizando a música e a poesia como ferramenta socioeducativa.
“Para nós a ponte foi muro a vida inteira, e qual que é a verdadeira fronteira? Com o Paraguai ou com a periferia? A da Argentina ou entre a madame e a Maria?” Nessas rimas de estreia o jovem MC traduz de maneira simples e direta seu sentimento de invisibilidade e falta de pertencimento à cidade. No refrão, ponto alto da música, a mensagem fica ainda mais evidente: “Ninguém é mais do que ninguém, quem nunca errou me fala quem, só quero ser feliz também, ser feliz.”
“Conhecemos o Ezael em abril deste ano, em uma oficina que realizamos junto ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e a Secretaria Municipal de Assistência Social de Foz do Iguaçu”, explica Renan Inquérito. “Foi uma surpresa para nós o talento e a desenvoltura dele, por isso decidimos presenteá-lo com este convite, esta parceria.”
Com imagens captadas nas ruas de Foz do Iguaçu, Marco das Três Fronteiras e no estúdio onde as gravações foram realizadas, o clipe, todo em preto e branco, traz cenas intimistas que retratam o encontro do jovem com os músicos paulistas, conduzido pelas rimas e batidas atravessadas por um solo mágico de saxofone.
Rap na Medida enche os olhos, os ouvidos e o coração, sem medida, sem receita e sem regras. “Resgata a essência do hip-hop e seu poder transformador. E isso a gente vê no sorriso sincero e nos olhos atentos, tímidos e curiosos de um MC entrando pela primeira vez num estúdio de gravação”, diz Renan.
A experiência foi transformadora, admite Ezael. “Foi como se eu tivesse pisando no meu próprio estúdio para gravar um som pro Brasil todo. E o videoclipe me fez sentir no coração como é ser um cantor de rap profissional”, afirma. “Amei fazer a música e o clipe e agora procuro me dedicar a isso, para que eu tenha um futuro lá na frente.”
Assim, Ezael deixou para trás o sonho de ser jogador de futebol para empunhar um microfone e retratar em rimas contundentes a vida nas regiões mais pobres de Foz do Iguaçu, fazendo disso uma possível carreira – quem sabe? “Vou colocar esse foco na minha cabeça e seguir em frente.”