O Ministério Público do Paraná (MP-PR) denunciou, nesta quinta-feira (8), o ex-marido de Ana Paula Campestrini, Wagner Cardeal Oganauskas, por homicídio triplamente qualificado. Entre as motivações apontadas, a promotora Roberta Franco Massa cita a lesbofobia, uma vez que o acusado não aceitava o relacionamento mantido por Ana Paula com uma mulher. Outras duas pessoas foram denunciadas, incluindo o homem apontado como executor do crime, Marcos Antônio Ramon.
De acordo com a promotora, a investigação da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) demonstra o feminicídio. “Foi um crime praticado em contexto de violência doméstica e domiciliar, haja vista que um dos denunciados foi casado com a vítima”, explicou.
Ana Paula foi atingida por diversos tiros quando chegava em sua residência, no bairro Santa Cândida, em Curitiba, em 22 de junho. Ela havia deixado os filhos no clube em que Oganauskas é sócio e teria sido seguida até em casa pelo atirador.
Na denúncia, o MP-PR sustenta que a motivação do crime teria sido o fato de o ex-marido não aceitar o novo relacionamento mantido pela vítima, com uma mulher. Conforme a denúncia, o acusado teria passado a “empreender diversos constrangimentos e problemas contra a vítima”, principalmente ao dificultar o livre acesso dela aos filhos do casal (executado por meio de alienação parental) e aos bens adquiridos na constância do casamento (ocultação de bens). “Assim, motivado pela lesbofobia demonstrada com o inconformismo perante o novo relacionamento da ofendida […] e munido de egoísmo ao não acatar às reiteradas decisões judiciais em prol da devida divisão de bens entre os ex cônjuges”, o denunciado teria decidido pagar recompensa no valor de R$ 38 mil em troca da morte da ex-esposa.
Câmeras desligadas
Para executar o crime, o ex teria, intencionalmente, autorizado a emissão de carteirinha do clube do qual era presidente para que a mulher pudesse levar os filhos ao local. Também fez com que as câmeras de segurança do clube fossem desligadas, para que o autor dos disparos pudesse seguir a vítima dali até sua casa, executando o crime sem ser reconhecido ou identificado (dirigindo uma moto sem placas).
O terceiro denunciado, acusado de fraude processual, teria, a pedido do responsável pelos tiros, apagado de seu celular as conversas mantidas com o mandante do homicídio. O objetivo dessa ação era induzir os peritos e autoridades judiciais a erro.
Machismo
Foram consideradas como qualificadoras para o homicídio o fato de ter sido praticado em razão do sexo feminino da vítima (feminicídio), ter sido utilizado recurso de dissimulação que dificultou sua defesa e o motivo torpe. A conduta dos denunciados, reforça o Ministério Público, demonstra “inaceitável machismo e intolerável misoginia, que naturalizam a violência de gênero e perpetuam a desigualdade entre homens e mulheres, o que é rechaçado pela Constituição Federal”.
Dois dos denunciados (o ex-marido, mandante do crime, e o autor dos disparos) estão presos temporariamente, tendo o Ministério Público do Paraná requerido à Justiça a conversão em prisão preventiva.
Outro lado
Em nota, a defesa de Wagner e Marcos Antônio informou que ambos estão à disposição da Justiça. “A oferta de denúncia pelo MP é consequência natural da conclusão do inquérito e que formulará defesa no curso do processo”, diz comunicado feito à imprensa.
Fonte: Banda B