O balanço operacional da Ferroeste (Estrada de Ferro Paraná S/A) dos primeiros seis meses do ano indica que a empresa deve manter o bom desempenho registrado em 2019 e 2020, com os primeiros resultados positivos de sua história.
Entre janeiro e junho circularam pelos trilhos da ferrovia entre Cascavel e Guarapuava 6.638 contêineres, volume 13% superior na comparação com os seis primeiros meses de 2020 (5.873).
Foram 800 mil toneladas de produtos, crescimento de 3% em relação ao mesmo período do ano passado (775 mil). Grãos de soja (550 mil/ton) e proteína animal (240 mil/ton) lideram a lista e correspondem quase à totalidade do que foi transportado. A empresa também movimentou produtos industrializados e fertilizantes.
Segundo a estatal, a alta pegou carona no aumento da produção de proteína animal no Paraná. Com esses números, há expectativa de ultrapassar a barreira de 1,3 milhão de toneladas do ano passado (janeiro a dezembro).
“Estamos evoluindo todos os anos, resultado influenciado pelo aumento do nosso desempenho operacional e pelo acordo de passagem com a Rumo. Nos tornamos mais ágeis e estratégicos para o setor produtivo, mostrando que o modal ferroviário começa a ser percebido de outra maneira no Paraná”, disse o diretor-presidente da Ferroeste, André Gonçalves.
Nestes primeiros meses a empresa também registrou lucro operacional de R$ 400 mil (já descontada a depreciação) e pode repetir o bom desempenho dos anos anteriores, encerrando o ano no azul. O resultado foi conquistado pela mudança de gestão que permitiu a geração positiva de caixa em 2019 (R$ 453 mil) e 2020 (R$ 1,27 milhão).
PERFIL
Quase tudo que percorre os trilhos da Ferroeste é produzido na região Oeste do Estado. O restante vem do Mato Grosso do Sul e do Paraguai. Cerca de 60% da soja segue com destino ao Porto de Paranaguá e os outros 40% desembarcam em Guarapuava para beneficiamento no município.
“Os vagões descem com soja e contêineres refrigerados e voltam com fertilizantes para as cooperativas locais que fazem a distribuição na região. Existe ainda um fluxo interno de cimento na região”, explicou o diretor Gerson Almeida, diretor de produção da Ferroeste.
O grande diferencial para esses resultados, segundo ele, foi a gestão de custos e a otimização das viagens para exportação e importação. Essa cadência ajudou, principalmente na redução do consumo de óleo diesel, que representa 35% do custo operacional. A regra é não perder nenhuma possibilidade de negócio.
“Apesar do volume estar muito parecido com 2020, a gestão de custos continua muito forte, além da busca por cada oportunidade”, afirmou. A empresa segue de olho em novos projetos e parcerias com clientes para reduzir os custos e tornar a ferrovia mais competitiva.
Um das conquistas recentes é um acordo com a Rumo Logística para ceder o direito de passagem pelos trilhos, o que amplia a capacidade de escoamento e diminui o tempo de transporte. Atualmente, a multinacional é responsável pela operação entre Guarapuava e o Porto de Paranaguá, enquanto a Ferroeste administra o trecho ferroviário entre Cascavel e Guarapuava.
FERROVIA
Hoje a Ferroeste opera um trecho que 246 quilômetros. O pátio da região Oeste abriga 14 empresas com um mix de produtos que varia entre químicos, cimento, grãos e farinha de trigo.
Dois estudos que estão em andamento avaliam a viabilidade técnica e econômica (EVTEA-J) e outro de impacto ambiental (EIA/RIMA) para a Nova Ferroeste, ligação entre Maracaju, no Mato Grosso do Sul, e Paranaguá, além de um ramal entre Foz do Iguaçu e Cascavel. O novo traçado, que vai utilizar a estrutura existente, passa por oito cidades do Mato Grosso do Sul e 41 do Paraná, e terá 1.285 quilômetros, 400% a mais que o original.
O projeto deve ser finalizado em 2021 e levado para uma série de audiências públicas em todas as regiões impactadas. O investimento estimado é de R$ 25 bilhões. A execução será responsabilidade do vencedor do leilão na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), com previsão para o primeiro quadrimestre de 2022.
A Nova Ferroeste é estratégica para o País. O projeto foi qualificado como prioritário no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal. A inclusão garante celeridade na articulação com as entidades intervenientes, aquelas que acabam envolvidas nos processos de licenciamento, como Ibama, Funai, ICMBio e Incra.
AEN