O prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro, vai reforçar na segunda-feira, 17, o pedido ao governo federal para a instalação de barreiras sanitárias na Ponte da Amizade, fronteira com o Paraguai. A principal preocupação é com a circulação de pessoas de países e regiões com aumento exponencial de casos de covid e novas variantes do coronavírus. Brasileiro citou a decisão de Brasília que proibiu o pouso de aviões provenientes da Índia, entre outros países, no território nacional.
Chico Brasileiro disse que não é questão de fechar a ponte e impedir o trânsito entre os dois países. “Na nossa fronteira não existe qualquer tipo de controle do fluxo de pessoas. Temos que ter essa barreira que pode ser feita pela prefeitura, com agentes sanitários, em conjunto com órgãos federais para fazer controle e exigir o (teste) RT-PCR negativo. Já fizemos esse pedido duas vezes e infelizmente até agora não há um consenso”, disse em entrevista neste sábado, 15, à Rádio Cultura.
Brasileiro participou do programa Foz em Ação, informativo institucional da prefeitura, e atentou que “a situação da pandemia mudou” porque o governo federal recomenda aos prefeitos o controle das entradas e dos aeroportos sobre “as pessoas que estão vindo da Índia”. “A fronteira de Foz do Iguaçu com Ciudad del Este pode ser uma porta de entrada de novas variantes do vírus, o que pode colapsar o sistema de saúde que já está no limite”.
Entrada
O pedido para instalação de barreiras sanitárias na ponte, segundo o prefeito, será reforçado junto aos ministérios da Saúde, das Relações Exteriores e da Defesa. “São vários ministérios envolvidos nesta decisão, mas é a nossa grande preocupação neste momento, já que daqui a pouco começa o inverno e a situação pode ficar mais aguda”.
O governo federal publicou na noite de sexta-feira, 14, portaria que proíbe temporariamente a entrada no país de passageiros estrangeiros de voos com origem ou passagem pela Índia, Reino Unido, Irlanda do Norte e África do Sul. O texto é assinado pelos ministros Marcelo Queiroga (Saúde), Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil) e Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública) e foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União.
No Paraguai, os casos de covid explodiram o colapsaram o sistema de saúde do país vizinho, sendo que a principal entrada ao Brasil é feito pela Ponte da Amizade. “Exemplo positivo nos primeiros meses da pandemia, por manter a doença sob controle com regras de isolamento social e fechamento de fronteiras, o Paraguai agora vive seu pior momento da crise sanitária, com rápido aumento no número de casos e mortes, colapso hospitalar, UTIs com ocupação total e fila de pacientes aguardando por leitos”, apontou neste sábado, 15, a Folha de S. Paulo.
“Nos primeiros meses deste ano, o total de mortes por Covid-19, que supera 5.000, é mais do que o dobro das 2.262 mortes de todo o ano passado. Os números absolutos podem parecer baixos, mas proporcionalmente à população, de 7 milhões de pessoas, são preocupantes. O país tem, por exemplo, o segundo maior índice mundial de mortes diárias por milhão de habitantes: 11,22, perdendo apenas para o Uruguai”, registrou o diário paulista.
Usuários do SUS
O prefeito de Foz do Iguaçu disse que não há outra alternativa do que a colaboração de todos neste momento, novamente, agudo da pandemia e que são difíceis as medidas tomadas pelos gestores municipais. “Cada cidadão tem que ter atitude nesse momento, uma responsabilidade coletiva, tem que ter colaboração. Não podemos ficar cada vez mais postergando, jogando para frente (as decisões), a doença piorando, os internamentos aumentando com mais mortos”.
“A nossa preocupação é não deixar a doença aumentar, aumentar a transmissão e transmissão se dá pela circulação de pessoas. Essa circulação de pessoas que estamos segurando neste final de semana”, completa.
Com 258 mil habitantes, Foz do Iguaçu tem um impacto, segundo o prefeito, de um milhão de pessoas, uma parte considerável delas mora no Paraguai. A cidade brasileira tem mais de 424 mil usuários do cartão do SUS (Sistema Único de Saúde).