Adiamento do retorno das aulas presenciais na rede pública municipal: este foi o pedido feito pelos dirigentes do Sindicato dos Professores e Profissionais da Educação da Rede Pública Municipal de Foz do Iguaçu (SINPREFI) para o prefeito Chico Brasileiro durante reunião ontem (26), no gabinete.
“Já perdemos sete professores desde que as atividades de trabalho presenciais foram retomadas nas unidades escolares,” relembrou a presidente do SINPREFI, Marli Maraschin de Queiroz. “Profissionais estão indo preparar as atividades nas escolas, fazer a entrega aos responsáveis pelos alunos, receber atividades preenchidas, corrigir e até distribuir cestas básicas,” ressaltou ela.
A preocupação do sindicato é que, com a movimentação dos alunos da rede pública municipal (além dos responsáveis por eles), o número de mortes se multiplique e o sistema de saúde tenha novo colapso.
Projeto-piloto
A prefeitura prevê retorno às aulas presenciais em formato de projeto-piloto, envolvendo cinco escolas, no dia 3 de maio. “Serão poucas turmas e haverá poucos alunos por sala”, ressaltou a secretária de educação, Maria Justina, também presente à reunião juntamente com o vice-prefeito, delegado Francisco Sampaio.
De acordo com os representantes do município, todos os profissionais e alunos envolvidos com a retomada das aulas presenciais farão o exame de COVID-19 antes do início das aulas e quando completar uma semana de aula.
Diante da confirmação do início do projeto-piloto, o SINPREFI fará reuniões com os profissionais das unidades de ensino que foram escolhidas e reafirma a defesa do direito de proteção à saúde e à vida.
Condições de controle
As dirigentes sindicais contestaram a qualidade das máscaras entregues aos educadores municipais pela prefeitura. “Os profissionais receberam máscaras de tecido, todos sabemos que isso não é suficiente para evitar a contaminação”.
O prefeito Chico Brasileiro concordou com a observação e, imediatamente, ligou para a secretaria de saúde, solicitando que sejam providenciadas máscaras do modelo N 95 para os profissionais da educação que atuarão no projeto-piloto de volta às aulas presenciais.
Mesmo com a disponibilidade de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) adequados, as representantes sindicais avaliam que somente com a vacinação da comunidade escolar haveria condições de planejar o retorno com segurança e defendem a manutenção das atividades remotas até que a vacina seja disponibilizada para a população, como deliberado por 93,7% da categoria em assembleia geral do dia 25 de março.
Luto
O SINPREFI está montando um grupo de apoio para atender as famílias dos educadores que faleceram. Além dos sete profissionais da ativa, outra professora aposentada morreu por consequências causadas pelo novo coronavírus. Há, ainda, profissionais da educação que perderam familiares.
“São várias famílias enlutadas, temos buscado formas de dar apoio e essa medida de retomada das aulas presenciais é uma afronta à dor das famílias dos quase 760 moradores de Foz do Iguaçu que já se foram nesta pandemia,” disse a presidente do sindicato.
O prefeito Chico Brasileiro justificou que há várias questões envolvendo o tema da volta às aulas presenciais. Segundo ele, há crianças em situação de risco, desprotegidas e que têm, na rede educacional do municipal, um ponto de apoio inclusive para a alimentação.
“Adotaremos todos os cuidados necessários,” assumiu ele, “equipes da Vigilância Sanitária irão monitorar as unidades escolares e as famílias, observando e notificando sintomas”. As representantes do SINPREFI questionaram se haverá servidores em número suficiente para cumprir essas medidas.
A educadora e líder sindical, Viviane Jara Benitez, rebateu: “O senhor não tem medo que haja mais mortes? Como o senhor vai lidar com a situação de alguma morte causada por esse projeto-piloto?”. Chico Brasileiro justificou que, se não tomar providências gradativas para o retorno presencial, corre o risco de ter de adotar medidas desordenadas causadas pelo apelo popular.
As líderes sindicais solicitaram que o prefeito torne públicas todas as atividades que vêm sendo feitas pelos profissionais da educação para manter os alunos em casa, como preparação das atividades remotas, correções, mediação de informações em grupos de WhatsApp, atendimento aos pais, entregas de cestas básicas, etc.
Quem são os profissionais representados pelo SINPREFI?
O SINPREFI representa cerca de 2.000 profissionais que atuam na área da educação municipal, entre eles: professores, secretários de escola, coordenadores, diretores, agentes de apoio, auxiliares de serviços gerais e merendeiras.
Esses profissionais trabalham na Educação Infantil (CMEI´s) e nos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), portanto são responsáveis por crianças de 6 meses a 10 anos (aproximadamente).
Fonte: Assessoria de imprensa.