A vocação turística de Foz do Iguaçu está diante de um ponto de virada. Nesta quarta-feira (7), o Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu/Cataratas foi protagonista de dois eventos que prometem potencializar o fluxo na região. De um lado, o aeroporto inaugurou a ampliação da sua pista de pousos e decolagens, com 660 metros a mais de extensão, a maior do Sul do Brasil. A obra, que custou R$ 53,9 milhões, foi custeada pela Itaipu Binacional e pela Infraero.
Por outro lado, o terminal foi leiloado pela Infraero junto de outros três aeroportos paranaenses. O Bloco Sul, que integra os quatro terminais, foi arrematado por R$ 2,128 bilhões – um ágio de 1.534% da proposta inicial mínima de R$ 130,2 milhões. Com a concessão, que terá duração de 30 anos, o aeroporto passará por uma série de novas obras, que inclui, dentre várias outras, a ampliação de áreas de embarque.
Ambos os fatos causaram um forte impacto positivo no setor produtivo da cidade, que entende que essa ampliação vai atrair ainda mais investimentos e desencadear um rápido desenvolvimento na região – o qual deve ser protagonizado pelo turismo. A expectativa é que, até 2050, o aeroporto receba 9,1 milhões de passageiros no total – um crescimento de 295% com relação a 2018 (2,3 milhões de passageiros).
Para o prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro, é possível aumentar em 25% o número de turistas estrangeiros na cidade. “O aeroporto é um dos pontos estratégicos de desenvolvimento da cidade. Pelo nosso perfil anterior à pandemia, 40% dos turistas que vêm a Foz do Iguaçu são estrangeiros. Temos uma perspectiva de crescer esse nível e chegar a 50%”, pontuou o prefeito.
Para Felipe Gonzalez, presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Foz do Iguaçu (Codefoz), a ampliação do terminal era um sonho antigo do setor privado. “O aeroporto vem passando por pequenas modificações ao longo do tempo, mas dessa vez vimos uma reestruturação ao nível do que estávamos esperando: buscar transformar essa região em um hub ligando importantes destinos da América do Sul e América Latina, recebendo voos que venham da área internacional”, explicou.
Gonzalez também espera que essa seja a oportunidade de atingir novos patamares em desenvolvimento turístico e comercial, atraindo também novos investimentos e negócios voltados à importação e exportação. “Temos a maior obra de engenharia do planeta atualmente, a Itaipu; temos as Cataratas; temos fronteira com Argentina e Paraguai; e toda uma região voltada ao agrobusiness. Agora, vamos retomar nossos contatos que existiam antes da pandemia oferecendo essa estrutura extraordinária do aeroporto. Para nós é um momento fundamental, que nos anima a atingir os objetivos que toda a comunidade vem se propondo”, afirmou.
TURISMO
Pelos seus atrativos, a cidade historicamente recebe um grande número de turistas internacionais. Apenas em 2018, as Cataratas do Iguaçu registraram aumento de 9,3% no número de visitantes estrangeiros. Entre 2000 e 2018, o aeroporto teve aumento de cinco vezes na movimentação total de passageiros, chegando a 2,3 milhões de pessoas.
No entanto, pela antiga extensão da pista, o aeroporto não permitia a decolagem de aeronaves de grande porte. “Se a pista é curta, em algum local você precisa tirar peso do avião para que ele decole com segurança. O primeiro lugar que você tira é combustível, e então você calcula até onde você pode ir com o que ficou. Quando você aumenta a pista, pode colocar mais combustível e levar o avião mais longe”, explicou o secretário de Turismo de Foz do Iguaçu, Paulo Angeli. “Primeiro ele nos dá segurança, e segundo nos dá a possibilidade de voos de longa distância”.
Das 22 mil operações realizadas em 2018, apenas 5% eram voos internacionais. A única rota internacional operacionalizada pelo aeroporto era até Lima, no Peru. Segundo estudo de viabilidade realizado para o leilão, ampliação permite a viabilização imediata de novas rotas para Bolívia e Chile.
“Como Foz é um dos destinos preferidos dos estrangeiros no Brasil, temos um grande potencial de trazer essas pessoas diretamente pra cá. Nosso grande gargalo era que você não conseguia vir de Portugal, da Espanha ou do Panamá – um grande hub da América Central – para Foz”, pontuou o prefeito Chico Brasileiro. “Aqui, os projetos estão saindo do papel, e isso atrai mais investidores, criando uma cadeia. Nesse cenário, a prefeitura atua como articuladora, destravando a burocracia”.
AEN