“Ninguém quer parar de trabalhar, nós apenas queremos preservar vidas e evitar o colapso do sistema de saúde do município.” A fala de Marli Maraschin de Queiroz, presidente do Sindicato dos Professores e Profissionais da Educação da Rede Pública Municipal de Foz do Iguaçu (SINPREFI) tem se repetido numa sequência de reuniões realizadas desde o início do mês de fevereiro com representantes do executivo municipal.
Desde que as reuniões pedagógicas presenciais iniciaram nas unidades escolares, o SINPREFI já foi informado da contaminação de, pelo menos, 17 educadores municipais: 12 atuam em escolas municipais (4 deles na mesma escola) e 5 em Centros de Educação Infantil (CMEI´s) do município. Desse total, 3 profissionais estão internados, sendo que, de acordo com informações recebidas pelo SINPREFI, um deles aguardava vaga na UTI, em Foz.
“A situação dessa professora que não conseguiu vaga na UTI em Foz comprova que o sistema de saúde do município já não consegue mais dar suporte ao número de casos,” defende a diretora de políticas sindicais do SINPREFI, Viviane Jara Benitez.
Segundo ela, a movimentação nas escolas põe em risco não só os profissionais da educação, mas toda a comunidade escolar, incluindo os alunos, os pais e os demais familiares. O boletim divulgado ontem (23) pela Vigilância Epidemiológica de Foz do Iguaçu, aponta 401 novos casos de COVID-19 em 24h.
Para as diretoras sindicais, retomar as aulas na próxima segunda-feira (01) no modelo híbrido (remoto + presencial) apresentado pela Secretaria Municipal de Educação (SMED) cria um perigo de contaminação que pode ser evitado.
O SINPREFI defende que as aulas sigam no modelo adotado no ano passado, com atendimento remoto. A presidente do sindicato reitera que os profissionais da educação não pararam de trabalhar, pelo contrário: tiveram que se reinventar, usar equipamentos próprios, internet de casa, avançar além do horário de trabalho para dar conta dessa demanda que foi uma novidade para todos. “Estamos dispostos a seguir nos sacrificando para preservar vidas. Sabemos que muitos pais nos apoiam nesta decisão e farão o sacrifício junto conosco, como já fizeram!”, defende ela.
O SINPREFI encaminhou ofício à SMED na segunda-feira (22) solicitando atualização diária do número de casos de educadores municipais infectados, mas ainda não foi respondido. Além disso, o sindicato irá buscar, junto aos órgãos de saúde, a possibilidade de fechamento de uma das escolas municipais onde 4 profissionais estão contaminados pela COVID-19.
No dia 10 de fevereiro, em Assembleia Geral, os educadores sinalizaram estado de greve como alerta contra a retomada das aulas presenciais. Além disso, 1.029 profissionais da educação responderam um formulário digital elaborado pelo sindicato e 73,9% do total registraram que são contrários à volta às aulas presenciais. Na próxima sexta-feira (26) haverá nova Assembleia Geral para deliberar sobre indicação de paralisação por prazo determinado ou indeterminado caso o município insista em manter o retorno às aulas de forma presencial.
Quem são os profissionais representados pelo SINPREFI?
O SINPREFI representa cerca de 2.000 profissionais que atuam na área da educação municipal, entre eles: professores, secretários de escola, coordenadores, diretores, agentes de apoio, auxiliares de serviços gerais e merendeiras. Esses profissionais trabalham na Educação Infantil (CMEI´s) e nos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), portanto são responsáveis por crianças de 6 meses a 10 anos (aproximadamente).
A Secretaria Municipal de Educação anunciou o retorno às aulas em formato híbrido (presencial + remoto) para crianças a partir de 4 anos, iniciando no dia 1º de março.
Assessoria Sinprefi