Profissionais da educação que atuam na rede pública municipal de Foz do Iguaçu decidiram instaurar estado de greve em Assembleia Geral promovida ontem (10) pelo Sindicato dos Professores e Profissionais da Educação da Rede Pública Municipal de Foz do Iguaçu (SINPREFI) contra as aulas presenciais incluídas no formato híbrido (presencial + remoto) apresentado pela Secretaria Municipal de Educação (SMED).
Mais de 300 pessoas participaram da assembleia. Na votação realizada de forma on-line, 91,3% dos educadores que se manifestaram deliberaram pelo estado de greve que é um alerta para uma possível paralisação.
A proposta do SINPREFI é manter o atendimento remoto como vinha sendo feito com muito esforço por parte dos profissionais até que haja condições sanitárias que possam dar segurança para proteção da saúde de toda a comunidade.
“Não estamos defendendo apenas as nossas vidas, a movimentação em escolas e CMEI´s impacta profundamente nas comunidades,” manifestou a diretora de políticas sindicais do SINPREFI, Viviane Jara Benitez. Segundo ela, a volta às aulas presenciais neste momento poderia colapsar o sistema de saúde e resultar em muito mais mortes.
Diretores do SINPREFI integram o Comitê de Volta às Aulas do município, formado por representantes de vários setores ligados à educação, inclusive da área da saúde, para analisar as condições de retomada das aulas presenciais nas unidades escolares do município. O último boletim divulgado pela prefeitura de Foz do Iguaçu, em 10/02/21, registra 202 novos casos de COVID-19 e um óbito, totalizando 357 mortes na cidade em decorrência do novo coronavírus.
Meios de imprensa divulgaram que todos os leitos de UTI COVID do Hospital Municipal estão ocupados pelo segundo dia consecutivo. “Nossa decisão é manter estado de greve até que se tenha condições de retomar as aulas presenciais com segurança, até que haja vacinação para todos e que o avanço da COVID-19 esteja contido,” afirma a presidente do SINPREFI, Marli Maraschin de Queiroz.
Além disso, os diretores do SINPREFI apresentaram dados referentes a um formulário digital elaborado pelo sindicato e respondido por 1.029 profissionais da educação nos últimos dias: 73,9% do total responderam que são contrários à volta às aulas presenciais e apenas 26,1% sinalizaram ser favoráveis ao retorno às atividades em sala de aula.
Quem são os profissionais representados pelo SINPREFI?
O SINPREFI representa cerca de 2.000 profissionais que atuam na área da educação municipal, entre eles: professores, secretários de escola, coordenadores, diretores, agentes de apoio, auxiliares de serviços gerais e merendeiras. Esses profissionais trabalham na Educação Infantil (CMEI´s) e nos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), portanto são responsáveis por crianças de 6 meses a 10 anos (aproximadamente).
A Secretaria Municipal de Educação anunciou o retorno às aulas em formato híbrido (presencial + remoto) para crianças a partir de 4 anos, iniciando no dia 1º de março.
Na última segunda-feira (08), cerca de 40 representantes destas unidades escolares participaram de uma videoconferência promovida pelo sindicato e manifestaram muita preocupação em relação ao contexto da volta às aulas presenciais, em função da necessidade primordial de distanciamento, uso de máscaras e desinfecção de objetos.
Eles pontuaram que nessa fase da infância as crianças ainda não são capazes de cuidar da própria saúde e isso será uma grande responsabilidade que vai recair sobre os professores nesse contexto de pandemia. A pergunta é: como evitar o contato se nesta faixa etária o aluno precisa de ajuda para se alimentar e ir ao banheiro? Relembraram que o ensino nas séries iniciais é baseado em atividades de contato entre professores e alunos, colegas de classe e muita interatividade.
Outro fator é a questão dos Equipamentos de Proteção Individual – EPIs, disponibilizados pelo município para cada escola e CMEI. Professores receberam máscaras e apenas dois jalecos, o que não julgam suficiente para fazer a alternância, principalmente para aqueles profissionais que atuam em várias turmas ou lecionam em duas escolas.
Os estagiários não foram contemplados com EPIs. Em algumas unidades faltam funcionários na área de limpeza, cozinha e ainda para o caso de substituição de professores, afastados por problemas de saúde.
Fonte: Assessoria