Os criminosos foram atraídos pela agilidade que o Pix proporciona nas transações bancárias. Com as transferências ocorrendo de forma rápida e gratuita, a ação dos estelionatários se aprimorou, permitindo que sejam movimentadas grandes quantias rapidamente, diminuindo as chances de a vítima conseguir cancelar a operação antes de perder o dinheiro.
O modo de atuação permanece o mesmo, utilizando o WhatsApp. O golpe, basicamente, tem duas etapas. O primeiro passo é conseguir sequestrar ou clonar a conta de alguém no WhatsApp. O golpista entra em contato e simula uma pesquisa ou atendimento. Depois, pede a confirmação de um código enviado para o celular da vítima. Este código permite que o criminoso tenha acesso a conta de WhatsApp em outro aplicativo.
Com a conta sequestrada ou clonada, o estelionatário manda mensagens para contatos da primeira vítima, pedindo algum tipo de pagamento ou transferência. Normalmente, a solicitação é envolvida em um enredo, que ajuda a dar a impressão de que se trata de um pedido real a ser atendido. Com o Pix, a transferência ocorre de forma imediata e, então, quando a vítima percebe que caiu em um golpe, acaba sendo tarde demais.
O advogado Henrique Salvati Beck Lima explica que antes os golpistas costumavam pedir transferência por DOC ou TED. “No caso do DOC, o dinheiro só cai na conta beneficiada no dia útil seguinte. Já o TED é imediato, mas tem restrição de horário definido pela instituição e só fica disponível em dias úteis, o que restringe bastante a atuação dos criminosos. Outro ponto era cobrança de taxas, que também serviam de barreira”, explica Henrique. “No caso do PIX, como é gratuito para pessoas físicas, a tendência é que a vítima tenha mais disponibilidade em fazer a transação”, complementa.
Para evitar ser vítima de estelionato digital, a orientação é no sentido de não efetuar transferência ou pagamento a pedido de alguém sem antes falar com o solicitante pessoalmente ou por chamada telefônica. “É importante também verificar atentamente os dados do destinatário que aparecem antes de confirmar a transferência, pois normalmente o pedido de transferência é realizado em nome de um terceiro. Assim, é importante ficar atento caso o Pix, DOC ou TED estejam em nome de algum desconhecido, pois pode ser sinal de fraude”, pontua Henrique Salvati Beck Lima.
O advogado orienta que ao cair num golpe, o primeiro passo da vítima deve ser avisar imediatamente o banco para o qual o dinheiro foi enviado. Depois, a orientação é registrar um boletim de ocorrência e, por último, caso haja algum problema com o banco, abrir uma reclamação no Banco Central, relatando o ocorrido.
“Caso a vítima não consiga restituir o valor diretamente com o banco, é possível ingressar com uma ação judicial lastreada no Código de Defesa do Consumidor para buscar o ressarcimento”, explica Henrique Salvati Beck Lima.
Assessoria