Após meses do início da pandemia e da busca incessante pela vacina por parte da indústria e dos centros de pesquisa em diferentes partes do mundo, estamos nos aproximando de um novo cenário no Brasil. Com o início da vacinação em vários países e o trâmite para aprovação por parte da Anvisa para a vacinação no Brasil, os olhares passam a se concentrar em outro dilema: os planos de vacinação e, consequentemente, de distribuição em um país tropical, com dimensões continentais.
Com isso, além de garantir a compra de doses, o ano de 2021 carregará consigo um novo e grande desafio às esferas governamentais: estabelecer uma cadeia logística ágil e que considere todas as características bioquímicas dos imunizantes, através da conservação da temperatura ideal, com o objetivo de garantir a eficácia de um Plano Nacional de Vacinação.
“Apesar de o Brasil ter vasto conhecimento acumulado a respeito de transporte da cadeia fria, sabemos que a vacina para COVID-19 foi desenvolvida em tempo recorde e agora precisamos garantir que todos os elos da cadeia de distribuição cumpram com os requisitos das Boas Práticas de Transporte, qualificando seus sistemas até a administração no paciente final”, comenta Liana Montemor, Diretora Técnica e de Estratégia Cold Chain do Grupo Polar e Líder do Comitê de Logística Farmacêutica da Abralog.
“A corrida pela vacina dos últimos meses foi também compartilhada por nós, técnicos, para garantir abastecimento do mercado da cadeira fria, soluções eficazes e treinamento técnico para atuantes no recebimento das vacinas até nos postos de saúde”, explica Liana sobre novos produtos já desenvolvidos para esse novo cenário complexo, em que o imunizante exige alta refrigeração e controle extremo de temperatura.
É importante saber que as descobertas contra a COVID-19 também trouxeram consigo uma nova plataforma de vacinas, como é o caso da desenvolvida pela Pfizer, que exige temperatura extremamente mais baixa e alta precisão de controle. Outras ainda que mais tradicionais, como a da Astrazeneca, contudo, também exigem controle preciso, não podendo ter oscilação de temperatura fora de 2º e 8º C.
“É um cenário bastante desafiador e por isso novas soluções figuram de maneira protagonista nessa equação, afinal a manutenção da temperatura das doses, do momento em que elas saem dos laboratórios até serem, enfim, aplicadas é determinante para a eficácia”, completa Liana, que recentemente aplicou treinamento para técnicos da Anvisa e alguns governos estaduais, e afirma que profissionais e mercado devem focar em imunizar a população e não apenas vacinar — por isso o olhar detalhista para a manutenção de temperatura.
Tecnologia, investimento e sustentabilidade em foco a favor da imunização
Especialista em soluções Cold Chain para o mercado nacional, o Grupo Polar (SP) já investiu R$ 2 milhões em compra de equipamentos e matéria-prima, a fim de garantir estoque e rodar na maior capacidade a qualquer momento. Isso para que possa disponibilizar, por exemplo, gelo seco e um dos mais recentes lançamentos, o primeiro elemento térmico nacional (não-gelo) desenvolvido para assegurar a manutenção térmica de itens que precisam de temperaturas negativas, o Super Cold®, um Phase Change Material (PCM).
O gelo seco, tradicionalmente usado para esse tipo de transporte, pode ser nocivo para os operadores e transporte aéreo quando manipulado em grande quantidade, pois quando sublimado elimina gás asfixiante. As embalagens para transporte, especialmente no caso da vacina da COVID-19, são itens igualmente determinantes na manutenção da temperatura.
Olhando para uma ação nacional desta complexidade, insistimos na necessidade de garantir o controle da temperatura, o que deve ser realizado por meio de testemunhas eletrônicas (dataloggers) embutidas dentro das embalagens e programadas para emitir comunicação com uma central, caso a temperatura oscile mais do que deve”, comenta a especialista da Polar ao dizer ainda que a combinação de novas formulações de PCM, como o Super Cold®, alcançam temperaturas de até 80ºC negativos.
Outro ponto de atenção alertado pela equipe especializada do Grupo diz respeito ao armazenamento das doses de vacina nos postos de saúde que, da mesma maneira que no transporte, é determinante que haja geladeiras qualificadas para manutenção de temperatura, bem como treinamento de pessoal para medição ao longo de todo o processo até a aplicação em si.
Assessoria