Morreu na madrugada desta segunda-feira, 04, o empresário iguaçuense Wilson Eckhardt, vítima da Covid-19. O empresário estava internado no Hospital Ministro Cavalcanti e morreu por volta das 2h de hoje. Apesar de estar internado devido a doença, no último exame realizado já não foi detectado o novo coronavírus, dessa forma o corpo foi liberado para realização do velório.
Wilson Eckhard era proprietário do Foz Presidente Hotel e foi um dos fundadores do Sindhotéis, o Sindicato Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Foz do Iguaçu e Região. O empresário é o segundo do setor hoteleiro a falecer em Foz do Iguaçu nos últimos dias. No sábado, 02, a cidade também perdeu o empresário Santo Salvatti, também por complicações da Covid-19.
O Foz Presidente Hotel emitiu uma nota de pesar nesta segunda lamentando a morte do empresário:
Nota de Falecimento
O Foz presidente hotel comunica o falecimento do Sr Wilson, ocorrido nesta manhã de segunda-feira. Sr Wilson foi Presidente do Sindhoteis e é um de seus fundadores. *A comunidade hoteleira lamenta maís essa inestimável perda Mais tarde daremos mais informações
Memória Wilson Eckhardt: Administração como receita de sucesso
Wilson Eckhardt
5º presidente
Gestão 1983-1984
Natural de Erechim (RS), Wilson Eckhardt teve sua formação acadêmica, em 1972, em Contabilidade, na cidade natal. Três anos depois, formou-se em Ciências Econômicas pela Faculdade Fundação de Estudos Sociais do Paraná em Curitiba. Veio a Foz do Iguaçu em 1972 para compor a sociedade do Foz Presidente Hotel, a convite de seu tio Erico Werminghoff.
Durante os cinco primeiros anos na sociedade, Wilson “ia e voltava” para administrar o hotel. Deixou sua família e os trabalhos nas funções de contador em um escritório, professor de faculdade e administrador de supermercado e loja de departamentos.
Já em 1977, optou por vir definitivamente a residir na cidade juntamente com sua família: a esposa, Lourdes Maria Eckhardt, e as filhas Andrea, Juliane e Daniele. Em 1983, nasceu sua filha mais nova, Renata Eckhardt.
Seu tio faleceu em janeiro de 1981, e assim Wilson seguiu administrando o hotel. À frente do empreendimento, manteve-se sempre íntegro e disciplinado, com foco no futuro. O empresário comandou todas as ampliações, adequações e melhorias no negócio.
Instalado na Rua Xavier da Silva, o Foz Presidente Hotel I contava com cerca de 30 hospedagens; posteriormente foi ampliado para 89 quartos, lembra Lourdes Maria. Em 1985, Wilson deu início à construção do segundo hotel, na Rua Marechal Floriano Peixoto (hoje, Foz Presidente Comfort). Atualmente, a empresa possui mais de 220 apartamentos.
Lourdes Maria afirma que a organização do marido tornou mais fácil o investimento na ampliação do hotel, pois foi possível obter empréstimo para custear as obras. Ela ressalta a gestão do companheiro nos hotéis. “Wilson era patrão e amigo, gostava de ensinar e criava vínculos. Temos vários funcionários que trabalham no hotel há mais de 20 anos, como o Sebastião, a Irene, o Davi, o Edson, o Luís, a Yolanda e a Ivone. Até hoje eles vêm visitar o meu marido em casa”, revela.
Em 2003, Wilson adoeceu e afastou-se da administração dos hotéis, período que culminou com a crise econômica brasileira e a drástica redução do número de sacoleiros na região e também de turistas e visitantes que compravam mercadorias do Paraguai. Com o afastamento do pai, o gerenciamento dos hotéis passou para as filhas Andrea e Juliane, juntamente com os sócios Rose Werminghoff e Hamilton.
O sindicato
Wilson Eckhardt foi presidente do Sindhotéis em 1983 e 1984. Mesmo antes de integrar a direção da entidade, mantinha participação ativa nas reuniões e ações do sindicato e defendia a união dos hoteleiros em defesa das causas de interesse coletivo. “Se o pessoal não for unido, as mudanças não acontecem. Wilson cativava e unia as pessoas, nunca via os demais hoteleiros como concorrentes, e sim como parceiros em prol ao bem comum da comunidade. Queria ver todo mundo crescer”, conta Lourdes Maria.
Durante a gestão dele, o Sindhotéis obteve da Prefeitura de Foz do Iguaçu a transferência dos terrenos para a construção da sede própria. Tal conquista veio com a Lei Municipal 1.111, de 9 de dezembro de 1981, assinada pelo então prefeito Clóvis Cunha Vianna. A área doada totalizava 1.977,24 metros quadrados.
Lourdes Maria lembra que o marido também reivindicava maior divulgação, diversificação dos atrativos, qualificação do atendimento e investimentos em infraestrutura. O trade turístico conseguiu a implantação do serviço de informação ao turista na entrada da cidade.
De acordo com ela, outras bandeiras de Wilson Eckhardt à frente do sindicato foram a mobilização de hoteleiros e proprietários de restaurantes pela construção do Centro de Convenções e o aumento da cota para compras na fronteira. O espaço para exposições e convenções tornou-se realidade anos mais tarde, e a cota foi fixada em US$ 300, o dobro do valor pretendido pelo governo da época.
Segundo o jornal Nosso Tempo, de 7 de junho de 1985, “o prefeito Wádis Benvenutti e os presidentes da ACIFI (Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu), Nelson Domareski, e do Sindicado de Hotéis e Similares de Foz do Iguaçu, Wilson Eckhardt, estão enviando expediente às autoridades governamentais do país propondo o aumento no limite do valor em dólar para compra de produtos no Paraguai e Argentina, via Foz do Iguaçu. A proposta se baseia no feito de que a elevação de 150 para 300 dólares proporcionará um grande aumento do fluxo turístico, sem com isso trazer prejuízos para o Brasil”.
Turismo
Daniele Eckhardt, filha de Wilson, conta que o pai vislumbrava o turismo de compras sendo substituído por uma visitação sustentada. O tempo mostrou a correção do diagnóstico feito pelo hoteleiro, com a expansão da atividade turística na cidade. “Com o tempo, foi aumentando o número de turistas, visitantes que vêm para conhecer os atrativos, que circulam por Foz do Iguaçu”, enfatiza.
A realidade dos hotéis da família é apresentada por Daniele para comprovar o momento de crescimento vivido pelo turismo na região. “Recebemos turistas estrangeiros, como argentinos, uruguaios, muitos deles vindo em grupos e excursões. Também hospedamos pessoas que são clientes desde o começo do hotel”, revela. A clientela vem de vários estados brasileiros e também de todo o Paraná.
Renata Eckhardt, a caçula, conta que, mesmo nos dias de hoje, os funcionários mais antigos do hotel relembram a grandeza e sensatez de liderança que Wilson pleiteava em sua empresa, visando sempre ao crescimento e engajamento dos profissionais, reconhecendo as boas condutas e apoiando a melhoria e excelência de serviço. Qualidade esta que vai muito além. Ele também era conhecido como “conselheiro” de muitos outros hoteleiros da cidade.
Wilson sempre foi um visionário do ramo. Aproveitou as oportunidades para estruturar e, juntamente com seus companheiros, iniciar um processo de planejamento estratégico usufruído até hoje. Um de seus legados, que foram escritos em agendas e gravações: “A mão de obra é a grande riqueza da cidade, precisamos esculpi-la como uma pedra preciosa”.
DIRETORIA – GESTÃO 1983-1984
Wilson Eckhardt | Presidente |
Homero Girelli | 1º Vice-Presidente |
Esoani Portes | 2º Vice-Presidente |
Pedro Grad Roth | 1º Secretário |
Newton Parodi | 2º Secretário |
Névio Morello Rafagnin | 1º Tesoureiro |
João Antunes de Oliveira | Conselho Fiscal |
Santo Salvatti | Conselho Fiscal |
Ricardo Prescinotti | Conselho Fiscal |
Delegados representantes | Raul Boes |
Júlio César Gomes de Oliveira | |
Wilson Eckhardt |
Com informações do Sindhotéis