O programa Contraponto – A voz do povo discutiu nesta sexta-feira, 20, o aumento de casos de Covid-19 em Foz do Iguaçu. Participaram do programa o Promotor Público Dr. Marcelo Mafra, o Diretor do Hospital Municipal, Professor Sérgio Fábriz e o Secretário de Saúde, Giuliano Inzis.
O promotor criticou a atuação do município na fiscalização. Segundo ele, houve um relaxamento da população, que não está mais seguindo as orientações de segurança sanitária para evitar a proliferação do vírus, sobretudo os estabelecimentos comerciais, que não estão cumprindo o termo de responsabilidade. “A população perdeu o medo, aliado a campanha eleitoral nesse período, as pessoas foram para a rua, reuniões, churrasco, mas isso tudo, nem sempre os cuidados são observados” salientou.
Porém, ele pontua que o município deixou de fiscalizar, principalmente os estabelecimentos comerciais. “Não é difícil de observar, sobretudo nos fins de semana, em uma série de incongruências em estabelecimentos comerciais, que destonam do termo de responsabilidade sanitária firmados voluntariamente por eles, e o município tem feito vistas grossas em relação a isso” disse.
Falta de leitos
Mafra comentou que com a falta de cuidados da população, os casos de Covid-19 aumentaram na cidade e isso está refletindo na ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Para o promotor, a preocupação se estende além dos casos de coronavírus, pois houve redução no número de leitos para outras comorbidades.
“Eu me reuni com o Diretor do Hospital Municipal (Sérgio Fabriz) e ele me informou que para aumentar o número de leitos de Covid-19 foram remanejados 10 leitos de UTI geral” informou. “Que Deus nos guarde de qualquer tragédia, um acidente com ônibus com muitas vítimas, qualquer coisa que fuja da normalidade, por que nós vamos mandar para onde esses pacientes?” questionou.
Custo do Hospital
Além disso, Mafra ponderou que os gastos do Hospital Municipal tiveram um aumento de quase 72% para o atendimento da Covid-19. “Antes da pandemia o hospital custava R$ 7 milhões mês, hoje está custando R$ 12 milhões de reais” informou.
A preocupação, de acordo com o promotor, é para o ano que vem, se os gastos não diminuírem. “O orçamento da saúde para o ano que vem é de 324 milhões de reais, se continuar gastando 12 milhões por mês, teremos um gasto R$ 144 milhões só no hospital” contabilizou.
Outro complicador destacado pelo promotor é a queda de arrecadação municipal. “Digamos que o município receba dos governos federal e estadual para o hospital 30 milhões por ano, ainda assim serão 110 milhões, é muito dinheiro, o município não tem perna para aguentar todo esse gasto” ponderou.
Mafra afirmou que até o momento o Governo Federal, mesmo tendo prometido recursos após a reabertura da Ponte da Amizade, até agora não enviou nada. Ele avalia que todos esses fatores irão impactar em todo o setor de saúde, principalmente na saúde básica. “Está ruim a saúde básica? Vai piorar, as filas de consultas, de procedimentos, isso tudo vai impactar, é um valor astronômico” exclamou.