O mercado de trabalho parece estar reaquecendo, mas, mesmo assim, para os jovens (18 a 24 anos) o cenário ainda é bastante preocupante. A grande crise do Covid-19 potencializou o desemprego entre eles e a taxa foi 16,4 pontos percentuais superiores em relação à população em geral, no segundo trimestre deste ano, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (PNAD), divulgada em 30 de outubro.
Nesse sentido, a desocupação para a faixa etária atingiu 29,7% contra 13,3% para a média geral. Desde o início da pesquisa, em 2012, nunca havia se registrado um indicador tão elevado. Logo, chegamos a um grande ponto divergente no país: a juventude sem experiência não consegue uma oportunidade no universo corporativo e os indivíduos de mais idade e com vasta prática são “descartados”.
Diante dessa situação delicada, os adolescentes, em especial, enfrentam maiores dificuldades para a manutenção dos gastos pessoais e intelectuais. Assim, a falta de chances para o grupo confronta diretamente a educação, pois em nosso país, a maioria dos estudantes precisa trabalhar para pagar a faculdade, por exemplo. Segundo a pesquisa “Juventude na escola – por que frequentam?”, feita pelo Ministério da Educação (MEC), Organização dos Estados Interamericanos (OEI) e a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), quase 60% dos alunos, entre 15 e 29 anos, em algum momento de suas vidas precisaram conciliar o trabalho com a escola.
Por isso, ao afetar o sistema laboral, os impactos se alastram. Posso citar como exemplo a sequela na aprendizagem diante do aumento na inadimplência nas instituições de ensino superior em São Paulo. O último levantamento do Semesp – Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo – apontou a elevação de 71,1%, só na primeira quinzena de abril.
A evasão escolar também traz gastos ao país. Esse fator gera perda de 372 mil reais por ano e estima-se uma despesa de 214 bilhões de reais, anualmente, para o Brasil. Isso equivale a 3,5% do PIB. Ou seja, é uma perspectiva alarmante tanto para a educação, quanto para a economia.
Portanto, como sempre digo e reforço: a alternativa para esse problema é a permanência e a inserção dos nossos jovens nas entidades por meio do estágio. Afinal, ele receberá uma bolsa-auxílio ajudando-o na manutenção financeira do seu aprendizado. Além disso, a carga horária é reduzida, máxima de seis horas diárias e 30 horas semanais. Isso os permite organizar a rotina entre a corporação e a sala de aula.
Para as empresas também é um benefício, pois o estágio não gera vínculo empregatício. As companhias ficam isentas de encargos trabalhistas, tais como 13º salário, ⅓ sobre férias, FGTS e INSS e eventual multa rescisória.
Portanto, essa é uma modalidade criada para inserir e manter nossos adolescentes nas organizações. Faça parte desse projeto e vamos juntos lutar pelo Brasil!
Carlos Henrique Mencaci é presidente da Abres – Associação Brasileira de Estágios.
Sobre a Abres
A Associação Brasileira de Estágios é a maior entidade de representação de agentes de integração do país, ou seja, empresas responsáveis pela seleção e gerenciamento de vagas de estágio. A instituição tem como objetivo promover e divulgar a modalidade junto às comunidades do Brasil, estimulando a formação profissional de jovens talentos. Também executa ações para fortalecer os agentes de integração e a inserção de estudantes no mercado de trabalho.
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