A APP-Sindicato/Foz apresentou denúncia ao Ministério Público do Paraná (MP-PR) em que questiona o processo de militarização de escolas públicas estaduais na região. Oito instituições de ensino em Foz do Iguaçu, Medianeira, Santa Terezinha de Itaipu e São Miguel do Iguaçu figuram na proposta do Governo do Paraná que prevê a alteração para o modelo de “colégio cívico-militar”.
Nessa primeira ação, a entidade denuncia que a gestão estadual quer militarizar instituições que não atendem aos requisitos da legislação, que foi proposta e regulamentada pelo próprio governo. Conforme o Artigo 13 da Lei Estadual nº 20.338/2020, para ser “colégio cívico-militar” o estabelecimento de ensino não pode oferecer curso noturno.
Na região, sete colégios que poderão ser militarizados mantêm alunos no período da noite. São eles: Carmelita de Souza Dias, Costa e Silva e Ipê Roxo, em Foz do Iguaçu; Angelo Benedete, em Santa Terezinha; Nestor Victor dos Santos, em São Miguel do Iguaçu; e Naira Fellini e Tancredo de Almeida Neves, em Medianeira.
“Denunciamos à promotoria a pretensão do governo de militarizar escolas que estão fora dos critérios que ele mesmo impôs”, cita o diretor da APP-Sindicato/Foz, Silvio Borges. “Outras ações contra a militarização estão em andamento, propostas e estudadas pelo sindicato e também por outras instituições”, explica.
“O mais importante, porém, é que a sociedade, mães e pais percebam que os alunos das famílias mais pobres, que trabalham e estudam à noite, serão os primeiros prejudicados por esse sistema”, assevera. “É um modelo escolar que exclui a população e privatiza o espaço público, utilizando recursos que são de todos”, reflete Silvio.
Segundo levantamento do sindicato, representante dos educadores da rede estadual, mais da metade (54%) das escolas selecionadas pelo governo para a militarização não atende aos requisitos. Dos 216 colégios da lista, 117 ofertam ensino noturno, o que veda a militarização, conforme a lei que instituiu os “colégios cívico-militares”.
O Colégio Tarquínio dos Santos, de Foz do Iguaçu, não oferece ensino à noite, mas não se enquadra em nenhum dos outros requisitos da lei. Localizada na região da Vila Yolanda, a instituição não tem predominância de estudantes em vulnerabilidade social, tampouco apresenta baixos índices de fluxo e rendimento escolar.
Educação de jovens e adultos
No pedido à 15ª Promotoria, a APP-Sindicato/Foz ressalta que os colégios iguaçuenses Costa e Silva e Ipê Roxo, além de curso noturno, possuem Educação de Jovens e Adultos (EJA), mantida gratuitamente para a comunidade. Essa modalidade de ensino também é ofertada pelo CEEBJA de São Miguel do Iguaçu, com atendimento vespertino e à noite, nas instalações do Colégio Nestor Victor dos Santos, que poderá ser militarizado.
(APP-Sindicato/Foz)