Desde o início da pandemia, a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) tem sido um importante ator no combate à Covid-19 em Foz do Iguaçu. De forma conjunta com a Prefeitura, a Universidade atua – por meio de seus professores, alunos e técnicos – em várias frentes de trabalho, oferecendo atendimento qualificado e gratuito para a população do município. Hoje, quase cinco meses após a confirmação do primeiro caso, já é possível quantificar o impacto dessas ações na cidade.
A principal estratégia para a atenção em saúde durante o período de pandemia é por meio do Plantão Telefônico Covid-19 e da Telemedicina, que oferecem atendimento e acompanhamento remoto, evitando deslocamentos desnecessários e a sobrecarga dos serviços de emergência com casos leves. Os serviços foram implantados por meio de uma parceria entre a UNILA, a Secretaria Municipal de Saúde, a Secretaria Municipal de Tecnologia da Informação e a Fundação Municipal de Saúde.
De março a julho, foram 12.612 atendimentos telefônicos. Destes, apenas 1.877 (18,6%) precisaram ser encaminhados para o atendimento presencial. Já na Telemedicina, foram registrados 4.564 atendimentos, entre consultas a sintomáticos respiratórios e acompanhamento diário de pacientes com Covid-19.
De acordo com a infectologista e docente do curso de Medicina da UNILA, Flávia Trench, os serviços possibilitam a detecção precoce de sinais de agravamento de pacientes. “Isso permite encaminhá-los para atendimento ou internação precoce. Considero que essa ação foi decisiva para determinar as baixas taxas de letalidade da Covid-19 em nossa cidade, muito inferiores às registradas no estado do Paraná (2,45%), no país (3,80%) e no mundo (4,26%)”. Conforme o boletim desta terça-feira (4) da Vigilância Epidemiológica, o índice de letalidade da doença era de 0,93%.
O serviço do Plantão Covid-19 é realizado por meio de uma central telefônica instalada no Hospital Municipal e que opera 24 horas por dia e sete dias por semana. Mais de 170 alunos e cinco docentes do curso de Medicina trabalham, em regime de revezamento, oferecendo orientações sobre sintomas e prevenção da Covid-19. No Plantão Covid-19 é possível emitir atestados de isolamento, notificar casos suspeitos, agendar coleta de exames e informar os resultados. Os casos que precisam de mais atenção são encaminhados para a Telemedicina, serviço que é operado por 13 médicos da rede pública de saúde. “A Telemedicina permitiu, ainda, que colegas médicos com risco para adoecimento grave pela Covid-19 permanecessem atendendo pacientes de forma virtual, dando, assim, a sua contribuição para o combate desta pandemia”, acrescentou Flávia, que coordena o projeto de teleatendimento.
Para o aluno Luiz Felipe Gomes da Silva, do sétimo período de Medicina, atuar no Plantão Covid-19 mostrou a importância do trabalho coletivo entre os profissionais da saúde. “Participar de ações de contenção da doença em Foz, no Plantão Telefônico, tem sido gratificante ao olharmos os números epidemiológicos da cidade e notarmos a importância desse serviço e em como ele impactou a população. Atender, por telefone, é desafiador e exige de nós capacidade técnica de entender o paciente sem vê-lo, e fazer isso, no momento em que vivemos, vai ser um aprendizado para a minha atuação médica futura”, disse.
No laboratório, mais de 10 mil exames para detectar Covid-19
O trabalho também tem sido intenso no Laboratório de Biologia Molecular, montado no Hospital Municipal em parceria com a UNILA. Na última semana, a equipe do laboratório processou o exame de número 10 mil de detecção da Covid-19. Na terça-feira (4), a contagem de exames de RT-PCR, considerado o padrão-ouro no diagnóstico do novo coronavírus, já estava em 11.407.
A professora Maria Leandra Terencio coordena a equipe do laboratório. São 13 pessoas entre docentes e alunos dos cursos de Biotecnologia e Medicina, além de quatro servidores técnico-administrativos da Secretaria de Apoio Científico e Tecnológico (SACT) da UNILA. O grupo trabalha, em regime de revezamento, exclusivamente na análise de amostras de pacientes suspeitos de Covid-19, das 9h à 1h da manhã. “Essa atuação só reforça ainda mais o compromisso e a responsabilidade social dos alunos e servidores da UNILA. Temos uma equipe incrível que não mediu esforços nas ações de combate à pandemia em Foz do Iguaçu”, elogiou.
A docente diz que fazer todas as etapas do exame – da coleta às análises – no ambiente hospitalar aumenta ainda mais a qualidade do resultado. “A gente percebeu que a presença do laboratório ofertando esse exame no Hospital Municipal ajudou na logística e no atendimento para o paciente de Foz do Iguaçu. Atualmente, todo paciente que chega com sintoma respiratório faz o exame no próprio hospital, e as amostras vão imediatamente para o laboratório, sem necessidade de transporte, o que aumenta a qualidade do material”, explicou Maria Leandra. O laboratório prioriza exames de pacientes internados e casos mais graves. Mas, de modo geral, todos os resultados de exames saem em, no máximo, 48 horas.
Além da contribuição para a comunidade de Foz do Iguaçu, o Laboratório de Biologia Molecular vem sendo um importante aliado para a capacitação profissional dos alunos do último período de Biotecnologia, que têm a oportunidade de acompanhar todas as etapas do exame RT-PCR. A estudante Nathalia Luana Cecchet começou o estágio no laboratório no mês de junho, período em que Foz do Iguaçu registrou o maior número de casos de Covid-19 e o laboratório chegou a receber 500 amostras por dia. “Eu atuo em dois processos principais: extração do material genético das amostras recebidas e detecção do vírus pelo método RT-PCR. O aprendizado prático desses conceitos tem sido muito enriquecedor para minha experiência e crescimento profissional. Além disso, acredito que a contribuição dos estudantes tem sido fundamental, visto que nos expomos todos os dias em prol de um objetivo maior”, disse.
Assessoria