Educadores da rede estadual do Paraná integram o debate nacional que defende a deflagração de greve para evitar o retorno às aulas durante a pandemia de covid-19. O objetivo é impedir que governadores e prefeitos decidam sobre a retomada presencial das atividades letivas enquanto houver risco à saúde da comunidade escolar.
De acordo com a APP-Sindicato/Foz, entidade que representa professores e funcionários de nove cidades da região, a orientação da confederação nacional de sindicatos de trabalhadores é para a preparação da greve. Na avaliação da categoria, não há indicadores técnicos de controle da pandemia para a volta segura das aulas.
No Paraná, o governo anunciou que as aulas nas escolas estaduais poderiam retornar em setembro. Logo em seguida, a Secretaria de Estado da Educação e Cultura (Seed) fez circular um protocolo com procedimentos para a retomada do ano letivo em sala de aula. Não há aval da saúde para retorno.
“A saúde de educadores, estudantes e suas famílias está acima do calendário escolar. Para nós, o normal é preservar vidas”, expõe a secretária de Comunicação da APP-Sindicato/Foz, Danielli Ovsiany Becker. “Estamos acompanhando esse debate, que ocorre em todo o Brasil, por paralisação caso sejam impostos retornos prematuros às aulas e avaliando com nossa base”, frisa.
Para a dirigente sindical, o Governo do Paraná utilizou o Comitê de Volta às Aulas, colegiado instituído para discutir o tema, na tentativa de criar um fato consumado. “Se apropriou do debate que vinha sendo acumulado a fim de determinar um prazo para a volta às aulas presenciais, sem qualquer garantia ou estudo da área de saúde”, expõe Danielli.
Para a educadora, a pauta da volta às aulas envolve saúde coletiva e deve ser debatida, de forma efetiva, com trabalhadores da educação, alunos, pais e mães. “A vida não é monopólio do estado. Temos o direito de decidir. Falamos de 2,5 milhões de pessoas que poderão voltar a circular, usar ônibus e se encontrar em espaços comuns e de proximidade”, pontua.
Momento incerto
Na avaliação dos educadores, o quadro atual da pandemia é incerto. Há exemplos no país de localidades em que a transmissão do novo coronavírus parecia controlada, mas que voltaram a registrar alto número de pessoas infectadas. “Nosso estado retrata esse contexto. Há menos de um mês estavam em vigor medidas restritivas”, aponta a diretora da APP.
O boletim epidemiológico dessa terça-feira, 4, mostra que o Paraná acumula 81.814 diagnósticos positivos e 2.106 mortos por covid-19. Em 24 horas, foram 1.832 novas confirmações e 78 mortes pela infecção provocada pelo novo coronavírus, revelou o levantamento do setor de saúde.
(APP-Sindicato/Foz)