Autoridades do Brasil e do Paraguai, em diálogo sobre a reabertura da Ponte Internacional da Amizade, contam com propostas de segurança, prevenção e controle reunidas no “Protocolo sanitário binacional para a retomada econômica da região trinacional do Iguassu”. Consensual, o documento foi elaborado por lideranças empresariais, da sociedade civil organizada e de órgãos públicos de Foz do Iguaçu e Ciudad del Este.
O documento prevê a abertura gradual da ponte, em três fases, começando pela liberação da circulação para moradores da fronteira, em veículos com até 50% da capacidade de ocupação. A comunidade fronteiriça deverá apresentar comprovante de residência e poderá cruzar a via diariamente, das 6h às 18h. O transporte de cargas deverá ser feito das 18h às 6h.
Na segunda etapa, o protocolo prevê ampliação dos horários e flexibilização do trânsito de pedestres. Por último, autoriza o fluxo de não moradores e turistas. O estudo fixa perímetro inicial de segurança sanitária compreendendo Foz do Iguaçu (Brasil) e as localidades de Ciudad del Este, Presidente Franco, Hernandarias e Minga Guazú (Paraguai).
“A portaria do governo federal brasileiro, que restringe o acesso às fronteiras, já garante o trânsito para os fronteiriços, os moradores das áreas de fronteira”, expõe o presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Foz do Iguaçu (Codefoz), Mario Camargo. “Para isso acontecer, é preciso que haja reciprocidade, no caso, garantida pelo Governo do Paraguai.”
Camargo defende a breve reabertura da Ponte da Amizade, a fim de frear os danos sociais e econômicos causados por seu fechamento, em março. “Em documento ao governo de seu país, empresários e lideranças de Ciudad del Este citam ‘perdas multimilionárias’ e estoques inteiros que não têm mais valor de mercado. Isso destrói empregos, causa aumento da miséria e instabilidade à fronteira”, assevera.
Reabertura segura e responsável
Para a reabertura da Ponte Internacional da Amizade, as cidades da fronteira deverão atuar de forma integrada, mediante ações sanitárias e investimentos para o atendimento à população. Entre as medidas propostas estão a identificação de pessoas sintomáticas, testagem com retorno rápido da análise e isolamento.
A estrutura sanitária bilateral sugerida às autoridades deverá ter capacidade de realizar até 700 testes de covid-19 por dia, sendo 500 do lado brasileiro e 200 do paraguaio, com resultados entregues em até 24 horas. A coleta está prevista em ambos os lados da Ponte da Amizade, mediante apoio do Centro de Medicina Tropical da Tríplice Fronteira.
“Esse protocolo foi elaborado de forma técnica, por meio de um trabalho cuidadoso realizado desde maio, seguindo a realidade epidemiológica das cidades da fronteira e as normas preconizadas pelas autoridades de cada país”, expõe o presidente da Câmara Técnica de Saúde do Codefoz, Dr. Valter Teixeira. “Temos condições de fazer o controle sanitário da nossa fronteira de forma integrada”, completa.
O médico ainda informa que o documento prevê dispensadores de álcool gel e recursos para a correta eliminação de resíduos biológicos. Também deverá ocorrer, entre Brasil e Paraguai, compartilhamento de informações consideradas relevantes para o combate da pandemia e uso da mesma tecnologia e procedimentos durante a realização de testes.
“Apresentamos aos governos os requisitos necessários e adequados para a reabertura segura e responsável da Ponte da Amizade, do ponto de vista técnico”, pontua. “Outras medidas poderão ser incorporadas durante o debate, como base na evolução do quadro, que é muito dinâmico”, ressalta Dr. Valter Teixeira.
(Codefoz)