Educadores são contra o protocolo da Secretaria da Educação e do Esporte (Seed) que prevê a volta das aulas presenciais na rede estadual do Paraná. Para a APP-Sindicato, que representa a categoria, o governo planeja retomar as atividades em sala de aula durante a pandemia sem parecer ou estudo técnico da área de saúde.
Segundo os profissionais da educação, as informações resumidas levadas pelo governo ao Comitê de Volta às Aulas não podem ser consideradas suficientes para a tomada de uma decisão segura e responsável. A medida permitirá a circulação de 2,5 milhões de estudantes e professores, da rede básica à universitária, no momento em que a transmissão de covid-19 está acelerada no estado.
Conforme o boletim epidemiológico dessa quinta-feira, 30, o Paraná totaliza 72.696 casos de covid-19 e 1.839 mortos. As cidades-polo têm a necessidade de abrir novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com frequência, e a Secretaria de Estado da Saúde admite falta de medicamentos para determinados procedimentos no tratamento da doença.
“É inadmissível promover a volta às aulas sem estudo técnico do setor de saúde”, ressalta o presidente da APP-Sindicato/Foz, Diego Valdez. “Uma decisão sem embasamento é uma irresponsabilidade. É preciso tempo maior para o debate e mais elementos técnicos, além do envolvimento direto da comunidade escolar nessa decisão”, defende.
Para o dirigente sindical, além de não ter sustentação técnica, a proposta contradiz a própria gestão estadual. “O governo pede que a população faça o esforço para permanecer em casa, pois o distanciamento é a principal forma de contenção do novo coronavírus. Mas pretende fazer com que 2,5 milhões de pessoas passem a ter contato próximo na escola. Nós, educadores, não avalizamos isso”, frisa.
Governo impõe responsabilidade aos pais
O Governo do Paraná pretende impor a volta às aulas, mas quer que mães e pais assumam a responsabilidade do risco. A Secretaria da Educação planeja exigir a assinatura de um termo de responsabilidade da família. “Isso demonstra não haver segurança nesse retorno e que o estado irá eximir-se dos efeitos causados pela sua própria decisão”, enfatiza Diego.
Para o educador, as populações mais pobres, com menos condições de acompanhar as aulas remotas, e as mães e os pais que trabalham e não têm com quem deixar seus filhos serão obrigados a aceitar o ensino presencial. “Isso é muito cruel com as famílias e os estudantes. Terão de colocar a saúde sob risco e ainda responsabilizar-se por isso”, conclui Diego Valdez.
Realidades regionais
Para o presidente da APP-Sindicato/Foz, ao planejar a retomada das aulas presenciais durante a pandemia, o governo não considera as particularidades regionais. Há estágios diferentes da covid-19 nas cidades paranaenses, assim como é diversificada a infraestrutura e o sistema público de saúde instalado para combater a doença.
“Como autorizar que nossos estudantes frequentem a escola utilizando o transporte público de Foz do Iguaçu nas condições em que ele se encontra?”, questiona Diego Valdez. “Como dizer que um professor poderá ir com segurança à aula se na cidade em que mora não tem sequer um hospital para atendê-lo caso fique doente?”, completa.
Fonte: APP/Foz