Foz do Iguaçu iniciou o enfrentamento da Covid-19, em março, com 30 leitos de UTI específicos para pacientes com a doença. Esse número quase dobrou no último mês para atender o crescimento da demanda, e hoje são 55 leitos. Em 21 de junho, quando ainda eram 30 leitos, a taxa de ocupação era de 63,3% – 19 pacientes estavam internados em UTIs. Em 26 de julho, com 55 leitos, a taxa de ocupação era maior, chegando a 85% – 47 pacientes internados.
As informações sobre a taxa de ocupação das UTIs e a evolução no número de leitos passaram a fazer parte, nesta terça-feira (28), do Painel Covid-19 elaborado por um grupo de pesquisadores da UNILA e disponível desde o dia 10 de julho. O Painel apresenta ainda um histograma, um gráfico de média móvel de casos ativos e uma linha do tempo com as principais decisões e ações do município no enfrentamento da Covid-19.
Os acréscimos de leitos de UTI, que estão instalados no Hospital Municipal Padre Germano Lauck e Hospital Ministro Costa Cavalcanti, foram feitos em etapas (essa evolução pode ser acompanhada na Linha do Tempo disponível no Painel). Cada aumento de leitos correspondeu a uma taxa de ocupação muito próxima de 100%.
A primeira ampliação foi feita no dia 29 de junho, com o acréscimo de cinco leitos. No dia anterior, a taxa de ocupação era de 93% (28 dos 30 leitos estavam ocupados). Em 5 de julho, a ocupação chegou a 100% e, no dia seguinte, mais cinco leitos foram acrescidos à rede de atendimento. No dia 10 de julho, houve novo acréscimo de cinco leitos.
Mesmo assim, a taxa de ocupação permaneceu nos 80%. No dia 16 e 17 de julho, mais dez leitos de UTI são acrescentados ao sistema de saúde, baixando a taxa de ocupação para a casa dos 70%. No entanto, uma nova subida na ocupação foi registrada no dia 23, quando 46 dos 55 leitos estavam ocupados (84%). “Desde então, a taxa de ocupação de leitos tem oscilado entre 85% e 89%, índice que não tem acompanhado a queda na média móvel de casos ativos”, destaca Elaine Della Giustina Soares, coordenadora do trabalho, que é realizado por pesquisadores de diferentes áreas, para estudar os dados em relação à Covid-19 em Foz do Iguaçu.
“Todo mundo trabalha com a taxa de ocupação. Só que essa taxa, ao longo do tempo, foi mudando muito em razão do aumento no número de leitos. Quando se divulga a informação de que a taxa de ocupação teve queda, isso dá a falsa impressão – e eu já vi muita gente comemorando – de que realmente houve redução. Agora, essa ocupação está estabilizada, mas a necessidade continua grande”, comenta. “Não sabemos até quando os leitos serão ampliados. O problema vai ser o dia em que o índice chegar a 100% e não tiver suplementação”, preocupa-se a pesquisadora.
Outro gráfico, também elaborado pelo grupo de trabalho, embora não esteja disponível no Painel, é mais uma ferramenta para auxílio na análise da ocupação de leitos, exemplificando diferentes cenários. “A linha amarela, por exemplo, demonstra que, se não houvesse a ampliação de dez leitos nos dias 16 e 17 de julho, a taxa de ocupação estaria acima de 100%”, explica Elaine.
O Painel utiliza dados abertos, disponibilizados pela Prefeitura de Foz do Iguaçu em seu boletim diário sobre os casos de Covid-19. “Uma questão que dificulta a previsão da ocupação de leitos de UTI é que, além de não sabermos a capacidade máxima de ampliação, trabalhamos com os dados de Foz, e a ocupação de leitos de UTI compõe-se de casos locais e de outras cidades”, ressalva Elaine.
O trabalho de construção do Painel teve início em maio e é o segundo estudo do Grupo de Trabalho de Projeções da UNILA a ser divulgado. A equipe reúne profissionais e pesquisadores das áreas de Saúde Coletiva, Medicina, Epidemiologia, Biologia, Comunicação, Geografia, Física e das Engenharias. Com os estudos, o GT pretende fornecer informações científicas à população de Foz do Iguaçu e auxiliar na tomada de decisões das autoridades do município. O GT de Projeções faz parte de uma das nove ações institucionais de enfrentamento da Covid-19, promovidas pela UNILA com o apoio da comunidade externa.
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Fonte: Unila