O pedófilo que fez pelo menos 60 vítimas no Distrito Federal afirmou aos delegados que cometeu o crime em todas unidades da Federação, “só não se recorda do Acre”. A informação foi dada pelo delegado-chefe da 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga), Josué Ribeiro. Segundo ele, as investigações podem tomar uma proporção tão grande que não está descartada a possibilidade de enviar para os estados de origem todas as denúncias que estão chegando.
“Precisamos aguardar as conversas de outros dois perfis que já identificamos para saber o tamanho desse caso”, diz Josué.
Outra dúvida que pode ser tirada com o acesso às conversas que o criminoso manteve com crianças e adolescentes é descobrir se havia uma rede de pedofilia por trás do homem ou se o acusado agia sozinho. Os alvos tinham entre 11 e 14 anos.
“Segundo ele contou, em determinado momento, descobriu-se bissexual e criou esse perfil de mulher [por meio do qual iniciava a conversa com as vítimas]. Com a facilidade de conversas com meninos, ele diz que descobriu também prazer em ver esse conteúdo”, explica o chefe da investigação.
Estupro virtual
Segundo a delegada Elizabeth Frade, que coordenou as apurações na 12ª DP, já existem elementos suficientes para enquadrar o pedófilo também no crime de estupro de vulnerável em ambiente virtual. “Ele não recebia apenas as fotos. Também ameaçava divulgar nas redes sociais, fazer uma exposição em grande escala”, conta.
As exigências ficavam cada vez maiores. De acordo com a investigadora, vídeos enviados por crianças mostram que o pedófilo tinha a intenção de se satisfazer. “Obrigava os jovens a colocar objetos no ânus, se tocar…”, lista Elizabeth.
O que se sabe é que o pedófilo nunca mostrava a real identidade. Mesmo quando enviava vídeos aos garotos enganados, passava-se por outra pessoa. “Provavelmente já usava conteúdo que tinha conseguido em outras oportunidades”, destaca a delegada.
Dificuldade em conseguir depoimentos
Uma vez que nenhum dos pais dessas crianças sabiam o que estava acontecendo, uma investigação paralela tem ocorrido na 12ªDP para achar os responsáveis por essas vítimas “Ouvimos poucos até agora por causa disso”, completa Josué Ribeiro.
Mais cedo, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves (na foto em destaque, com os delegados Ribeiro e Elizabeth), esteve na delegacia para conhecer detalhes da apuração, que, segundo ela, servirá de modelo para desvendar casos similares registrados em todo o país. O ministério pretende lançar campanha de alerta aos pais sobre a possibilidade de os filhos serem aliciados por pedófilos na internet.
Veja imagens:
O caso
O suspeito foi preso pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) acusado de pedofilia. Segundo investigação da 12ª DP, o acusado fez, pelo menos, 60 vítimas com idades entre 11 e 14 anos somente na capital do país.
A investigação teve início após uma ocorrência ser registrada na 12ª DP contra o homem. De acordo com a PCDF, ele teria usado uma rede social para manter conversas sexuais com um adolescente de apenas 13 anos, morador de Taguatinga.
O criminoso foi preso no interior do Maranhão. Para conseguir a confiança das vítimas, o pedófilo se passava por uma menina jovem e estimulava os adolescentes a se relacionarem virtualmente com ele.
Ainda conforme a PCDF, o suspeito “exigia que os arquivos contendo nudez e pornografia infanto-juvenil mostrassem os rostos das vítimas”. Algumas vítimas chegaram a cogitar suicídio, temendo que vídeos e fotos íntimas fossem vazadas na internet pelo criminoso.
Além dos adolescente do Distrito Federal, o suspeito também atuou em outros estados, segundo a polícia. O nome do homem não foi divulgado em respeito à Lei de Abuso de Autoridade – a própria PCDF borrou imagens do caso distribuídas à imprensa – e para não atrapalhar o prosseguimento das apurações.
A PCDF divulgou os perfis, caso os pais reconheçam e queiram contribuir com as investigações: https://www.instagram.com/henriquezandoo/ e https://www.instagram.com/tasampaio__/.
Em nota, o Instagram afirmou que colabora com as investigações da Polícia Civil. “O Instagram não tolera esse tipo de comportamento ou o compartilhamento de conteúdo que traga exploração sexual infantil em sua plataforma”, disse a empresa.
Fonte: Metrópoles