Foz do Iguaçu/PR – Setor de Perícia Criminal da Polícia Criminal ganha destaque no mundo. O caso do roubo da Prosegur, em Ciudad del Este/PY, ocorrido em 2017, recebe reconhecimento internacional, ganhando o prêmio de primeiro lugar no “DNA Hit of the Year”.
DNA Hit of the Year é um programa global projetado para reconhecer o valor da tecnologia de bancos de dados de DNA (Perfis Genéticos) para resolver e prevenir crimes. É patrocinado pela Gordon Thomas Honeywell (GTH-GA), a maior autoridade mundial em política de DNA forense, legislação e direito.
Através da avaliação dos casos com coincidências (hits) entre perfis genéticos através de bancos de dados de DNA, o DNA Hit of the Year tem a intenção de trazer reconhecimento aos bancos de dados para que as vítimas de crimes recebam a justiça que merecem.
O prêmio também é destinado a reconhecer a extraordinária dedicação e trabalho árduo de peritos criminais em Genética Forense e investigadores criminais que usam bancos de dados de perfis genéticos para levar justiça às vítimas do crime.
O “roubo do século”. Foi assim que o assalto à empresa de transporte de valores PROSEGUR em Ciudad del Este, Paraguai, em 24 de abril de 2017, tornou-se conhecido. Assaltantes, fortemente armados e com explosivos, roubaram cerca de US$ 11,7 milhões.
O roubo teve diversos desdobramentos, veículos abandonados, rotas de fuga em direção ao Brasil, locais de tiroteios, prisões de suspeitos e um imóvel usado como “quartel general” pelos criminosos. Vestígios e materiais de referência de suspeitos foram coletados por peritos criminais federais, com o objetivo de obter perfis genéticos para abastecer o Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG) em busca de coincidências (matches) e eventual identificação das fontes dos perfis. Todos os materiais foram encaminhados ao Laboratório de Genética Forense da Polícia Federal.
A investigação culminou na coleta de 457 vestígios, tornando-se o maior caso já recebido pelo laboratório de Genética Forense da Polícia Federal. Ao final do processo, mais de 580 amostras foram obtidas e analisadas pelo laboratório, a maioria delas nos primeiros 10 dias desde o recebimento dos materiais. Somente no”quartel general”, foram coletados mais de 300 vestígios, o que resultou em 34 perfis genéticos diferentes, incluindo 8 que correspondia ao perfil de suspeitos. Bolsas e roupas abandonadas em um local de tiroteio resultaram em 4 perfis diferentes, incluindo 2 que coincidiram com outros presos. Materiais coletados em veículos resultaram em outros 8 perfis diferentes. Destes, 2 corresponderam a perfis de suspeitos. Muitos perfis idênticos detectados entre os locais relacionados e suspeitos que foram identificados em até 3 locais diferentes. Ao todo, 47 perfis foram inseridos nos Bancos Federal e Nacional de Perfis Genéticos (BFPG e BNPG), 11 deles com fontes identificadas. No BNPG, 14 perfis coincidiram com outros de cenas de crime não relacionadas, com mais 3 indivíduos identificados. Essas coincidências ligaram o assalto à PROSEGUR no Paraguai a crimes em 7 estados brasileiros diferentes entre 2013 e 2019.
Os resultados do DNA mostraram que pelo menos 47 indivíduos participaram do crime, com 14 identificações baseadas em perfis genéticos, até o momento. O DNA também possibilitou ligar esse crime contra a Prosegur no Paraguai a roubos e assassinatos nos estados do Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Piauí, Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, em localidades separadas por até 3.000 Km.
Foram mais de 70 casos de 20 países; 7 juízes internacionais; Top 7 finalistas: Austria, Brasil, California, Dubai, Massachusetts, New York e South Africa. O caso brasileiro premiado será apresentado no Human Identification Solutions (HIDS) Virtual Conference.
CS/DPF/Foz do Iguaçu