O Paraná registra indicadores preocupantes no início da semana em que deve alcançar a marca de 10 mil pessoas infectadas pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2): aumento no número de casos e de óbitos, recorde no número de internados, 51% de taxa de ocupação dos leitos de UTI exclusivos para enfrentar a doença, queda na faixa etária média dos diagnosticados e mais de 75% das cidades com registros da Covid-19.
Ao mesmo tempo o Estado mantém a menor taxa de incidência de casos por 100 mil habitantes do País e a quarta menor taxa de mortalidade dentro da mesma regra populacional, atrás apenas de Mato Grosso do Sul, Minas Gerias e Santa Catarina. O Paraná tem a 12ª maior taxa de letalidade (proporção entre o número de mortes e o número total de doentes) do País, com 3,4%, ao lado de Alagoas.
O Estado chegou a 95 dias de pandemia (desde os primeiros casos, em 12 de março) com 9.583 casos e 326 óbitos, de acordo com o boletim epidemiológico publicado no domingo (14) pela Secretaria de Estado da Saúde. A doença já atingiu 302 cidades no Paraná.
SEMANA EPIDEMIOLÓGICA
A análise da semana epidemiológica 24 (07 a 13 de junho) mostra que a média diária de casos e de óbitos aumentou em relação à semana 23 (31 de maio a 06 de junho). A média de novos casos por dia foi de 384 na semana 24, 301 na semana 23 e 213 na semana 22. A de óbitos foi de 10,1 na semana passada, 8,8 na semana anterior e 4,1 na última semana de maio.
A circulação do novo coronavírus aumentou 27% no Paraná na última semana. A diferença é entre os 2.111 casos da semana epidemiológica 23 e os 2.691 da semana 24. No mesmo quadro houve aumento de 13% no número de óbitos, de 62 para 70. A pesquisa da semana epidemiológica leva em consideração a data do diagnóstico do caso ou do óbito e é alterada com frequência nos boletins conforme a identificação de novos registros.
As macrorregiões que registraram maior quantidade de casos novos foram Norte (48%), Leste (27%) e Noroeste (23%). A primeira pulou de 389 para 574 novos casos em sete dias, a segunda de 814 para 1.035 e a terceira de 306 para 377. A incidência aumentou 17% na região Oeste, de 602 diagnosticados com a doença para 705.
Entre a semana 22 (de 34 a 30 de maio) e a semana 23 houve crescimento de 42% no número de casos, e a maior incidência foi na região Noroeste (54%). O número de casos vem aumentando desde a semana 19 (03 a 09 de maio) e o de óbitos desde a semana 22.
Uma análise sobre a evolução diária dos casos e óbitos no mesmo período mostra aumento inferior de casos diagnosticados (23,9%), de 2.129 (semana 23) para 2.638 (semana 24), e crescimento superior (53,8%) em relação às mortes, de 52 para 80. Esse índice é a base dos informes epidemiológicos no Paraná e leva em consideração a quantidade de confirmações em 24 horas.
Nesse indicador, a média de novos casos por dia ficou em 376 na semana passada, contra 304 nos sete dias anteriores. Foram 11,4 mortes por dia na semana 24, contra 7,4 na semana 23.
EVOLUÇÃO
Outra análise do boletim epidemiológico deste domingo (14) mostra como a doença evoluiu lentamente nos primeiros meses da pandemia, mas passou a crescer mais rapidamente nos últimos dias. Foram 15 dias até alcançar 100 casos e 38 dias até 1.000 casos. Na semana passada, o Paraná alcançou mais de 600 novos diagnósticos em um único dia. O Estado também bateu mais de 500 casos em outros três dias.
Essa síntese mostra que a doença dobra no Estado em intervalos espaçados de uma a três semanas. Foram 15 dias até o Paraná alcançar 102 casos (26 de março), mais seis dias até 224 casos (1º de abril) e mais quatro dias até 439 casos (05 de abril), quando havia 10 óbitos confirmados. Depois foram mais 10 dias até 804 casos (15 de abril), mais 21 dias até 1.627 casos (06 de maio), mais 18 dias até 3.212 casos (24 de maio) e mais 13 dias até 6.604 casos (06 de junho), quando havia 232 óbitos.
Em relação aos óbitos a evolução é similar. Foram dez dias até atingir 10 óbitos (de 27 de março a 05 de abril), mais quatro dias até 23 óbitos (09 de abril), mais seis dias até 40 óbitos (15 de abril) e mais 14 dias até 82 óbitos (29 de abril). O salto até 162 casos foi de 28 dias (27 de maio) e até 326 mais 18 dias (14 de junho).
CIDADES
A doença alcançou 302 cidades do Paraná. Algumas regionais de Saúde já registram casos em todos os municípios de sua área de cobertura, como Paranaguá (1ª), Foz do Iguaçu (9ª) e Cianorte (13ª), e outras concentram casos em 80% ou mais das suas cidades, como Curitiba e Metropolitana (2ª), com 89%; Irati (4ª), com 88%; União da Vitória (6ª), com 88%; Pato Branco (7ª), com 80%; Cascavel (10ª), com 92%; Paranavaí (14ª), com 82%; Londrina (17ª), com 85%; Cornélio Procópio (18ª), com 80%; Jacarezinho (19ª), com 81%; e Telêmaco Borba (21ª), com 85%.
Os bolsões com menos casos no rol de cidades ficam na regional de Ivaiporã (22ª), com apenas 37%, e Umuarama (12ª), com 47%.
Ainda na divisão regional, Curitiba e RMC (2ª) concentram 3.102 casos confirmados, com 1.030 recuperados e 129 óbitos, maior registro absoluto. A segunda região em incidência é a de Cascavel (10ª), com 1.320 casos, 242 recuperados e 21 óbitos, e a terceira é a de Londrina (17ª), com 1.100 casos, 318 recuperados e 59 óbitos.
A regional de Saúde de Cianorte é a que concentra o maior coeficiente de incidência de casos por 1 milhão de habitantes do Paraná: 241. É seguida por Cascavel (239) e Cornélio Procópio (181). O coeficiente de mortalidade pela mesma proporção populacional é maior em Londrina (6,1) e Paranavaí (5,8). Em ambos os casos a incidência é menor do que a média nacional e maior do que a estadual.
NACIONAL
Segundo dados do Ministério da Saúde, o Paraná tem a menor taxa de incidência do novo coronavírus do País, índice que se mantém há algumas semanas. O coeficiente paranaense é de 83,8, contra 125,4 da Região Sul e 412,9 do Brasil. A taxa de mortalidade sobre a mesma base populacional é de 2,9 no Paraná, mesma da Região Sul e distante do indicador nacional, de 20,6.
A taxa de letalidade do Paraná é a maior do Sul do País, de 3,4%, contra 2,4% no Rio Grande do Sul e 1,5% em Santa Catarina. O melhor indicador é do Mato Grosso do Sul (0,9%) e o pior do Rio de Janeiro (9,6%). A média nacional é de 5%.
IDADE
O boletim demonstra que a população economicamente ativa ainda é a mais afetada pelo coronavírus, conforme evolução desde o começo dos registros no Paraná. Entre 22 de abril (data em que essa métrica foi inserida nos informes) e 8 de junho, a evolução foi percentualmente mais rápida entre os mais jovens e a população adulta na comparação com os idosos.
Já são 258 casos entre bebês e crianças até 9 anos e 383 entre jovens de 10 a 19 anos. Entre zero e 19 anos o salto foi de 1.645% entre 22 de abril e 8 de junho, de 35 para 611 casos. Essas faixas etárias representam 6,3% dos 9.583 casos no Paraná.
O estudo mostra que 7.450 casos da Covid-19 são de pessoas entre 20 e 59 anos (população adulta), o que representa 77,7% do total. Os casos escalaram 1.082% entre pessoas com 20 a 29 anos (de 147 para 1.739); 888% entre 40 e 49 anos (de 200 para 1.977); 835% entre 30 a 39 anos (de 242 para 2.265); 653% entre 50 e 59 anos (de 195 para 1.469); e 516% entre pessoas com mais de 60 anos (de 242 para 1.492).
Esse crescimento contínuo da circulação da doença na população adulta e infantil ajuda a justificar a queda na média da faixa etária dos infectados no Paraná, que já está em 41,9 anos, menor índice desde o começo desse registro.
INTERNAMENTOS
Segundo o boletim, 419 pessoas continuam internadas (181 em UTI e 238 em enfermarias) no Paraná. É o maior número de internados com diagnóstico positivo da série histórica do informe epidemiológico, na soma de casos graves e moderados.
O recorde anterior foi atingido na última quinta-feira (393) e a última semana epidemiológica inteira manteve média acima dos 300: 382 no sábado, 376 na sexta-feira, 375 na quarta-feira, 317 na terça-feira, 307 na segunda-feira e 357 no domingo. A média da semana 24 foi de 358, contra 318 na semana 23.
A marca de 200 internações foi atingida pela primeira vez no dia 22 de maio, com 223 pacientes. No dia 15 de maio, na metade do mês passado, eram 175 internados. Na semana anterior, dia 7 de maio, o número era de 134, e no dia 1º de maio havia 137 pacientes internados. No dia 17 de abril, quando a métrica começou a aparecer nos boletins, eram 144.
São 3.044 pessoas já recuperadas (31,8%).
LEITOS
Apesar desse cenário, o Paraná ainda mantém taxa controlada de ocupação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para adultos, atualmente de 51%, e de enfermarias, também para adultos, de 35%.
Em relação a UTIs e enfermarias, o maior índice de ocupação está na macrorregião Oeste, que abriga Cascavel, Pato Branco e Foz do Iguaçu, entre outros municípios, com taxas de 66% e 42%, respectivamente.
A taxa de ocupação de UTIs pediátricas é de 27% e de enfermarias pediátricas de 20%.
ÓBITOS
O Paraná já perdeu 215 homens e 111 mulheres para a doença. A média de idade é de 67,8 anos. Segundo os dados estatísticos, 66% tinham algum tipo de comorbidade (hipertensão, diabetes, cardiopatia, doença pulmonar, obesidade, doença renal crônica) e 34% eram saudáveis. Quase 80% eram brancos e o grau de escolaridade variado, com predominância de pessoas com ensino médio completo.
Os óbitos já alcançaram 26,8% municípios do Paraná (107 dos 399). Todas as regionais de Saúde já contabilizaram óbitos pelo novo coronavírus, 19 delas com casos em mais de uma cidade da sua área de cobertura.
Segundo o informe epidemiológico, 1.507 paranaenses morreram por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), entre elas a Covid-19, nos cinco primeiros meses e meio do ano.
AEN