Desde o dia 20 de março as escolas particulares do estado passaram a adotar o sistema de aulas online. Foi a alternativa encontrada pelo Sindicato que representa a categoria, para atender ao decreto do Governo do Paraná, que restringiu as atividades devido à pandemia da Covid-19.
“Foi uma parada muito brusca. Bem difícil nas três primeiras semanas. Mas, aos poucos, fomos nos adaptando. Aulas remotas ao vivo, gravadas. Tudo foi novidade”, afirmou Esther Cristina Pereira, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Paraná (Sinepe) ao ser entrevistada pela repórter Sara Erthal para o programa ‘Assembleia Entrevista’, da TV Assembleia, em um bate-papo também no formato virtual, em função das medidas de isolamento social.
Esther citou que a escola sempre teve dois objetivos: o social e o pedagógico e tiveram que procurar ofertar o mesmo serviço do modo presencial no ambiente virtual e dialogar com as famílias dos alunos, que também precisaram se acostumar. “Tivemos que explicar aos pais que a ‘culpa’ não era nossa, mas da doença”, disse.
Até a questão emocional dos estudantes e pais tem sido alvo das gestões das escolas, já que a situação é nova para todos. “Não faz parte da cultura do brasileiro ficar trancado em casa. Por isso, o emocional foi muito afetado. De filhos e pais, que também têm recebido auxílio”, afirmou.
Para o funcionamento das aulas remotas, a Secretaria Estadual da Educação (SEED) enviou às escolas uma deliberação com orientações sobre duração e períodos das aulas. Há todo um regramento a ser seguido. “Temos que cumprir 800 horas-aula por ano. Estamos contando, não a partir de dias, mas de horas trabalhadas, respeitando o cronograma. Aulas que começavam às 7h e terminavam às 12h, no ambiente escolar, também começam e terminam nesses horários no ambiente virtual. Eu poderia dizer que a gente se reinventou”, justifica Esther.
Desafios recorrentes: prestação de serviços e mensalidade
Esther contou, durante a conversa, que o desafio do ensino privado é explicar aos pais dos alunos que há um contrato anual que precisa ser respeitado. “Eles subentenderam que a escola faria economia com a adoção do ensino remoto. E que, por isso, tinha a obrigação de baixar o valor das mensalidades. Mas não é assim. 70% dos nossos gastos são com pagamento de professores. E eles continuam trabalhando, mesmo que de casa”.
Segundo a presidente do Sinepe, a escola tem procurado ficar mais próxima da família, mantendo o diálogo. Também nesse sentido.
Não há uma legislação que promova o desconto na mensalidade. Por isso, famílias e escolas têm feito acordos. “Estamos orientando aos gestores para que conversem com os pais, conheçam a real situação financeira das famílias para tentar ajudar, dando descontos, por exemplo”, completa.
Retorno ao ambiente presencial
De acordo com a presidente do Sinepe, já se vislumbra um retorno gradual das aulas presenciais no fim do mês de junho, dependendo da curva da pandemia no Paraná. A ideia seria, em princípio, iniciar com os alunos que tenham pais em serviços essenciais. O objetivo é fazer com que os estudantes reaprendam a se comportar, literalmente, afinal, será necessária uma mudança de hábitos.
Para essa volta, as escolas já possuem um protocolo, que foi entregue para a Secretaria Estadual da Saúde (SESA). Os técnicos devem avaliar e orientar os gestores em relação aos procedimentos mais seguros. “O que eu posso garantir é que a rede privada de ensino está preparada. Já passamos por outros surtos, como H1N1 e Meningite. Álcool gel e salas ventiladas, por exemplo, já fazem parte da nossa rotina. O nosso desafio desta vez será o distanciamento, uso de máscaras, controle de higienização das mãos e limpeza e controle acirrado dos banheiros. Por isso, contamos com a SESA para referendar esses procedimentos”, ressaltou Esther.
Outra dúvida dos gestores, lembrou Esther, é, se os pais vão se sentir seguros para mandarem os filhos de volta para a escola. Por isso, a preocupação com os cuidados de higiene deverá ser intensificada.
Demissões
“O que nos preocupa mais nesse momento são as escolas de pré-vestibular e cursos de idiomas, onde os alunos podem interromper os contratos”, observa a presidente do Sinepe. Ela adianta que na área da educação infantil foram registradas muitas demissões, já que nesse setor não há uma deliberação do Conselho Estadual de Educação.
Os gestores perceberam, segundo a entrevistada, que muitas crianças estão migrando para a rede pública. E Esther questiona: “Será que o ensino público vai conseguir absorver essa demanda assim que as aulas presenciais voltarem?”
Outra preocupação é justamente com a questão financeira: “será que vamos conseguir manter a escola viva? Será que vamos sobreviver? Temos um compromisso com as famílias: entregar a elas o que prometemos no contrato: educação de qualidade”, concluiu.
Fonte: Assembleia Legislativa