Para o tráfico de drogas, a produção de maconha em escala internacional teve que ser adaptada à geografia nacional, suprindo assim os mercados consumidores de pelo menos cinco países. Dessa maneira, remessas de cannabis para a Bolívia e principalmente para o Brasil saem do norte da região leste, enquanto traficantes da Argentina, Chile e Uruguai obtêm a droga cultivada no sul do país e usam o rio Paraná como meio de fuga e de circulação.
Anteriormente, a produção de maconha estava concentrada nos departamentos de Amambay, Canindeyú e San Pedro, no Paraguai. Esses três departamentos monopolizaram o mercado brasileiro por décadas.
Embora a Argentina já estivesse estabelecida como o segundo país de destino, as remessas para lá não estavam atingindo o ritmo necessário para cobrir a demanda.
Assim, o cultivo se espalhou e passou a ser feito também nos departamentos de Caaguazú, Itapúa, Alto Paraná, Ñeembucú e Misiones. Embora os dois últimos não possuam plantações consideráveis, eles cumprem um papel fundamental para o envio de toneladas de maconha pela hidrovia Paraguai-Paraná e por cidades vizinhas da Argentina.
Assim, a região leste passou a ser responsável pelo mercado brasileiro enquanto a região sul passou a abastecer a Argentina e o Uruguai. Já o Chile, devido à distância e aos riscos, é o mercado que oferece o preço mais alto da região.
Nesse contexto, a Secretaria Nacional Antifrogas (Senad) realizou em 2019 cerca de oito grandes operações que exigiram a colaboração dos governos do Brasil e da Argentina. Essas operações em larga escala resultaram na destruição de cerca de 4.500 toneladas de maconha, que representam aproximadamente USD 137 milhões.
A “operação de integração”, realizada com a Argentina na Reserva Natural San Rafael, em Itapúa, deu origem a um trabalho interinstitucional realizado junto com o Ministério do Meio Ambiente e outras entidades, para enfrentar os danos causados pelo narcotráfico em áreas protegidas do país, uma vez que, de acordo com o levantamento da Senad, os traficantes de drogas buscam cada vez mais áreas arborizadas para o cultivo da droga, colocando em risco os parques nacionais do Paraguai.
Fonte: Crisloosecompartilha/Senad