Tradicional “capital comercial” do Paraguai, Ciudad del Este vive um “luto empresarial” devido ao fechamento da fronteira com o Brasil, de onde vem a grande maioria de seus turistas e dos clientes de seus estabelecimentos.
O mercado brasileiro é o destino de 95% a 97% do faturamento das empresas da cidade paraguaia, principalmente os referentes a produtos eletrônicos, bebidas, computadores, perfumes e roupas.
Juan Vicente Ramírez, vice-presidente da Câmara de Comércio e Serviços da cidade, a segunda maior do Paraguai, disse à Agência Efe nesta segunda-feira que não há solução para este “luto de negócios” antes de agosto ou setembro.
“Estamos fechados há 63 dias, a situação é muito grave e não há empresa que consiga sobreviver com 5% das vendas no mercado nacional”, disse Ramirez, destacando que as outras cidades fronteiriças paraguaias são mais dependentes do comércio interno, referindo-se a Salto del Guairá e Pedro Juan Caballero, ambas na fronteira com o Brasil, e Encarnación, vizinha da Argentina.
Segundo a Câmara, o comércio de Ciudad del Leste contava com cerca de 40 mil trabalhadores formais e 80 mil informais antes da pandemia.
Ramírez disse que alguns proprietários de shopping centers liberaram os empresários do aluguel “até a reabertura da fronteira” para aliviar o peso da quarentena. Ele advertiu que muitas lojas começaram a demitir funcionários mesmo assim, por calcularem que não vão conseguir arcar com os prejuízos até lá, já que foram informados pelas autoridades que a fronteira pode permanecer fechada até agosto.
“A opinião pública é contra a reabertura (da fronteira), além do fato de que o governo central decidiu tomar essas medidas (de isolamento), portanto não temos outra saída a não ser cumprí-las, mas isso está nos levando à falência”, declarou o empresário.
“Propusemos (às autoridades) uma reabertura controlada, com as medidas do protocolo de saúde, mas não foi aceita. A determinação foi de que tudo deveria permanecer fechado”, acrescentou.
O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez, reiterou nesta segunda-feira que “a última coisa” que vai acontecer na fase de gradual suspensão das medidas de isolamento é uma reabertura das fronteiras enquanto houver expansão da Covid-19 por Brasil e Argentina.