A Construção Civil foi incluída na última semana na lista dos serviços públicos e atividades essenciais durante a pandemia do novo Coronavírus no Brasil. O funcionamento do setor deve obedecer às determinações do Ministério da Saúde, conforme o decreto federal nº 10.342 assinado pelo presidente Jair Bolsonaro na quinta-feira (7).
De acordo com o decreto, “são serviços públicos e atividades essenciais aqueles indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, assim considerados aqueles que, se não atendidos, colocam em perigo a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população”.“Entendemos que a Construção Civil é uma atividade essencial, uma vez que a sociedade depende dela no seu dia a dia, como por exemplo as edificações, ruas e estradas pavimentadas, pontes, viadutos, redes de água e de esgoto, drenagem, barragens, portos, aeroportos, entre outros”, detalha o Engenheiro Civil Hélio Sabino Deitos, coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Civil do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR).
A importância do setor é primordial em diversos aspectos. “Imagine uma obra de pavimentação paralisada. Com a ocorrência de chuvas, você pode perder todo o trabalho. O mesmo acontece com um edifício ou outro tipo de obra paralisada. Além da depredação, pode haver corrosão da ferragem e outros problemas estruturais causados pela falta de continuidade dos serviços. E na atual situação, a construção de hospitais de campanha, reforma e ampliação de hospitais reforçam mais esta questão”, frisa o coordenador.
Segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), o setor movimentou R$ 230 bilhões em 2019, e representa 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, que foi de R$ 7,3 trilhões.
No Paraná, o setor da Construção Civil já havia sido considerado serviço e atividade essencial, que não pode ser interrompido, no decreto 4.317/2020 de 21 de março deste ano. Por esse motivo, os trabalhos seguiram o andamento de seus cronogramas.“Creio que poucas obras foram paralisadas no Paraná. As do Governo do Estado, onde trabalho, estão com os andamentos normais, principalmente da Secretaria do Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas”, comenta o coordenador.
Proteção redobrada
O Crea-PR, por meio da Câmara Especializada de Engenharia Civil, faz um alerta aos profissionais da Engenharia Civil para que, além de se proteger, redobrem os cuidados com os locais de trabalho, exigindo dos demais trabalhadores a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPIs) recomendados pelas normas, e reforcem a importância do uso de máscaras.
Entre as demais medidas de proteção, o coordenador da Câmara Especializada do Crea-PR cita: “é importante disponibilizar água e sabão para lavar as mãos e equipamentos dos trabalhadores, bem como distribuir álcool em gel 70% em vários locais da obra, além de evitar aglomerações, principalmente nos intervalos para refeições, procurando intercalar turnos de trabalho. Também é essencial fixar cartazes nas obras com informações sobre os cuidados e prevenção com relação à Covid-19, tanto no trabalho como no deslocamento e volta para as suas casas”, reitera o Engenheiro Civil.
Obras em andamento em Cascavel
Em Cascavel, na região Oeste, o setor da Construção Civil não parou neste período de pandemia. Pelo contrário, houve inclusive, um crescimento de 11,9% no setor neste primeiro quadrimestre em comparação com o mesmo período do ano passado. Dois Decretos Municipais, publicados em abril de 2020, permitem os trabalhos nos canteiros de obras na cidade, mas reforçam as orientações sobre as medidas de segurança.
De acordo com os decretos, estabelecimentos industriais e de Construção Civil devem intensificar os cuidados preventivos de combate à Covid-19 por meio de um Plano Interno de Contingência. As novas orientações tratam da entrada e saída de funcionários, da quantidade de profissionais na execução dos serviços, da flexibilidade e escalonamento no horário das refeições, troca de turnos e transporte dos trabalhadores.
No caso dos elevadores, que aglomeram pessoas, a nova orientação é que os trabalhadores evitem o seu uso e deem preferência para as escadas. “Só um operador fica no canto do elevador, mantendo a distância de dois metros, e se tiver que subir, sobe o material e, no máximo, um ajudante próximo à porta, longe da botoeira do elevador”. explica RobersonParizotto, Engenheiro Mecânico, inspetor do Crea-PR.
Sobre a importância dessas medidas protetivas, o Gerente do Crea-PR Regional Cascavel, Engenheiro Civil Geraldo Canci, reforça a responsabilidade dos Engenheiros Civis neste período de pandemia. “O Engenheiro é o responsável técnico pela obra, portanto, ele deve coordenar e orientar os trabalhadores sobre as normas de segurança e dos protocolos de higienização a serem seguidos”, observa.
O Engenheiro Civil Agnaldo Mantovani, acredita que a pandemia transformou o papel deste profissional em algo ainda mais nobre, mais digno e importante para as suas obras. “A este profissional recaem as responsabilidades do que é feito e também as consequências do que não é feito. E agora nós estamos vivendo um período novo em que o principal e mais temido dos riscos é o biológico, que também precisa ser administrado pelo Engenheiro”, diz Mantovani.
Ele destaca que o ambiente da Construção Civil é amplo e de muita interação entre as pessoas. “Isso transforma a obra em um grande ambiente laboral, sendo assim, todas as medidas profiláticas, que estão difundidas mundo afora para atenuação da propagação do vírus, devem estar contidas em todos os canteiro de obras em todos os municípios, com uma comunicação eficiente, mesmo que não esteja determinado por decreto”, sugere.
Mantovani lembra ainda que este novo cenário, para o Engenheiro Civil, aponta para a necessidade de uma nova habilidade. “O profissional precisa fazer com que o trabalhador retorne para sua casa com a sensação do dever cumprido e volte no dia seguinte para o trabalho sem a impressão de estar indo para um local de risco, ou ainda, sob a pressão de poder ser contaminado”, conclui.
Assessoria