A falta de alternativas para a reativação econômica e de uma projeção da extensão da quarentena traz incerteza a empresários e comerciantes da fronteira paraguaia. Algumas empresas mantém os funcionários à espera de uma retomada e outras decidiram aderir ao programa de suspensão temporária dos postos de trabalho e analisam o fim das atividades.
Em Cidade do Leste existem 4.7 mil comércios, de onde dependem cerca de cem mil pessoas. Ainda estima-se que mil trabalhadores informais estejam sem alternativa, principalmente guias de turismo e vendedores ambulantes.
Oscar Manuel Airaldi, empresário e assessor da Câmara de Comércio e Serviços de Cidade do Leste, considerou razoável a decisão de manter a fronteira fechada para evitar contágios pelo coronavírus de pessoas vindas do Brasil, mas advertiu que a falta de medidas em conjunto com a decisão pode dar lugar a uma “epidemia de fome”.
“Eu somaria à epidemia do coronavírus e a crise econômica, uma mais complexa, a pandemia da fome. Essa pode ser mais difícil, porque a pessoa que tem fome, tem coragem e, assim, nada a perder”, disse.
Airaldi salientou que a falta de previsão do governo sobre a possibilidade de uma reativação econômica impede que sejam tomadas decisões econômicas referentes a investimentos. O empresário sugere a implantação de lojas francas, projeto apresentado desde antes da pandemia.
Edgar Alonzo, presidente da Associação de Guias de Compra, contou que os trabalhadores da área estão vivendo de doações e se queixa da falta de assistência estatal, tanto municipal quanto nacional.
A ministra de Indústria e Comércio do Paraguai, Liz Cramer, confirmou que segue o plano de reativar alguns setores comerciais a partir do dia 25 de maio. Segundo ela, os protocolos para essa retomada já estão prontos, porém, salienta que precisa da liberação do Ministério da Saúde para que essa reativação aconteça de forma segura.