Wilson Leôncio de Melo, conhecido nacionalmente como “João Mulato”, morreu, aos 70 anos, na manhã desta segunda-feira (20), por conta de um câncer generalizado. O cantor estava internado no Hospital Estadual de Bauru desde a última sexta (17).
João Mulato nasceu em Passos (MG), mas morava em Bauru há 12 anos, no Parque Paulistano. O cantor descobriu a doença há um ano, aproximadamente. Desde então, vinha fazendo as sessões de quimioterapia para o tratamento.
No entanto, o quadro piorou na última sexta-feira e a internação foi necessária. “Ele não conseguia nem tocar”, relata Daniella da Silva Leôncio de Melo, 34 anos, filha do cantor.
Ela conta ainda que seu pai, João Mulato, não tinha muito estudo e que a maioria das letras de suas canções foi escrita por ele. “Um ídolo. O admirei até o último dia. Tivemos nossas diferenças como pai e filha, mas o respeito foi mútuo. Ele era artista e seus únicos e grandes amores foram a viola e a música, as quais ele se dedicou. Não admitiu erros. Por isso, suas músicas foram marcantes e seus arranjos, inesquecíveis”, finaliza.
Oneir Caçador, amigo do cantor há 40 anos e apresentador de um programa sertanejo, conta que João era perfeccionista e chegou a gravar cinco vezes a mesma entrevista. “Ele levava a sério a música sertaneja, um líder no segmento. Era tímido, falava pouco, mas representava uma grande bandeira da música raiz. Perdemos um grande pedaço (…) da música sertaneja”, conta.
Ícone do sertanejo raiz e conhecido por ser o primeiro violeiro canhoto a inverter a sequência das notas na viola caipira, João Mulato começou a sua carreira em 1970, ao lado de Domingos Miguel dos Santos, o Bambico, seu primeiro parceiro. O cantor já tocou ao lado de grandes nomes como Tião Carreiro, Tonico & Tinoco, Pardinho, entre outros.
Suas últimas gravações foram ao lado de Douradinho, com quem acumulou mais de 30 anos de carreira e lançou seu último álbum “Tudo a ver”, em 2012.